Timor-Leste saudou a decisão tomada no último sábado (12) pelos líderes da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) de admitir o país como o seu 11º membro, indicando que o fim está à vista para uma espera de 11 anos de adesão ao bloco comercial.
O embaixador timorense no Camboja, Kupa Lopes, agradeceu ao Camboja pelo seu “apoio inabalável” na orientação do seu país para o grupo, acrescentando que Díli ficou satisfeito por cumprir as missões de apuramento de factos pendentes, concebidas para permitir a Timor-Leste atingir a plena adesão no próximo ano.
“Estamos ansiosos por aderir à ASEAN”, disse à VOA à margem da cúpula anual de Líderes da ASEAN. “Portanto, isto é muito significativo para Timor-Leste, e isto é importante também para a ASEAN”, disse ele, utilizando o nome oficial de Timor-Leste.
A ASEAN disse em comunicado que seus membros tinham concordado “em princípio” em admitir Timor-Leste, enquanto lhe concediam o estatuto de observador, o que permitiria ao país participar em todas as reuniões da ASEAN e plenárias da cúpula até que a adesão plena fosse alcançada.
A ASEAN afirmou numa declaração que a admissão plena seria alcançada “após considerar os resultados das Missões de Descoberta de Factos a Timor-Leste conduzidas pela Comunidade Política e de Segurança da ASEAN, Comunidade Económica da ASEAN e Comunidade Sócio-Cultural da ASEAN”.
A declaração dizia que “um roteiro baseado em critérios objetivos para a plena adesão de Timor-Leste, incluindo com base nos marcos identificados nos relatórios” das missões de averiguação seria formalizado pelo Conselho de Coordenação da ASEAN.
Lopes disse que um relatório final do Conselho de Coordenação será apresentado na cimeira do próximo ano em Jacarta, Indonésia, para adopção juntamente com o pedido formal de adesão do seu país. Timor-Leste obteve a independência da Indonésia em 2002.
“Timor-Leste está pronto a cooperar com o Conselho da ASEAN e também com o Secretariado da ASEAN e a cumprir os aspectos técnicos do roteiro, a fim de ser um membro de pleno direito na próxima cimeira da ASEAN”, disse ele.
Esperava-se que Timor-Leste aderisse à ASEAN este ano com forte apoio do Camboja, que detém a presidência rotativa este ano, mas essas esperanças foram frustradas na cimeira de ministros dos negócios estrangeiros da ASEAN em Agosto, quando Díli não recebeu apoio unânime.
Decepções anteriores com a ASEAN foram expressas pelo Presidente timorense José Ramos-Horta na Comunidade de Política Externa da Indonésia, em Julho, quando disse: “Parece que o caminho para o céu – para alcançar a perfeição do céu – é mais fácil do que alcançar os portões da ASEAN”.
Fontes diplomáticas afirmaram que duas questões tinham persistentemente obstinado à proposta de Díli – se Timor-Leste pode suportar os custos associados à adesão, e que era visto como estando demasiado próximo da China.
O primeiro-ministro cambojano Hun Sen, no entanto, disse aos ministros dos negócios estrangeiros que a candidatura de Timo-Leste estava bem avançada, seria reconsiderada na cúpula reazlizada na Indonésia em 2023, e “no próximo ano poderíamos acolher este país na família ASEAN”.
O embaixador timorense no Camboja disse que a adesão permitiria o acesso de 1,37 milhões de pessoas de Timor-Leste à Comunidade Econômica da ASEAN e abriria o seu mercado aos 683 milhões de pessoas da ASEAN. Isto permitiria aos timorenses viajar e trabalhar através do Sudeste Asiático em indústrias como o turismo e a indústria transformadora, enquanto expandia a sua própria economia.
“A economia de Timor-Leste pode ser mais resistente – e depois podemos diversificar do petróleo e gás, para áreas de agricultura e turismo”, disse Lopes.
O Camboja foi o último país a aderir à ASEAN, em 1999.
* Com informações de Voice of America.
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