A Pollera é considerada um dos trajes mais “hermoso” do mundo, segundo o embaixador do Panamá, Miguel Lecaro Bárcenas. Essa roupa tradicional panamenha faz tanto sucesso que, desde 1961, ganhou uma data comemorativa, 22 de julho, ocasião em que se realiza o Festival Nacional de Pollera do Panamá. Embaixadores, embaixatrizes e representantes do corpo diplomático de Brasília conheceram o traje e suas tradições, sexta-feira, 12.
A Pollera tradicional panamenha, de origem espanhola, foi apresentada por meio de dança e explicações do folclorista panamenho Rolando Domingo, no Instituto Cervantes de Brasília. O expositor fez duas apresentações no mesmo dia e local: pela manhã, para embaixatrizes; e à noite, para embaixadores e outros diplomatas. A iniciativa da embaixada do Panamá faz parte das comemorações do bicentenário da independência do país da Espanha, declarada em 28 de novembro de 1821.
História
Na ocasião, o embaixador Miguel Lecaro Bárcenas recordou fatos históricos: “houve o processo de independência e o Panamá passou a ser parte da Gran-Colômbia. O Panamá foi uma província da Colômbia, digamos que um segundo estado federal”. O diplomata lembrou que o Panamá se separou da Colômbia em 3 de novembro de 1903. Antes, em 28 de novembro de 1821, o país se separou oficialmente da Espanha.
“Parte das tradições e das culturas herdadas da Espanha são a Pollera. Sou um defensor do nosso traje típico nacional”, afirmou o diplomata. Miguel Lecaro destacou que desde que a Espanha chegou ao Panamá e a toda a América hispânica, “a sangue, cruz e fogo”, deixou a língua, a literatura, a religião e toda uma complexa bagagem cultural.
“Os americanos não só ficaram com o que os colonizadores entregaram, mas fizeram adaptações e conversões. No caso particular do Panamá, temos uma grande quantidade de tradições herdadas da Espanha e um dos fenômenos de transculturação é que vemos nessa noite”, comentou o diplomata, referindo-se à Pollera.
Pollera
tem suas origens na moda europeia, principalmente por influência espanhola do século 19. Adquire relevância no Panamá. É composta por uma camisa e um saião de tecido nobre. Desde 1915, a Pollera é usada por mulheres de todas as camadas sociais no Panamá.
A camisa é formada, em sua parte interna, por uma moldura básica coberta por uma capa e pelas mangas. O saião é composto por três peças: um cós, o corpo e o susto da saia. São trabalhadas em tecido branco ou estampadas com diferentes pontos e enriquecidas com tranças e rendas.
A joalheria da saia costuma ser feita em ouro ou prata folheada a ouro. O traje exige adornos como gargantilhas, brincos, bracelete, um anel, pentes e cocar para o cabelo.
Temblate
É o nome dado ao cocar feito de escamas de peixe ou de pérolas brancas e coloridas. Os temblates panamenhos são confeccionados à mão, com arame ou resinas especiais. Geralmente, são 12 pares, nos quais são agrupadas peças individuais, como flores, pássaros e até insetos. O cocar é colocado na cabeça das mulheres trajadas com Polleras.