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Em agradecimento aos parceiros pela cooperação e apoio ao longo de 2024, a embaixada da Dinamarca no Brasil recebeu convidados, na noite de terça-feira (3), para uma confraternização de fim de ano que contou com a participação de Adam Price, roteirista da série dinamarquesa Borgen.
Mais de uma década após ser lançada, Borgen continua a gerar debates sobre a presença feminina em posições de poder e sobre como a política pode se tornar mais humana. A série, lançada em 2010, retrata uma reviravolta política que leva Birgitte Nyborg a assumir o governo da Dinamarca, tornando-se a primeira mulher a liderar o país.
Eva Pedersen, Embaixadora da Dinamarca no Brasil, iniciou seu discurso agradecendo a todos os parceiros brasileiros e internacionais que ajudaram, de alguma forma, a embaixada no ano de 2024. Parabenizou ainda o Brasil pela liderança de excelência durante a Cúpula do G20 no Rio de Janeiro.
Peterson reforçou também o compromisso dinamarquês em trabalhar junto do Brasil nos setores de transição energética, clima e meio ambiente, economia digital, na força tarefa da mobilização global contra a mudança climática e principalmente na luta contra a fome e a pobreza. A Dinamarca aderiu ao programa brasileiro da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza em novembro deste ano.
Lembrou que em outubro, a visita oficial da Rainha Mary da Dinamarca ao Brasil foi um legado histórico nas relações bilaterais. A passagem da monarca pelas cidades de Manaus e Brasília, “mostra a força da cooperação entre as duas nações”.
Em clima de fraternidade, Pedersen falou ainda sobre as cooperações estratégicas de longa data, que este ano, em particular, destacaram-se com resultados significativos e promissores. Em 2024, os países alinharam parcerias na área na saúde; inovação; governo digital e energias renováveis.
Aproveitou a oportunidade para ressaltar a posição brasileira com ênfase no cenário global, mencionando o Brics e a COP 30, que acontece em Belém no ano que vem.
Ao finalizar seu discurso, a diplomata dinamarquesa contou que a série de televisão Borgen é mais assistida de todos os tempos, e já foi vista em 190 países. Altamente política, a última temporada do programa abordou bastante o tema diplomático.
Pela primeira vez no Brasil, o roteirista de “Borgen”, Adam Price, contou que a ideia da série surgiu pelo fato de ter vindo de uma família de atores e “um pouco” política. Segundo ele, teatro e política são duas áreas que parecem distintas, mas, na verdade, estão interligadas.
“É sempre uma questão de quem dirige a cena, quem ganha a cena, quem chega ao local e a que horas, quem sai de cena como perdedor, quem sai como vencedor. É muita política. Então eu queria fazer um show sobre isso”, prosseguiu Price.
Com o desejo de criar uma série política, o dinamarquês explicou que inicialmente, sua ideia não foi bem aceita. Depois disso, Price começou a estudar política, retórica política e história política, repensando grandes momentos da história mundial. Ele contou que queria criar uma série de impacto que retratasse a importância da política e do papel ativo da sociedade em eleger alguém ao poder, abordando também questões pessoais e mundanas.
“A canção sobre a democracia é a que cantamos em Borgen. E eu acho que isso é muito importante. Se o nosso pequeno país tem algo com que contribuir, temos que mostrar isso”, disse Price. De acordo com o roteirista, democracia não é apenas uma forma de governo. Para os dinamarqueses, é uma cultura.
“Algo que gostaria de manifestar na série é a cultura do diálogo”, contou. “Hoje em dia, vemos que em muitos lugares que o diálogo é muito difícil, e se o perdemos, como consequência, também perdemos a democracia, tornando a política polarizada”, continuou.
Aclamada mundialmente e com diversos prêmios, Borgen consegue manter um equilíbrio impressionante entre o idealismo e o fascínio do poder. A ideia da primeira mulher no cargo de Primeira-Ministra que se dedica a fazer as coisas de maneira diferente do que eram feitas antes, e montar um gabinete com mais mulheres, conquistou fãs em todo o mundo.
Para além de política, “Borgen” é sobre democracia e pessoas: das relações entre as pessoas, da relação entre o trabalho e a casa. É sobre jornalismo, mulheres, valores, ter filhos, não ter filhos. É sobre a vida.