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A Fiocruz, por meio da presidente Nísia Trindade Lima, tem acompanhado as discussões da 75ª Assembleia Mundial da Saúde (75AMS), que acontece em Genebra, na Suíça, de 22 a 28 de maio, sob o lema Saúde pela paz, paz pela saúde. Principal órgão decisório da Organização Mundial da Saúde (OMS), o espaço define a agenda em saúde global, a partir de decisões, acordos e colaborações que orientarão as estratégias em vistas a uma melhor saúde e bem-estar para as populações dos diferentes países. Eventos paralelos também reúnem autoridades em saúde de todo o mundo.
A presidente Nísia Trindade Lima participa das Assembleias desde 2017 e celebra o retorno aos encontros presenciais, primeiro desse tipo desde o início da pandemia. “Esse é um espaço em que resoluções fundamentais para a saúde global são deliberadas, além da troca dos encontros bilaterais do espaço que só o convívio presencial favorece no que se refere ao aprofundamento de conversas”, disse. A Fiocruz é uma das instituições de referência que compõem a arquitetura de saúde global, e tem como particularidade seu amplo escopo de atividades: pesquisa e desenvolvimento, assistência especializada e atenção primária, produção de insumos e imunobiológicos, educação e formação de profissionais e apoio a populações vulneráveis.
Nísia destacou as mensagens fundamentais da Fundação no evento. “São mensagens da ênfase na importância da CT&I, no investimento permanente nessa área, não só em tempos de pandemia, porque na pandemia foi essa base que permitiu as grandes respostas para o enfrentamento à crise e especialmente à possibilidade de salvar vidas”, explicou. Outro ponto realçado é a importância da produção local. “A autonomia tecnológica é um aspecto crucial e deve ser visto como parte dos sistemas de saúde e do seu fortalecimento; no caso do Brasil, como parte do fortalecimento do SUS”, disse. A promoção da equidade no acesso à inovação em saúde seria assim uma decorrência da autonomia tecnológica, por implicar maior rapidez e capacidade de resposta nas diferentes regiões do mundo.
Programa do Centro de Transferência Tecnológica da vacina de m-RNA
Um dos eventos paralelos de que a Fiocruz participou, representada pela sua presidente, foi um encontro de ministros do Programa do Centro de Transferência Tecnológica da vacina de m-RNA da OMS, organizado pela The Medicines Patent Pool, o Departamento de Ciência e Inovação da África do Sul e o Ministério de Negócios Exteriores da França, com suporte da OMS. O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) foi escolhido pela OMS/Opas em setembro passado para ser um dos hubs regionais de produção dessas vacinas. O Centro visa enfrentar a iniquidade global no acesso a vacinas e garantir a segurança sanitária por meio do aprimoramento da capacidade de produção de vacinas de m-RNA contra a Covid-19 de países baixa e média renda. O Centro também foi pensado para a difusão do desenvolvimento de outros produtos, vacinas e tratamentos a partir da tecnologia de m-RNA.
Ao lado de autoridades ministeriais, como a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, e o secretário de Vigilância em Saúde do Brasil, Arnaldo Medeiros, Nísia reafirmou o compromisso com a busca de um arranjo produtivo local. “Já existe a interação com o braço Argentino do hub, coordenado pela biofarmacêutica Sinergium Biotech. A busca de articulação adicional com Institutos e empresas da região já está sendo feita para a cadeia de suprimentos dos insumos críticos”, contou.
O secretário Arnaldo Medeiros reforçou a necessidade de se fortalecerem os sistemas nacionais de saúde em vistas de uma preparação mais efetiva para futuras emergências sanitárias. “Outro elemento indispensável diz respeito à expansão das capacidades produtivas nacionais e regionais , baseadas na promoção de investimentos e tecnologias, inclusive por meio da transferência tecnológica”, completou. E celebrou a escolha de Bio-Manguinhos/Fiocruz como hub para a produção de vacinas de m-RNA. “O Brasil tem a intenção de promover o acesso justo e equitativo a vacinas e outros produtos de saúde”.
Nísia acrescentou que, além da perspectiva regional, seria necessária uma perspectiva do Sul Global, do conjunto de países de baixa e média renda. A presidente lembrou a visita de profissionais de Bio-Manguinhos feita à Afrigen, hub da África do Sul, e ainda o desenvolvimento pela Fiocruz de uma das vacinas candidatas, baseada na plataforma de m-RNA. “Podemos compartilhar informações sobre processos, como fizemos recentemente na África do Sul, também a respeito da tecnologia específica da Fiocruz. Temos diferentes abordagens, mas o mesmo objetivo”, defendeu.
O evento consistiu em dois painéis ministeriais, moderados por Folly Bah Thibault, jornalista da Al Jazeera. O primeiro teve a participação, além de Arnaldo Medeiros e de Nísia Trindade Lima, de Stéphanie Seydoux, embaixadora da França para a Saúde Global, Tamara Mawhinney, ministro conselheiro e representante da Missão do Canadá nas Nações Unidas, Khaled Atef Abdel-Ghaffar, ministro da Educação Superior e Pesquisa Científica do Egito.
O segundo painel, por sua vez, contou com a presença de Marc Pecsteen de Buytswerve, embaixador da Bélgica no Escritório das Nações Unidas, John-Arne Røttingen, embaixadora da Noruega para a Saúde Global, Joseph Phaahla, Ministro da Saúde da África do Sul, e Petro Terblanche, diretora da companhia de biotecnologia sulafricana Afrigen, além de Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS.