Mais de 3 mil pessoas, entre elas embaixadores e diplomatas, participaram do 4º Simpósio Internacional de Segurança, organizado pela Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF). O vice-presidente da entidade, Luciano Leiro, explica que o Brasil é um grande mercado de aquisição em tecnologia em segurança, já que tem investido cada vez mais na área.
Em entrevista ao Diplomacia Business, Leiro comenta que a Polícia Federal possui na sua competência a atuação de Polícia Internacional no Brasil. “É fundamental essa interação com as embaixadas, com quem a ADPF deseja estreitar laços, a fim de criar possibilidades de intercâmbio de cursos de capacitação entre outras ações”, ressalta.
Veja a entrevista:
Diplomacia Business – Como o sr. avalia a realização do 4º Simpósio Internacional de Segurança, em Brasília, realizado recentemente em Brasília?
Luciano Leiro – Foi um sucesso. Atingimos o maior número de participantes e também de empresas, inclusive de sete países. E esse foi o objetivo da Associação dos Delegados de Polícia Federal, ser um propagador de boas práticas no uso da tecnologia no combate à criminalidade
A forma híbrida do seminário contribuiu para maior participação?
Luciano Leiro – Sem dúvida. O fato de transmitirmos o evento online permite a participação de autoridades e especialistas de segurança de todo o Brasil. Todos os estados da federação tiveram participantes. Isso é muito importante para o sucesso do evento.
Quantas pessoas participaram presencialmente e online do simpósio?
Luciano Leiro – Foram 3,3 mil inscritos, em torno de 2500 online e 800 presencialmente.
Quantas e quais empresas internacionais participaram do simpósio?
Luciano Leiro – Foram 26 marcas nacionais e internacionais entre elas: Hex, Digitro, VMI, Tecno It, Berkana e TechBiz, do Brasil; Cellebrite e Cognyte, de Israel; Huawei, da China; Geosatis, da Suíça; Covidenc, da Dinamarca; Motorola, Oxygen, REI e Voyager, dos Estados Unidos; Stefanini Israel/Brasil; Rhode, da Alemanha; Issured, do Reino Unido; NTech Lab, da Rússia, além da embaixada do Reino Unido.
Houve a participação de embaixadores e diplomatas residentes em Brasília no evento. Tivemos a participação da ministra conselheira & chefe adjunta de missão – Embaixada Britânica no Brasil, Melanie Hopkins e também do Sr. Daniel Zonshine, embaixador de Israel. É muito importante a participação da comunidade internacional, pois grande parte dessas tecnologias vêm de fora. Essa troca é fundamental. E para as empresas internacionais o Brasil é um grande mercado, já que tem investido cada vez mais em tecnologia na área de segurança
Quais foram as principais inovações tecnológicas de pontas apresentadas?
Luciano Leiro – Foram várias tecnologias apresentadas podendo citar de extração de conteúdo, viaturas inteligentes com inúmeras tecnologias agregadas, georreferenciamento, interceptação de comunicação, reconhecimento facial, inteligência artificial, tornozeleira eletrônica inteligente e inclusive a possibilidade de se rastrear e investigar criptomoedas, algo bastante atual e que tem sido usado muitas vezes para ocultar recursos provenientes do crime organizado.
Como o Brasil se encontra na área de segurança em relação a outros países?
Luciano Leiro – O Brasil está evoluindo muito no que tange à tecnologia no combate à criminalidade. Cada dia os gestores e os governantes têm compreendido que qualquer recurso usado para a segurança pública não é gasto, é investimento. Essa é uma virada de cultura que outros países já passaram, e o Brasil está no caminho. E a implementação da tecnologia é uma delas, sem deixar de lado nunca o recurso humano, este sim o maior patrimônio de qualquer instituição.
Qual a importância da interação com outros países na área de segurança. Que parcerias foram fechadas?
Luciano Leiro – A criminalidade não tem fronteiras. A polícia também não pode ter. O crime tem se organizado cada vez mais e usando novas tecnologias. Essa expertise de tecnologia usada em outros países é fundamental. Casos concretos de uso dessas tecnologias foram apresentados no evento e certamente serão incorporados nas instituições governamentais em todas as esferas. Isso só irá fortalecer o combate ao crime.
Quando será o próximo simpósio? Os preparativos já começaram? Que mudanças podem vir nesse próximo encontro?
Luciano Leiro – Este foi o 4º simpósio e agora vamos avaliar a possibilidade de uma nova edição. As empresas já estão nos procurando.
O que o sr. espera daqui por diante, a partir das conexões cada vez mais fortes de sua categoria com as embaixadas?
Luciano Leiro – A Polícia Federal tem na sua competência a atuação de Polícia Internacional no Brasil. É fundamental essa interação com as embaixadas. No que tange à Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, o desejo é que possamos estreitar os laços cada vez mais, a fim de criar possibilidades de intercâmbio de cursos de capacitação entre outras ações.
Perfil
Luciano Soares Leiro é vice-presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal. Bacharel em Direito, com especialização em Ciências Penais. Foi agente da Polícia Civil do DF por quatro anos. Em 2003, entrou como agente na Polícia Federal. Em 2008, assumiu o posto de delegado federal. Foi responsável pelo Núcleo de Repressão aos Crimes contra a Administração da Superintendência da Polícia Federal em Brasília, coordenador do Grupo de Inquéritos do STF e secretário-executivo da ConPortos (Segurança Portuária). É professor da Academia Nacional de Polícia.
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