Cidades Verdes na África. Esse é o nome do programa que a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) lançou no final de junho, em sua sede, em Roma. Representantes da Cidade de Praia (Cabo Verde) e Quelimane (Moçambique) participaram do lançamento. O objetivo do programa é levar soluções inovadoras para essas e outras cidades africanas a fim de que se tornem mais sustentáveis e tenham maior acesso a alimentos saudáveis.
O programa terá ações de “efeito rápido” e treinamento personalizado para desenvolver e integrar sistemas alimentares, agricultura urbana e periurbana e a silvicultura urbana. Além de beneficiar a Cidade de Praia e Quelimane (ambas de língua portuguesa), a FAO assinou cartas de intenção do Cidades Verdes na África com outras três capitais: Nairóbi (Quênia), Antananarivo (Madagástar) e Kigali (Ruanda), além do município de Kisumu (Quênia).
Cerca de mil municípios também de outras partes do mundo devem participar do programa até 2030. O diretor-geral da FAO, Qu Dongyu disse que é possível redesenhar as cidades com um sistema mais sustentável e saudável de produção de alimentos, espaços e estilos de vida verdes com trabalho para os cidadãos. Ele lembra que com políticas e planejamento certos e soluções inovadoras, as comunidades podem construir resiliência e melhorar o bem-estar de todos nos centros urbanos e periferias.
Já a diretora-geral adjunta da FAO, Maria Helena Semedo, disse que as autoridades devem envolver os moradores das cidades no programa, assim como a juventude, a comunidade empresarial e tecnológica para também criar estratégias inteligentes de combate à mudança climática.
Os prefeitos das seis cidades-piloto do programa falaram durante o lançamento assim como representantes do Ministério do Meio Ambiente do Senegal. Segundo a FAO, atualmente, 55% da população mundial vive em cidades, e este número deve subir para 68% até 2050. A maioria vem de países de renda baixa especialmente da África e da Ásia.
Cabo Verde – O presidente da Câmara Municipal de Praia, Oscar Santos, esteve em Nova Iorque, na sede das Nações Unidas, oportunidade em que, em entrevista a ONU News, falou sobre os principais desafios que se avizinham para a cidade de cerca de 130 mil habitantes. Disse que o arquipélago é muito vulnerável às mudanças climáticas: “Com a falta de chuva não há tanta produção agrícola. Há migração do campo para a cidade. Isso levanta questões muito sérias: pressão na construção, construção ilegal, problemas na qualidade de alimentação e implicações para a saúde pública.”
“Nós apostamos em drenagem de água, sobretudo para proteger as pessoas das chuvas. Quando chove muito, há partes da Cidade da Praia que se tornam intransitáveis. É esse o grande trabalho que a câmara municipal da Praia está a fazer. Também estamos a fazer um combate forte às construções clandestinas, essas casas estão construídas em cima da linha de água o que significa uma ameaça à segurança das pessoas”, disse o representante de Cabo Verde.
Santos explicou que, em parceria com a FAO, a Câmara Municipal promove a micro-jardinagem junto das comunidades. Como parte da iniciativa, é distribuído um kit para o cultivo de vegetais. O objetivo é promover a autossuficiência e também incentivar as famílias a desenvolverem o seu próprio negócio. Disse que Cabo Verde tem de se preparar para lidar com o aumento do número de tempestades para evitar elevados graus de destruição e garantir a segurança das pessoas.
Oscar Santos participou de encontro promovido pela Assembleia Geral em parceria com a FAO e o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos, ONU Habitat. O encontro reuniu presidentes, representantes de câmaras municipais e prefeitos para discutirem o papel das cidades na agenda global.
Quelimane – O Departamento de Agricultura e Pesca no Conselho Autárquico de Quelimane concluiu no final de 2020 a segunda fase da campanha “Quelimane Cidade Verde” com o plantio de 150 mudas de árvores no município. Já são 850 árvores, somadas às 700 plantadas em diversas avenidas da capital moçambicana, com objetivos de reflorescê-la e despertar na sociedade uma consciência mais comprometida com os problemas ambientais urbanos.
“Com a retirada dos vendedores ambulantes dos passeios para zonas adequadas, o departamento de agricultura iniciou o plantio de árvores nestes locais, deste modo melhorando o ambiente verde de Quelimane”, disse o representante do Departamento, Elton Varinde. E acrescentou: “Pedimos a colaboração dos munícipes, porque temos material, temos a força dos jovens da cidade que querem apoiar este trabalho, o que precisamos é a colaboração e entendimento dos munícipes”. Na terceira fase da campanha prevê-se o plantio de um total de 5 mil mudas de árvores de sombra.
As informações são da ONU News e Conselho Autárquico de Quelimane