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O diário Le Figaro dedica uma página de reportagem “às novas rotas asiáticas de Putin”, um projeto que o presidente russo estuda para contornar as sanções aplicadas contra o país, principalmente pela União Europeia, os Estados Unidos e alguns aliados, em decorrência da guerra iniciada na Ucrânia.
Ainda no papel, por demandar um investimento estimado em US$ 38 bilhões, a nova rota comercial idealizada por Putin deve ligar, no futuro, São Petersburgo a Mumbai, na Índia, passando pelo Mar Cáspio e o Irã. Essa gigantesca artéria comercial “multimodal”, articulada em transporte ferroviário, marítimo, fluvial e rodoviário, teria 7.200 km de extensão.
“É um corredor altamente político, ligado ao projeto de ‘pivô’ eurasiano e oriental de Vladimir Putin, que, em teoria, deve permitir que ele contorne as sanções ocidentais após a invasão da Ucrânia”, explica o jornal francês. O objetivo seria neutralizar essas sanções, que, entre outros efeitos, prejudicaram o comércio marítimo que atravessa o Mar Báltico.
“Essa rota norte-sul ofereceria até mesmo uma alternativa para a travessia do Canal de Suez, reduzindo pela metade o tempo de trajeto do frete entre o norte da Europa e a Ásia”, cita a reportagem. O trânsito de mercadorias entre São Petersburgo e Mumbai percorrendo a rota “ITC” levaria de 15 a 24 dias, contra 30 a 45 dias pelo Canal de Suez, estima o jornal de negócios russo Vedomosti.
Em sua manchete, o diário Les Echos afirma que o comércio marítimo internacional passa por “uma guinada histórica”, devido às tensões entre os Estados Unidos e a China. O tráfego de contêineres leste-oeste caiu quase 5% no ano passado, sinal que as empresas estão reduzindo suas cadeias de produção para se aproximar dos mercados consumidores e diminuir a dependência externa. O transporte interregional, por outro lado, aumentou 3,3% em 2022, observa o Les Echos.