O empresário José Roberto Tadros foi eleito presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Nascido em Manaus, é formado em Direito pela Universidade do Amazonas, Tadros vem de uma família de imigrantes gregos, sírios e libaneses que fundaram a mais antiga empresa do Amazonas, em 1874. Além das suas atividades comerciais e sindicais, é autor e coautor de diversos livros e membro da Academia Amazonense de Letras, do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas e da Academia de Ciências, Artes e Letras do Amazonas.
Em entrevista exclusiva ao Diplomacia Business, Tadros fala sobre o trabalho da CNC na pandemia, reforma tributária e a recuperação do turismo no Brasil, entre outros temas.
Confira na íntegra:
Diplomacia Business: A CNC foi fundada em 1945. Que balanço geral o sr. faz da entidade?
José Roberto Tadros: A Confederação vem cumprindo com louvor o seu papel histórico de representar e defender os empresários do comércio de bens, serviços e turismo. Mais do que isso, a CNC segue contribuindo de forma expressiva para o desenvolvimento do País e a qualidade de vida da população, por meio de suas ações e de seus braços sociais, o Sesc e o Senac. Acabamos de entregar o documento com as propostas e recomendações do Sistema Comércio ao presidente Jair Bolsonaro, que disputa um novo mandato, à senadora Simone Tebet e ao ex-presidente Lula, também na disputa pela Presidência da República, como uma espécie de roteiro para o Brasil retomar seu desenvolvimento. Esse é o nosso trabalho.
Recentemente, a CNC anunciou a criação da Câmara das Mulheres Empreendedoras do Comércio. Qual a importância dessa Câmara?
A instalação da Câmara Brasileira das Mulheres Empreendedoras do Comércio é mais um passo da CNC para estar alinhada com as iniciativas que buscam fortalecer a presença da mulher no âmbito empresarial. É uma ação que, além de fazer justiça ao talento e competência das mulheres, busca a melhoria do ambiente de negócios, com o incentivo para a abertura de novos empreendimentos, a integração e a troca de experiências, além da qualificação dessa mulher empresária. Vamos seguir firmes no caminho da valorização da diversidade.
Reforma tributária é um tema recorrente no país. Quais as principais propostas da CNC para essa reforma?
As medidas tributárias devem focar a simplificação e a progressividade. O sistema tributário atual é demasiadamente complexo, com muitos tributos, diversas obrigações acessórias e diferentes formas de apuração. Uma proposta de reforma deveria se voltar para a simplificação do sistema. É importante observar o princípio da progressividade tributária, que objetiva trazer redução das desigualdades sociais, de modo que os tributos devem onerar de forma mais pesada a riqueza e de forma mais leve o consumo. O que torna imperiosa a análise mais embasada da capacidade contributiva. Os setores possuem realidades distintas, principalmente, no que se refere a insumos e créditos possíveis. É importante dar tratamento isonômico às empresas, ou seja, tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais.
No Brasil pós-pandemia, milhares de famílias estão em situação de vulnerabilidade e mesmo de fome. O que a CNC e suas filiadas têm feito para amenizar esse problema?
O Sistema CNC-Sesc-Senac trabalhou incansavelmente durante a pandemia realizando ações que beneficiaram a população. Propostas formuladas pela CNC foram adotadas pelo governo, ajudando a preservar os negócios, o emprego e a renda dos trabalhadores. As unidades do Sesc e do Senac adaptaram seu funcionamento para ajudar o Brasil a enfrentar a pandemia. Tornaram-se pontos de vacinação, de recolhimento de doações. O Mesa Brasil Sesc, referência como programa de segurança alimentar, fez um trabalho histórico, ajudando a aplacar a fome de milhares de famílias em todo o País. Seguimos mobilizados não somente na parte assistencial, mas com uma atuação integrada para ajudar o Brasil a garantir a retomada e a normalização pós-pandemia.
Recente levantamento da CNC indica recuperação do turismo no Brasil e a criação de milhares vagas no setor. Como o sr. vê com os resultados dessa pesquisa?
O turismo vem se recuperando de forma gradativa e consistente dos efeitos da pandemia da covid-19. No ápice das medidas restritivas, o setor perdeu 469,8 mil vagas formais. De outubro de 2020 a junho deste ano, foram recuperados 365,1 mil postos de trabalho. A expectativa da CNC é que o turismo brasileiro restabeleça o nível de ocupação do período pré-pandemia a partir do início do período de contratações para a próxima alta temporada, encerrando 2022 com 319,4 mil postos de trabalho criados. A CNC revisou de +3,5% para +4,3% a expectativa de crescimento do setor em 2022, em relação ao ano passado, levando em conta o atendimento à demanda reprimida dos últimos anos e a próxima alta temporada.
O Sesc, um dos filiados à CNC, possui a maior rede de turismo do Brasil. Como tem sido preservar esse patrimônio. A tendência é de expandir essa rede?
O Sesc tem uma atuação expressiva no turismo social. Sua rede de hospedagem é composta por 39 hotéis e pousadas, localizados em 20 Estados do País. Uma estrutura moderna, confortável e bem equipada, com a oferta de atividades variadas de lazer, que recebe anualmente mais de 420 mil turistas. Além disso, o público dispõe de excursões e passeios, com roteiros inovadores e temáticos que promovem diferentes visões do Brasil, evidenciando a cultura, o meio ambiente e a história de cada localidade. Em 2021, o Turismo Social do Sesc promoveu mais de 2.700 passeios e excursões em todo o País. O setor como um todo está se recuperando, e não apenas o Sesc, mas também o Senac contribui para essa evolução, oferecendo formação profissional de excelência para o setor.
O Memorial do Comércio foi inaugurado em agosto de 2021. Onde e como funciona esse Memorial¿ Quais são suas finalidades?
O comércio é a atividade econômica mais antiga do Brasil. Queremos preservar essa memória na sua integralidade e integridade. Afinal, a história é a ciência que nos dá conhecimento dos fatos passados, nos situa no presente e nos inspira a projetar o futuro. O espaço físico do Memorial do Comércio funciona na sede da CNC, no Centro do Rio de Janeiro, mas a visita pode ser feita de qualquer canto do mundo. O tour virtual em www.memorial.cnc.org.br permite aos internautas a imersão em 360º no espaço do museu, com riqueza de detalhes e informações sobre seu acervo, como história do setor, vídeos, galeria de fotos, entre outros.
O que o sr. espera das eleições este ano no Brasil?
Que transcorram em um clima de absoluta normalidade e que possamos celebrar, uma vez mais, este momento salutar das democracias, em que o povo manifesta de forma soberana, pelo poder do seu voto, os rumos que o País deve tomar.