Lideranças do Talibã reuniu-se com representantes da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos nesta terça-feira (12/10) em Doha, capital do Catar. Ao mesmo tempo, líderes do G20 realizaram uma cúpula virtual, organizada pela Itália, para debater a situação no Afeganistão.
Foi anunciado que a UE dará 1 bilhão de euros em ajuda de emergência ao país. Segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a decisão é para evitar “um colapso humanitário e socioeconômico”.
Von der Leyen disse ainda que é preciso trabalhar “rápido” e que “o povo afegão não deve pagar o preço das ações dos talibãs. É por isso que o pacote de apoio afegão é para o povo afegão e os vizinhos do país, que foram os primeiros a lhes oferecer ajuda”, disse ela em comunicado oficial.
“Temos sido claros sobre nossas condições para qualquer compromisso com as autoridades afegãs, inclusive sobre o respeito aos direitos humanos. Até agora, os relatórios falam por si. Mas os afegãos, as pessoas, não deveriam pagar o preço das ações do Talibã”.
O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, disse que o bloco qyeria aumentar a ajuda direta ao povo afegão para evitar o “colapso”. “Não podemos ‘esperar para ver’. Precisamos agir, e agir rapidamente”, declarou Borrell.
Por sua vez, o Talibã afirmou que busca “relacionamentos positivos com o mundo inteiro”.
“Acreditamos em relações internacionais equilibradas. Acreditamos que tal relacionamento equilibrado pode salvar o Afeganistão da instabilidade”, declarou o ministro das Relações Exteriores do Talibã, Amir Khan Muttaqi, antes do encontro com os europeus e americanos.
Após a reunião virtual do G20 nesta terça-feira, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, disse que a comunidade internacional não pode ficar parada e assistir enquanto “40 milhões de pessoas caem no caos” porque não têm eletricidade e um sistema financeiro.
“Promessas quebradas”
Segundo as Nações Unidas, 18 milhões de afegãos dependem de ajuda humanitária. Isso significa quase metade da população. Além disso, 93% das famílias não têm comida o suficiente.
Nos últimos dias, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, fez um apelo para que o mundo possa “agir e injetar liquidez na economia afegã” para evitar o colapso econômico. Contudo, ressaltou que isso é diferente de reconhecer o Talibã como governo.
Guterres tem sido um crítico do goverbo extremista pelas “promessas quebradas” em relação à população feminina do Afeganistão. Desde sua volta ao poder, os líderes religiosos islâmicos impedem as mulheres de trabalhar e praticar esportes.
“Apelo veementemente ao Talibã para que mantenha suas promessas às mulheres e meninas e cumpra suas obrigações de acordo com os direitos humanos internacionais e o direito humanitário”, declarou Guterres, lembrando que “não há como a economia e a sociedade afegãs se recuperarem” sem a inclusão de mulheres.