Os alimentos orgânicos está em alta no mundo todo. Em 2020, mesmo com a pandemia, esse mercado cresceu cerca de 30% no Brasil, em comparação ao ano anterior, movimentando R$ 5,8 bilhões.
São mais de 22 mil unidades de produção de orgânicos cadastradas no Ministério de Agricultura, segundo informações da Associação de Promoção dos Orgânicos. Além dos pontos de venda especializados nesse segmento, já é possível encontrar uma sessão dedicada a orgânicos em grandes redes de supermercados.
Uma das referências nacionais no segmento de orgânicos é Joe Valle, proprietário da Fazenda Malunga, a 70 km de Brasília, e do Mercado Malunga, bastante conhecido no Distrito Federal. Formado em Engenharia Florestal, o hoje empresário trabalha com orgânicos há 30 anos, tendo se especializado no cultivo de alimentos saudáveis, cultivados sem agrotóxicos nem adubos químicos.
A Malunga oferece mais de três mil produtos nas cinco lojas próprias e seus produtos também podem ser encontrados em mais de 30 mercados do Distrito Federal. Quem entra num Mercado Malunga observa que ele valoriza seus fornecedores. Há placas indicando a procedência dos produtos, além da certificadora e do Estado de onde vieram.
Em entrevista ao Diplomacia Business, Valle falou sobre o mercado de orgânicos e por que esse tipo de produto tem atraído cada vez mais consumidores.
Perguntado sobre o que diferencia os produtos que têm o rótulo de ‘orgânico’ dos demais, comumente encontrados no mercado, ele explica que “o rótulo ou o credenciamento/certificação é a certeza de que o produto em questão passa por uma certificação de acordo com as normas brasileiras do Ministério da agricultura”. Além disso, comprova que “aquele produto que está certificado cumpriu as normas e a propriedade onde ele é produzido é auditada por uma certificadora credenciada no Ministério da Agricultura”.
Valle é um defensor da “produção sustentável” e acredita que isso é mais que um rótulo. “As pessoas estão cada vez mais preocupadas com sua saúde e a saúde do planeta. Elas exigem alimentos limpos que em sua cadeia produtiva tenha sido respeitada a lei e desejam que o alimento tenha uma série de atributos que, além do sabor, possa lhe trazer saúde e que garanta o não desobedecimento das leis ambientais na sua cadeia produtiva”, explica.
Joe Valle destaca ainda que essa perspectiva “tem trazido uma grande mudança na área de produção. Como exemplo temos a exigência da rastreabilidade para os hortifrutigranjeiros”.
Segundo alguns levantamentos, o mercado para alimentos orgânicos é um dos que mais cresce no mundo, cerca de 15% ao ano. O dono da Malunga acredita que isso se explica porque “as pessoas estão cada vez mais preocupadas com sua saúde e a do planeta”.
Embora a procura pelos alimentos orgânicos não seja tão popular no Brasil quanto em outros países europeus, ou os Estados Unidos, Villa lembra que “no Brasil já temos um comércio de orgânicos forte e grandes redes de supermercados têm demandado uma grande variedade desses produtos”. Por aqui esse nicho não cresce mais “pela falta de organização do setor produtivo”.
A fazenda Malunga tem convênios com a Embrapa e a UnB. Essas pesquisas influenciam a produção dos alimentos que chegam até os mercados. “São instituições de excelência e o contato com elas, por si só, já nos ajuda no desenvolvimento de nossos colaboradores. Os projetos de pesquisa nos ajudam na melhoria da produção e no atendimento integral de nossos clientes”, conta.
Envolvido com a produção de orgânicos há três décadas no Distrito Federal, ele vê a região como uma referência, em especial no que tange à organização dos produtores. “Temos um sindicato de produtores orgânicos, várias associações, cooperativas de comercialização. Temos um serviço de extensão rural preparado para dar assistência técnica na produção orgânica e temos também duas certificadoras por processo participativo aqui no DF”, finaliza.
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