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A Embaixada da Noruega sediou nesta segunda-feira (12), o lançamento do Relatório de Avaliação da Amazônia, elaborado pelo Painel Científico para a Amazônia (SPA na sigla original, em inglês).
Odd Magne Ruud, embaixador do país no Brasil, comemorou o fato nas redes sociais.
A Embaixada da Noruega sediou o lançamento do Amazon Assessment Report 2021, elaborado pelo Painel Científico para a Amazônia. Veja mais em https://t.co/u0TWS5X5aH ou aponte o celular para o QR Code. @theamazonwewant pic.twitter.com/3ICDEQbXiD
— Odd Magne Ruud (@EmbaixadorNORBR) December 13, 2021
Esta é uma iniciativa inédita coordenada pela Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (SDSN). O SPA é composto por mais de 200 cientistas e pesquisadores proeminentes dos oito países amazônicos, além da Guiana Francesa e parceiros globais. Esses especialistas se reuniram em 2020 e 2021 para debater e analisar o conhecimento acumulado da comunidade científica sobre a Amazônia. .
O Painel, que está disponível online, é inspirado no Pacto de Letícia pela Amazônia. O primeiro Relatório de Avaliação da Amazônia é um documento inédito que, em 34 capítulos, fornece uma abrangente, objetiva, transparente e rigorosa avaliação científica do estado dos ecossistemas da Amazônia, a dinâmica social em torno deles e as tendências atuais e suas implicações para o bem-estar das populações amazônicas a longo prazo. O relatório aponta também oportunidades e opções políticas relevantes para a conservação e desenvolvimento sustentável da região.
O Relatório foi apresentado no mês passado em Glasgow, na Escócia, em um evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26). O documento alerta que a Amazônia está “se aproximando de um potencial e catastrófico ponto de não retorno, devido ao desmatamento, à degradação, aos incêndios florestais e às mudanças climáticas, e faz um apelo aos governos globais, líderes do setor público e privado, formuladores de políticas e ao público em geral para agir agora para evitar mais devastação na região”.
Segundo o SPA, esse é o mais detalhado e abrangente material do tipo sobre a Bacia Amazônica. Em seus 34 capítulos, fornece uma visão sistemática sobre o estado dos ecossistemas e dos povos da Amazônia e oferece aos formuladores de políticas públicas recomendações para a conservação desse ecossistema e caminhos para o desenvolvimento sustentável da região. Destaca, também, a importância da ciência, da tecnologia, da inovação, dos povos indígenas e do conhecimento local para orientar as tomadas de decisões e a formulação de políticas.
A estrutura do estudo é dividida em três partes. A primeira apresenta os fatores que determinaram a evolução da Amazônia para o que conhecemos hoje, incluindo aspectos geológicos, climáticos e humanos. A segunda seção discute como as ações antrópicas estão afetando o bioma. São abordadas questões como desmatamento, fogo e mudanças climáticas, no uso da terra e nos regimes de chuva, bem como seus impactos na biodiversidade, nos processos ecológicos, nos serviços ecossistêmicos e no bem-estar humano. O trabalho finaliza com a indicação de soluções e caminhos sustentáveis para o futuro.
À beira do colapso
A Bacia Amazônica engloba a maior floresta tropical do mundo e imensa riqueza e diversidade natural e cultural. Além de desempenhar um papel decisivo nos ciclos globais de água e regulação da variabilidade climática, a Amazônia também é lar de aproximadamente 47 milhões de pessoas, incluindo cerca de 2,2 milhões de indígenas, distribuídos em mais de 400 grupos que falam mais de 300 línguas.
Aproximadamente 17% da área original da Amazônia já foi desmatada e 18% está degradada (o que significa que pode até haver árvores de pé nestes locais, mas distúrbios como fogo e extração ilegal de madeira levaram ao empobrecimento da floresta, com perda de biodiversidade e redução de funções ecológicas, por exemplo). Estamos muito próximos do que alguns estudos apontam como o limite de 20% a 25% de mudança na cobertura vegetal do bioma – a partir daí, modelos teóricos indicam que a floresta não seria mais capaz de se recuperar.
O SPA recomenda, aos tomadores de decisão, uma moratória imediata do desmatamento em áreas que já se aproximam de pontos de não retorno e que seja zerado o desmatamento e a degradação em toda a região amazônica até 2030.
Apesar das constatações alarmantes, o relatório destaca o potencial de avançar caminhos para o desenvolvimento sustentável baseados em uma combinação de pesquisa científica e conhecimento de povos indígenas e comunidades locais, enfatizando a importância da colaboração e de alavancar parcerias fortes. É preciso esforços combinados e colaborativos de formuladores de políticas da Amazônia nos níveis central e local, dos setores financeiro e privado, da sociedade civil e da comunidade internacional.
O SPA destaca que o tamanho e os desafios da Bacia Amazônica exigem desenvolvimento financeiro internacional em grande escala e parcerias públicas e privadas para promover e sustentar a restauração, a conservação, o manejo florestal, o desenvolvimento de cadeias de valor sustentáveis e o pagamento por esquemas de serviços ecossistêmicos, assim como investimento em educação, ciência, tecnologia e inovação.
O apoio financeiro deve ser mobilizado junto às economias avançadas, garantindo que seu consumo esteja vinculado a áreas com desmatamento zero e preservando o papel das florestas como um importante sumidouro natural de carbono.