Brasil, Bolívia, Colômbia, Peru, Venezuela, Suriname, Guiana e Equador são os países que ocupam cerca de 7 milhões de km da região amazônica. Parlamentares desses países formam um grupo que luta pela região. Criado há 33 anos, em 17 de abril de 1989, o Parlamento Amazônico (Parlamaz) foi reativado no fim de 2020, se reuniu algumas vezes remotamente ou em sessões híbridas.
Com uma trégua da pandemia, os parlamentares dos nove países da região amazônica agora já se reúnem presencialmente. O primeiro encontro foi realizado em 18 de maio, na sede da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), em Brasília. O presidente do Parlamaz, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), explicou que os embaixadores dos países amazônicos, em um almoço de final de ano, na embaixada do Equador, lhe pediram para retomar o Parlamaz.
Em entrevista ao Diplomacia Business, o senador Nelsinho Trad, que também é médico e ex-prefeito de Campo Grande (MS), falou sobre o Parlamaz e sua importância para a população dos oito países com terras na Amazônia. “A partir do momento que você se conscientiza de que meio ambiente saudável reflete na saúde do ser humano, você vai cuidar melhor das circunstâncias que envolvem a nossa saúde”, reflete. Veja a entrevista completa do senador:
Diplomacia Business – Quando o Grupo – que o sr preside – foi criado e com quais objetivos?
Senador Nelsinho Trad – Reativamos o Parlamaz há dois anos. Ocorreu após um apelo que recebi, durante um almoço de final de ano de 2019, na embaixada do Equador, onde lá estavam os embaixadores de países com áreas na Amazônia. E eles, incomodados que estavam, como todos nós, com narrativas não verdadeiras a despeito da situação real da Amazônia, nos incentivou a reativar o Parlamaz e assim foi feito.
É uma narrativa verdadeira de quem vive, nasce e trabalha a respeito dos problemas que lá existem. Infelizmente, logo depois que recriamos o Parlamento Amazônico, veio a pandemia do Covid-19. Houve umas cinco reuniões remotas ou semipresenciais do Parlamaz. Com surpresa, observamos que essa reativação veio em excelente hora, com todos ávidos para participar e a dizer o que estava passando nos seus países e para elencar temas para as reuniões. Vamos acompanhar questões da saúde, contexto de desmatamentos e queimadas, e a possibilidade de realizar um seminário internacional.
O senador Eduardo Braga (MDB-AM) sugere que o grupo trabalhe com o Ministério das Relações Exteriores e os parlamentos dos demais países amazônicos para aprovar uma emenda ao Tratado de Cooperação Amazônica, inserindo assim a criação de um fórum parlamentar em seu corpo normativo. Como o sr. vê essa iniciativa?
Senador Nelsinho Trad – As contribuições dos senadores do Amazonas muito interessantes, não só do senador Eduardo Braga, como dos senadores Plínio Valério e Omar Aziz, dos senadores que representam aquele estado porque são aqueles que sentem na pele os problemas oriundos de narrativas, de notícias, de situações que muitas vezes nós, que estamos afastados, não temos como medir. Então, vejo com bons olhos essa participação e também a do Itamaraty.
A adesão de deputados e senadores a esse grupo parlamentar é voluntária?
Senador Nelsinho Trad – Sim, é voluntária, mas estimulada por aqueles que defendem as causas do meio ambiente e principalmente daqueles que têm compromisso com o território da Amazônia.
Quantos parlamentares integram o grupo?
Senador Nelsinho Trad – Temos mais de 20 membros. Não tem como impedir a participação. Como vou impedir a vontade da participação de um senador de Mato Grosso, por exemplo, que não tem a Amazônia, mas tem o pantanal. Não posso deixar de ter a contribuição desse senador e daqueles que defendem a causa do meio ambiente.
O que os parlamentares podem fazer em favor da preservação ambiental e do controle das mudanças climáticas?
Senador Nelsinho Trad – Primeiro que a partir do momento que você fortalecer e institucionalizar esse fórum ele vai acabar sendo um demarcador de um território com um desenvolvimento sustentável, que inibe ações criminosas de garimpos, daqueles que fazem o tráfico de madeiras, daqueles que desmatam, queimam. Eu penso que só tem a ajudar uma iniciativa como essa que está sendo liderada pelo Parlamaz.
Qual o recado que o sr. poderia nos deixar sobre o Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho?
Senador Nelsinho Trad – Além do comprometimento de todos na questão da Amazônia, há que se ter uma conscientização muito maior do que esse comprometimento. Porque a partir do momento que você se conscientiza que meio ambiente saudável reflete na saúde do ser humano, você vai cuidar melhor das circunstâncias que envolvem a nossa saúde.
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