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A 11ª reunião do Subgrupo sobre Boa Governança e Direitos Humanos da Comissão Conjunta UE-Bangladesh foi realizada na última semana em Dhaka sob a estrutura do Acordo de Cooperação UE-Bangladesh. A UE e Bangladesh reforçaram seu compromisso de fortalecer a cooperação no campo dos direitos humanos, boa governança e processo de reforma em andamento do governo interino.
A UE e Bangladesh reconheceram que a transição política pela qual o país está passando atualmente constitui uma oportunidade sem precedentes para progredir em direitos humanos e boa governança em Bangladesh. Eles prestaram homenagem à coragem e determinação dos estudantes e membros do público em geral que se levantaram por seus direitos — e lembraram daqueles que perderam suas vidas — durante a revolta popular em julho/agosto. A UE saudou o forte compromisso do governo interino em promover reformas e tomar as medidas necessárias para um Bangladesh democrático, pluralista e inclusivo, baseado no Estado de direito e nos direitos humanos.
Este compromisso é notavelmente refletido na adesão de Bangladesh à Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra Desaparecimentos Forçados (ICPPED) e na criação de uma Comissão de Inquérito sobre desaparecimentos forçados. Anúncios para revogar ou alterar rapidamente algumas das legislações que foram usadas para esmagar a dissidência e restringir liberdades fundamentais, como a Lei de Segurança Cibernética, são outros sinais deste compromisso.
Bangladesh explicou o processo para realizar reformas estruturais em várias áreas-chave, inclusive por meio das comissões de reforma recentemente estabelecidas. A UE acolheu o trabalho em andamento das comissões e sublinhou a importância de levar em conta as realidades e perspectivas da população em toda a sua diversidade, incluindo mulheres e minorias. Foi discutida a necessidade de clareza sobre o processo posterior de consulta e tomada de decisão com base nos relatórios das comissões.
Em homenagem às vítimas e sobreviventes da repressão violenta aos manifestantes em julho/agosto, bem como às violações anteriores dos direitos humanos, a UE e Bangladesh discutiram a importância da justiça transicional. Eles concordaram sobre a necessidade de responsabilizar os perpetradores de violações dos direitos humanos. A UE sublinhou a importância de garantir o devido processo em todas as fases dos procedimentos e expressou preocupação sobre a estrutura legal do Tribunal Penal Internacional, que deve ser revisada o mais rápido possível para alinhá-la aos padrões internacionais de direitos humanos.
O subgrupo discutiu uma série de áreas de reforma, como o setor de justiça, administração pública, setor de segurança e capacitação da Divisão de Assuntos Legislativos e Parlamentares. A UE e Bangladesh concordaram com a necessidade de abordar as preocupações de direitos humanos de mulheres, crianças e pessoas pertencentes a minorias e grupos marginalizados. Ninguém deve viver com medo de violência, assédio ou discriminação. A lei e a ordem devem ser garantidas para todos, incluindo os mais vulneráveis.
Dando continuidade ao envolvimento de longa data da UE com Bangladesh sobre direitos trabalhistas, a UE e Bangladesh concordaram com a urgência e a oportunidade de progredir nesse sentido, tornando as inspeções trabalhistas mais eficazes. A UE lembrou que o acesso preferencial das exportações de Bangladesh ao mercado europeu se baseia no respeito aos direitos humanos e às normas trabalhistas internacionais. Além disso, a UE chamou a atenção para a legislação adotada recentemente que reforçará a proteção dos direitos humanos e dos direitos trabalhistas, bem como melhorará a sustentabilidade ambiental, em todas as cadeias de suprimentos europeias, incluindo para produtos de Bangladesh.
Concordando com a necessidade de reformas eleitorais completas, eles reconheceram as recomendações da Missão de Especialistas Eleitorais da UE de janeiro de 2024 como uma referência útil para Bangladesh reconstruir a confiança pública no processo eleitoral e garantir que os padrões internacionais sobre eleições sejam mantidos.
A UE reiterou seu grande apreço por Bangladesh hospedar temporariamente 1,2 milhão de pessoas Rohingya deslocadas à força em seu território. Medidas para melhor atender às necessidades do povo Rohingya e das comunidades anfitriãs, bem como perspectivas de retorno voluntário, seguro, digno e sustentável foram discutidas. A UE e Bangladesh expressaram profunda preocupação com os conflitos em andamento em Rakhine que estão afetando seriamente o início da repatriação dos Rohingya.
A UE encorajou o governo de Bangladesh a cooperar ainda mais com o Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos e a emitir um convite permanente aos Procedimentos Especiais da ONU para se beneficiar de expertise relevante no contexto da transição política do país. Bangladesh compartilhou que a promoção e proteção dos direitos humanos de todos os cidadãos é uma das prioridades do Governo interino e está trabalhando em estreita colaboração com o ACNUDH a esse respeito. A convite do Governo interino, a ONU está realizando uma Missão de Apuração de Fatos independente da ONU sobre as violações de direitos humanos cometidas no contexto do movimento de massa liderado por estudantes de julho a agosto. Bangladesh sublinhou que o governo interino daria a devida consideração às recomendações da Missão de Apuração de Fatos da ONU. Ambos expressaram a expectativa de que, com o compromisso renovado de Bangladesh com os direitos humanos e a democracia, a colaboração e o alinhamento em fóruns multilaterais de direitos humanos aumentariam.
O subgrupo se reportará à Comissão Mista Bangladesh-UE, que abordará todas as áreas de cooperação bilateral na segunda-feira, 4 de novembro. O subgrupo foi co presidido pelo chefe da Delegação de Bangladesh, Mohammad Mohiuddin, chefe da divisão de Assuntos Legislativos e Parlamentares do Ministério da Lei, Justiça e Assuntos Parlamentares, e pelo chefe da delegação da União Europeia, Rensje Teerink, Chefe da Divisão para o Sul da Ásia no Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE). Eles também foram acompanhados por observadores das Embaixadas dos Estados-Membros da UE em Dhaka.
Fonte: União Europeia.