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Eleito com o com maior número de votos para deputado federal na história do Brasil, Eduardo Bolsonaro obteve apoio de 1,8 milhão de eleitores paulistas em 2018. Filho do presidente Jair Bolsonaro, foi uma figura marcante nas relações exteriores do país desde 2019, tendo presidido a Comissão de Relações Exteriores e Segurança Nacional da Câmara por dois anos.
Em diferentes ocasiões Eduardo fortaleceu a atuação do governo brasileiro junto a alguns países, em especial do Oriente Médio. A abordagem tem sido de forma pragmática, visando principalmente a possibilidade de abrir novos mercados para a exportação de produtos brasileiros como carne, soja e minério de ferro.
O deputado fez parte da comitiva presidencial que visitou países do Golfo em novembro de 2021, participando da inauguração da embaixada do Brasil em Manama, capital do Bahrein, a primeira nova missão diplomática iniciada pelo atual governo. Também é dele a proposta de criar na Câmara o grupo parlamentar de amizade Brasil-Bahrein. Em entrevista do Diplomacia Business, ele falou sobre essa iniciativa e analisou os rumos da diplomacia brasileira com a aproximação dos países árabes.
Diplomacia Business: Qual é o objetivo do Grupo Parlamentar Brasil-Bahrein?
Deputado Eduardo Bolsonaro: O objetivo do Grupo Parlamentar Brasil-Bahrein é ficar ainda mais próximo desse país de economia pujante e faz parte do Golfo Pérsico. Os países árabes normalmente trabalham juntos, então é muito comum se fazer reunião com os Emirados Árabes, já que eu também presido o Grupo Parlamentar, e falar com Omã, Arábia Saudita, por vezes o Catar também.
Há muitas oportunidades nesses países, então a intenção é ficar ainda mais próximo, destacando que a iniciativa é do deputado mais votado da história do Brasil, filho do presidente e que até o ano passado presidia também a Comissão de Relações Exteriores de Defesa Nacional na Câmara dos Deputados. Acredito que isso deu uma sinalização positiva e diplomática para que o Bahrein considere o Brasil com a mesma estatura. A partir daí vamos dar passos para ficarmos mais próximos.
O senhor esteve recentemente no Bahrein em visita oficial. Quais suas impressões sobre o país?
Foi minha segunda visita. A primeira vez foi em dezembro de 2019. Retornei agora com o presidente Jair Bolsonaro e a visão é a melhor possível. É um país totalmente desenvolvido. Costumo brincar que lá realmente são os países de primeiro mundo, pois é tudo limpo, asfalto sem nenhum buraco, não tem uma pichação na rua! Em todos os locais que vamos as pessoas falam pelos menos duas línguas, o árabe e o inglês, então o turista fica confortável. É um país muito turístico, tem muita coisa para se fazer. Além de um oceano lindíssimo, com águas que dão pra você mergulhar, dentre outras atividades turísticas.
Durante a visita foi inaugurada a Embaixada Brasileira e falou-se sobre novos acordos comerciais. Quais foram encaminhados ou assinados?
O Bahrein pela primeira vez está recebendo um olhar mais atento por parte do governo brasileiro. Na verdade, olhamos para toda a região do Golfo com bons olhos. Afinal, o comércio mundial está mudando para o eixo asiático, para o sudeste asiático e o Oriente Médio fica exatamente no meio desse caminho.
Por isso, o Bahrein pode ser visto como o um hub para a entrada de nossos produtos na Ásia, em países que não são tão conhecidos pelo Brasil. Assim vamos construindo uma relação estratégica de alto nível, como já temos com os Emirados Árabes Unidos, por exemplo, com que recentemente assinamos um acordo tributário.
Um dos primeiros passos é com relação aos serviços aéreos. O acordo foi assinado, já passou pelo Congresso e o presidente da República deu o aval para que fosse implementado o acordo de serviços aéreos. Em nossa última visita, o ministro Gilson Machado, do Turismo, fez contato com as autoridades baremitas sobre a possibilidade de um voo da Golf Airlines, partindo da capital Manama para o Brasil. Há uma boa expectativa para que ano que vem, essa linha comece a operar, dependendo do final da pandemia. Se tudo continuar indo bem, talvez, no ano que vem a façamos esse anúncio.
O Bahrein tem uma das economias mais livres do Oriente Médio, mas a relação comercial bilateral ainda é tímida comparada com outros países da região. Qual a expectativa para os próximos anos?
A expectativa é a melhor possível. O Bahrein abriu uma embaixada em Brasília e nós inauguramos a Embaixada Brasileira em Manama. É preciso destacar que a atuação do embaixador Bader Alhelaibi que antes era encarregado de negócios e sempre foi muito ativo.
Acredito que esses passos, associados aos novos serviços aéreos, pode fortalecer a possibilidade de intercâmbio comercial, com o Bahrein servindo como hub para a entrada de nossos produtos lá, e posteriormente, possamos atrair investimentos do seu fundo soberano, o Montalact.
O Brasil vem cada vez mais se firmando como um porto seguro para a recepção desses investimentos. Em 2019, saltamos para a quarta posição mundial quando se fala em receber investimentos internacionais, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China e Cingapura. Isso é uma prova de que o investidor tá confiando no Brasil.
Nessa mesma viagem, depois do Bahrein fomos ao Catar, onde participamos de um jantar de negócios com os maiores empresários privados do país e ouvimos elogios sobre como o Brasil tem se aberto para o mundo, com avanço na desregulamentação, diminuição das burocracias, ações que possibilitam mais estrangeiros virem a investir no Brasil. Isso resultará na abertura de empresas, implementação de tecnologias internacionais aqui, automaticamente gerando emprego para os brasileiros, algo com que o governo Bolsonaro se preocupa.
O senhor presidiu a Comissão de Relações Exteriores da Câmara. Quais são as perspectivas de curto prazo na política brasileira, em especial para os países árabes?
A curto prazo, o aumento dos investimentos. Por exemplo, os Emirados Árabes Unidos aumentou em 33% as suas trocas com o Brasil este ano. É preciso lembrar que não estamos no período de normalidade, com muitas restrições por conta da pandemia. Mesmo assim os investimentos estão acontecendo, basicamente por conta da confiança.
O presidente Jair Bolsonaro está levando adiante uma agenda de privatização e de concessões. O Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do Brasil é o maior do mundo nessa área, ninguém está privatizando e oferecendo tantas concessões quanto o Brasil. Temos duas empresas, que são as maiores da América Latina no caminho para serem privatizadas, com tudo certo no Congresso que são os Correios e a Eletrobrás, a maior geradora de energia da América Latina.
Então, isso é um recado muito claro pro caminho que desejamos. O caminho que o país está seguindo e, certamente, a tendência é que cada vez mais, os árabes invistam aqui. Está tudo aí para vocês tirarem suas próprias conclusões. Vale lembrar que essa aproximação conjunta, simultânea com Israel e os árabes teve uma grande influência do Jared Kushner, genro do Trump, que era seu assessor dentro da administração, atuando com muito sucesso.
Não foram assinados apenas os acordos de Abraão, mostrando que estamos em uma nova fase geopolítica daquela região, com Israel assinando a normalização das suas relações diplomáticas com o Bahrein e Emirados Árabes Unidos. Vale destacar o Bahrein, com o Centro Global Rei Hamad Para Coexistência Pacífica, foram os pioneiros nessa área. Então temos Bahrein, Emirados Árabes, Marrocos, Sudão, dentre outros países para dizer que a geopolítica realmente tem mudado naquela. O Brasil tem acompanhado essa inovação e está aproveitando todas as oportunidades.