Zimbábue celebra em abril seu 42º aniversário. Em Brasília, a embaixada do país africano festejou hoje, 19, a data reunindo representantes do corpo diplomático e convidados durante um almoço com comidas típicas do país. Na oportunidade, o encarregado de negócios de Zimbábue, K. Mupezeni, destacou que a independência do Zimbábue nasceu de uma amarga luta armada para livrar o país dos últimos vestígios do colonialismo que terminou em 1980.
“Todos os anos nos reunimos no dia 18 de abril para celebrar a luta heroica do povo do Zimbábue e reafirmar nossa determinação para proteger nossa liberdade e soberania duramente conquistadas”, comentou o diplomata.
O tema “Zimbabwe @ 42 – Não deixar ninguém e nenhum lugar para trás” foi escolhido para refletir sobre a transformação do país em uma economia inclusiva e de renda média alta até 2030, segundo declarações do presidente da República, Cde Emmerson Dambudzo Mnangwagwa.
De acordo com o encarregado de negócios do país, grandes avanços foram registrados nos principais setores econômicos do país, como agricultura, mineração, manufatura, energia, comunicação, turismo e serviços. “Esses setores estão ancorados em robustas políticas e programas econômicos que buscam acelerar o desenvolvimento nacional e a modernização”, explicou.
Algodão em Zimbábue
Segundo o diplomata K. Mupezeni, a economia tem crescido constantemente, apesar da seca recorrente no país, devido às mudanças climáticas. Em 2021, a economia de Zimbábue registrou um crescimento de 7,4%. “Estava pronto para acelerar o ritmo, não fosse a seca que nos revisitou novamente durante esta temporada atual, agravada pela pandemia de coronavírus”, disse.
Em seu discurso comemorativo à data nacional de Zimbábue, K. Mupezeni destacou a satisfação com o nível de relações bilaterais entre as repúblicas do Zimbábue e do Brasil, desde o estabelecimento das relações diplomáticas em 1980. “Essa excelente relação também se manifestou em forte cooperação bilateral que construímos juntos. Ao nível da embaixada, temos visto as nossas relações crescerem cada vez mais, evidenciadas pelos projetos de cooperação técnica que estamos a implementar conjuntamente no setor agrícola, com foco no desenvolvimento e melhoramento da pecuária e pastagens e na produtividade do algodão”.
Exportador de flores
Há duas semanas, uma missão técnica brasileira esteve no Zimbábue e outras missões estão planejadas para ir ao país africano em breve, dentre elas a que se concentrará na produção de flores para exportação. Uma missão técnica recíproca chegará em breve ao Brasil a partir do Zimbábue. “O Zimbábue é grande exportador de flores, com uma indústria sofisticada que se estende até a Europa através do aeroporto Schipol na Holanda. Exportamos outros produtos agrícolas para o resto do mundo”, explicou o encarregado de negócios.
Segundo ele, algumas das cultivares usadas para desenvolver as gramíneas Brachiaria brasileiras vieram do Zimbábue. “É valioso o trabalho que as universidades brasileiras e instituições de pesquisa como a Embrapa estão realizando para aprofundar nossa cooperação bilateral, por meio da excelente coordenação da Agência Brasileira de Cooperação.
Estamos confiantes de que podemos fazer mais nas áreas de comércio, investimento e turismo para benefício mútuo”.
Investimentos em mineração
Ainda de acordo com o diplomata K. Mupezeni, uma área que oferece espaço para investimento conjunto é a mineração da abundante rocha fosfática no Zimbábue, para a produção de fertilizantes fosfatados, o que pode impulsionar a respectiva produção agrícola. “Já fabricamos fertilizantes, mas não em quantidade suficiente para satisfazer o consumo interno”, complementa.
O Programa de Reforma Agrária de Zimbábue começou em 2000. “Através do programa, o nosso governo estendeu as atividades agrícolas comerciais para as comunidades anteriormente desfavorecidas. Vimos o rápido crescimento de uma classe média indígena, bem como a melhoria dos meios de subsistência dos pequenos agricultores no processo”, explicou o encarregado de negócios do país.
O chefe da Divisão da África Austral do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Roberto Salone, também fez discurso durante o almoço na embaixada de Zimbábue em Brasília. Disse que há 42 anos, o Brasil e Zimbábue estabeleceram relações diplomáticas, muitos fatos aconteceram, mas a vontade do Brasil de fortalecer seus laços com o país continua tão genuína como em 1980. “Ambos países mudaram. Cada um deles superou desafios. Nossas instituições se tornaram mais sólidas, assim como nossas relações bilaterais”, comentou.
Entre os presentes ao almoço hoje, 19, na embaixada de Zimbábue, além do diplomata Roberto Salone, estiveram também presentes o Núncio Apostólico e Decano do Corpo Diplomático, Dom Giambattista Diaquattro; o Decano do Grupo Africano e embaixador dos Camarões, S.E. Martin Agbor Mbeng; chefes de missões diplomáticas e de organismos internacionais; membros do corpo diplomático, representantes e membros da comunidade religiosa, e funcionários da embaixada do Zimbábue.