A agência da ONU especializada em alimentação e agricultura, FAO, está chamando a atenção de governos de todo o mundo para a responsabilidade que têm em acabar com o desmatamento.
Especialistas afirmam que a medida ajudará a restaurar áreas degradadas e preparar os sistemas de produção alimentar para uma subida de 50% na quantidade de comida, a mais que em 2012, e atender ao aumento da população global até 2050.

Perda da biodiversidade
Os dados foram apresentados no relatório “Acabando com o Desmatamento das Cadeias de Valor Agrícolas: o Papel dos Governos” no Fórum Transformando Sistemas de Agroalimentos com as Florestas, em Roma.
Esta semana, ocorre em Roma a 26a. Reunião do Comitê de Florestas da FAO assim como a Semana Mundial de Florestas.
A agência da ONU lembra que a expansão agrícola já atinge quase 90% de desmatamento e as florestas têm que ser protegidas e gerenciadas, de forma sustentável, para ajudar a combater a mudança climática e a perda da biodiversidade.
O relatório mostra como o atual desafio pode ser traduzido numa oportunidade para transformar o sistema global de produção de alimentos ressaltando o papel central de governos nessa mudança.
O objetivo é eliminar o desmatamento até 2030 numa parceria de governos, da comunidade internacional e do setor privado para desacoplar o desmatamento da produção agrícola. Alguns exemplos são a produção de carne, soja, óleo de palmito, café, cacau, borracha e outros cultivos.

Pequenos produtores concentram 35% dos alimentos no mundo
A FAO recomenda que os governos criem condições para os agricultores de minimizar o impacto sobre as florestas e a biodiversidade.
O estudo também lembra que os pequenos produtores são responsáveis por 35% do alimento em todo o mundo, mas que quase sempre vivem na pobreza sem poder arcar com os custos ou interrupções sobre a forma como trabalham.
A Avaliação dos Recursos Globais da Floresta 2022 aponta uma perda de 420 milhões de hectares de floresta por causa do desmatamento desde 1990, e o desflorestamento segue apesar de uma redução de 12 milhões de hectares por ano entre 2010-2015 para 10 milhões de hectares entre 2015-2020.

Erosão do solo, prevenção de incêndios em terras secas
Os rebanhos de pastagem são muitas vezes considerados ameaças às florestas por causa dos danos à vegetação e da erosão do solo. Mas quando integrados, adequadamente, esses rebanhos podem ajudar a conter a desertificação.
Segundo o estudo “Pastando com Árvores”, explorado corretamente, o pasto de gado pode desempenhar um papel fundamental na restauração de terras degradadas com árvores, parando a desertificação e melhorando a prevenção de incêndios em terras secas.
Cerca de 25% da população global vivem em áreas secas que contêm metade do rebanho mundial e 27% das florestas do globo. É ali que quase 60% da produção mundial de alimento ocorre.
Para a FAO, quando rebanhos e árvores são bem gerenciados, tem lugar um sistema integrado agroflorestal que pode alavancar os ecossistemas e aumentar a segurança alimentar.
Deixe seu comentário