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Razan Al Mubarak, campeã de alto nível da ONU para mudanças climáticas na COP28, fez parte da delegação da presidência da COP28 no Brasil, onde participou de reuniões bilaterais com vários chefes de Estado, ministros, governadores e líderes de comunidades indígenas.
Realizada na cidade de Belém, a cúpula da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que começou na terça-feira (08/08), deve produzir uma política ambiciosa de proteção da maior floresta tropical do mundo, que está chegando a um ponto sem retorno. A cúpula reúne os chefes de Estado dos oito signatários da OTCA: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Guiana e Suriname, além de autoridades de alto nível de vários outros países convidados.
A Amazônia é um centro vital de biodiversidade e um sumidouro de carbono que armazena enormes quantidades de gases de efeito estufa que, de outra forma, contribuiriam ainda mais para a mudança climática. No entanto, ela vem sofrendo uma pressão cada vez maior da agricultura, da mineração ilegal e da exploração de petróleo. O efeito cumulativo desses e de outros impactos adversos tem sido tão grave que, no ano passado, os cientistas alertaram sobre a possibilidade de extinção de árvores em larga escala, o que poderia transformar a floresta tropical em uma savana seca.
O desmatamento também está destruindo os meios de subsistência e o modo de vida das comunidades indígenas da Amazônia. Na quarta-feira (09/08), Al Mubarak se reuniu com líderes indígenas, convidando-os a levar suas agendas para a COP28, a cúpula anual da ONU sobre mudanças climáticas que será realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em novembro.
“Os povos indígenas têm sido tradicionalmente ignorados nas campanhas de ação climática”, afirmou Al Mubarak, acrescentando que é vital incluí-los no diálogo sobre como limitar o aquecimento global a 1,5°C. “Aqueles que vivem nas florestas são os melhores administradores delas”, disse ela.
“Na bacia amazônica, quase metade das florestas intactas remanescentes está em territórios indígenas”, afirmou Al Mubarak, que também é presidente da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
“No Dia Internacional dos Povos Indígenas (09/08), também devemos reconhecer sua liderança histórica na preservação da natureza e do clima”, completou.
Os territórios indígenas e tribais na América Latina têm taxas médias de desmatamento mais baixas do que outras florestas. Muitos territórios indígenas evitam o desmatamento tão bem ou, em alguns casos, até melhor do que as áreas protegidas. Por exemplo, entre 2006 e 2011, o desmatamento foi reduzido em territórios indígenas na Amazônia peruana. Eles alcançaram o dobro da redução das áreas protegidas com condições ecológicas e de acessibilidade semelhantes.
Durante a visita ao Brasil, Al Mubarak também se reuniu com Alessandra Korap, ativista ambiental e líder indígena brasileira, para ouvir mais sobre suas experiências e prioridades.
“Fiquei grata pela oportunidade de ouvir diretamente dos líderes locais sobre a melhor forma de proteger a Amazônia e como promover a inclusão e trazer suas perspectivas para as prioridades da COP28”, disse Al Mubarak, cujas propostas incluem, entre outros itens, incentivar as instituições financeiras e as empresas a se afastarem das atividades que destroem a natureza e fornecer às comunidades indígenas acesso a sistemas financeiros formais.