No Amazonas, um programa experimental de grande porte medirá os impactos da mudança climática na floresta Amazônica. Torres de alumínio autoportantes e guindastes no modelo grua darão acesso ilimitado dos cientistas ao topo das árvores em seu estado natural, abrindo outras possibilidades de pesquisa sobre os ciclos de carbono.
O AmazonFACE é um programa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em cooperação internacional com o governo britânico. O experimento busca entender uma das maiores incertezas que se tem na ciência climática: como a maior floresta tropical do mundo irá se comportar no futuro com o aumento das emissões de gás carbônico, num mundo mais quente, mais seco e com redução de chuvas?
A pré-inauguração desse sítio experimental do AmazonFACE foi realizada dia 8 de dezembro, no Km 34 da estrada ZF-02, à esquerda da BR-174 (Manaus-Boa Vista). O pesquisador do Inpa, Carlos Alberto Quesada, e o pesquisador do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri/Unicamp), David Lapola, coordenam o AmazonFACE e acreditam que o evento é um marco para o complexo programa que teve início em 2014.
Esse grande laboratório a céu aberto será formado por seis anéis compostos por 16 torres de alumínio cada, com 30 metros de diâmetro. Serão três anéis enriquecidos com gás carbônico e três anéis controle com ar ambiente. Cada torre possui sensores que vão emitir durante 12h do dia de 40% a 50% a mais da concentração de CO2 atmosférico nos fragmentos de floresta existentes dentro dos anéis e medir os impactos na respiração, fotossíntese, crescimento de plantas e em outros processos. A previsão é colocar os seis anéis em operação no início de 2024.
Investimentos
O programa recebeu financiamento de 2,25 milhões de libras (cerca de R$ 17 milhões) do governo britânico, administrados pelo Met Office, o Serviço Nacional de Meteorologia do Reino Unido. O governo brasileiro, por meio do MCTI, está investindo R$32 milhões no AmazonFACE.
“A floresta amazônica desempenha um papel crítico no ciclo global do carbono e no sistema climático. O trabalho pioneiro do AmazonFACE fornecerá uma nova compreensão crucial dos processos florestais, o que nos ajudará a melhorar ainda mais os modelos do sistema terrestre para fornecer estimativas aprimoradas do balanço de carbono para manter o aquecimento global bem abaixo de 2°C”, destacou Richard Betts BEM (Member of the Order of the British Empire), líder de pesquisas sobre impactos climáticos do Met Office e professor da Universidade de Exeter.
A vice embaixadora do Reino Unido no Brasil, Melanie Hopkins, revelou que para o governo Britânico é “uma grande satisfação” apoiar este experimento pioneiro. “Atuar diante das mudanças climáticas é um compromisso de extrema relevância para o Reino Unido. Estou ansiosa para ver os resultados da primeira fase do experimento. Os dados coletados aqui poderão explicar como as mudanças climáticas afetarão a maior floresta tropical do mundo. O impacto que esse conhecimento terá para o avanço da Ciência Climática é imprescindível”, enfatizou Melanie Hopkins.
Desde pequena sonho em conhecer a floresta amazônica e essa semana tive a honra de ir ao coração da floresta em uma das torres de 30 metros do projeto AmazonFACE. Estive com os cientistas do Inpa, da @unicamp e do @gov_mcti . É uma emoção indescritível. 🧵#ClimateEmergency pic.twitter.com/tTRgpNG6vF
— Melanie Hopkins (@mhopkinsfco) December 10, 2022
* Com informações de Ministério da Ciência e Tecnologia e Embaixada do Reino Unido.
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