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“A minha responsabilidade é apresentar um projeto ambicioso e reformista”, declarou Pedro Nuno Santos, que conquistou 62% dos votos dos militantes do Partido Socialista, após o anúncio da sua vitória na noite de sábado.
“Mas ainda há muito o que fazer”, especialmente em matéria de habitação, emprego jovem e saúde, reconheceu ele, que se tornou o nono secretário-geral do PS, no seu discurso de vitória, apelando à “unidade” do partido antes das próximas eleições legislativas.
Na sede do PS, em Lisboa, a transição foi apresentada no domingo com uma entrevista com o novo e o antigo líder socialista.
“Estamos todos unidos para garantir a continuidade depois do 10 de março, com novas energias e novo impulso”, declarou António Costa, que se demitiu há um mês dos cargos de primeiro-ministro e de secretário-geral do PS, após ver seu nome envolvido em acusações de tráfico de influência.
Pedro Nuno Santos vem da ala esquerda do partido. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, ministro de Infraestrutura e da Habitação, desempenhou diversas funções nos governos de Costa, que comanda o país desde 2015. O político, que tem 46 anos, foi apresentado durante vários meses como um dos candidatos à sucessão de Costa. Em 2015, ele desempenhou um papel importante nos partidos de esquerda radical que permitiram aos socialistas chegar ao poder.
Polêmicas
Entretanto, a carreira deste político, originário do norte de Portugal e que iniciou a sua carreira na Juventude Socialista, é marcada por diversas polêmicas. Há um ano, ele foi forçado a se demitir do cargo de ministro dos Transportes, devido ao escândalo provocado pelo pagamento de indenizações de € 500 mil a um administrador da TAP Air Portugal enquanto a companhia aérea era alvo de um plano de reestruturação.
“Estamos aprendendo” com estes casos, justificou-se no sábado à noite, quando questionado mais uma vez sobre esta polêmica, preferindo lembrar que a intervenção na TAP, durante a crise sanitária da Covid-19, permitiu salvar a empresa.
O adversário de Nuno Santos nesta votação interna do PS, o atual ministro do Interior, José Luis Carneiro, disse estar disponível para cooperar com a nova liderança.
“A partir de hoje somos todos socialistas”, disse Carneiro, da corrente centrista do partido, que obteve quase 36% dos votos.
Crise
Portugal mergulhou numa crise política no dia 07 de novembro, depois de uma série de detenções e buscas terem levado à acusação do chefe de gabinete de Costa e do seu ministro de Infraestrutura, João Galamba, por um caso de tráfico de influência.
O Partido Socialista e o principal partido da oposição, o Partido Social Democrata (PSD, de centro-direita), aparecem hoje lado a lado nas eleições legislativas, segundo diversas pesquisas.
Toda a direita deverá, no entanto, eleger mais deputados do que a esquerda, enquanto o partido de extrema-direita Chega poderá conseguir um novo avanço eleitoral, segundo as pesquisas de opinião.
Com informações da AFP