Ao longo do último ano, os preços do barrial de petróleo avançaram rapidamente. Primeiro para US$ 50, depois US$ 75 e agora já ultrapassa US$ 85. Semana passada, Vladimir Putin, presidente da Rússia e um dos líderes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (OPEP), alertou que US$ 100 era uma possibilidade.
Isso gerou uma reação no mercado e alguns bancos centrais decidiram subir os juros antes do esperado. Com isso, EUA, Índia, Japão e outros países consumidores passaram a fazer a maior pressão diplomática em anos sobre a OPEP e seus aliados.
Há uma intensa campanha para convencer a Opep+ a acelerar o crescimento da produção, conforme revelaram à Bloomberg vários diplomatas e integrantes do setor envolvidos. A reunião da Organizaçaõ, programada para 4 de novembro deverá revisar suas políticas, embora já venha aumentando a produção, em média, de 400.000 barris diários por mês.
O governo dos Estados Unidos se mostrou preocupado com o aumento do preço da gasolina para o maior nível em 7 anos e há semanas vem pedindo que a OPEP+ produza mais petróleo. “Estamos em uma crise energética”, resumiu Amos Hochstein, o principal diplomata dos EUA para o setor. “Os produtores precisam assegurar que os mercados de petróleo e gás estejam equilibrados.”
Por sua vez, o Japão, quarto maior consumidor mundial de petróleo, deicidu fazer sua primeira intervenção desde 2008. O governo japonês está “pedindo aos países produtores de petróleo do Oriente Médio que aumentem a produção”, afirmou Tsutomu Sugimori, presidente da Associação de Petróleo do Japão. “Esperamos que os países produtores de petróleo, incluindo a Opep, tomem as providências adequadas para não impedir a completa recuperação da economia mundial.”
A Índia, terceiro maior consumidor, também está pedindo publicamente um aumento na produção do combustível. De acordo com diplomatas, embora a China não tenha se pronunciado publicamente, trabalha nos bastidores por mudanças, asseguram os diplomatas.
O governo do Brasil, oitavo maior consumidor de petróleo do mundo, tem reclamado da alta e o presidente Jair Bolsonaro reuniu-se em Brasília com embaixadores de países produtores para tratar do tema.
Contudo, Arábia Saudita e outros países não dão indícios que vão fazer mudanças drásticas, por entenderem que o aumento mensal de 400.000 barris diários é suficiente para as demandas por petróleo em uma economia global que ainda sofre com as consequências da pandemia. O príncipe saudita Abdulaziz bin Salman, afirmou na semana passada: “Precisamos ter cuidado. A crise está contida, mas não necessariamente encerrada.”