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A Agência da ONU para as Migrações (OIM) e o Serviço Pastoral dos Migrantes de Santa Catarina (SPM-SC) renovaram este mês a parceria para o funcionamento da Casa do Migrante Scalabrini. O intuito é continuar a acolher e dar suporte à integração de refugiados e migrantes venezuelanos que participam voluntariamente da Estratégia de Interiorização do Governo do Brasil oferecendo abrigamento temporário, apoio socioassistencial e ações educativas e de inserção laboral.
A parceria, iniciada em março de 2021, já possibilitou, pela interiorização na modalidade institucional, o acolhimento e integração de 65 venezuelanos que vieram do estado de Roraima, dentre os quais 29 eram crianças e adolescentes. A expectativa é que outros 20 sejam acolhidos nos próximos 3 meses.
A Casa do Migrante Scalabrini de Florianópolis oferece aos beneficiários acolhida integral, com alimentação, aulas de português e atendimento nas áreas de proteção e integração.
Para Carlos, 39 anos, que trabalha no ramo da construção civil, a expectativa da nova cidade de residência e da estadia na casa são muito boas. “Fui tratado muito bem, com muito respeito, me senti acolhido nesta Casa. Me sinto agradecido ao Brasil, não só pelo apoio que estão dando aos venezuelanos, mas para pessoas de outros lugares também”, contou o venezuelano que chegou este mês na capital catarinense com a esposa e os cinco filhos após passarem sete meses em Boa Vista.
Apoiar os venezuelanos a terem uma atividade profissional e a se inserirem de maneira autônoma no novo município de residência também faz parte dos objetivos da parceria entre a OIM e a SPM-SC. As pessoas acolhidas recebem apoio da equipe da casa na sua busca de emprego, incluindo ajuda na preparação de currículos e a intermediação com empresas da capital e do interior. Todas as famílias que passaram pela casa conseguiram colocação no mercado de trabalho, seja na cidade de Florianópolis ou em cidades do interior de Santa Catarina.
“A renovação desta parceria, tão exitosa, representa mais oportunidades de acolhimento digno aos migrantes e refugiados que chegam ao estado de Santa Catarina. O trabalho tem se desenvolvido muito desde que iniciamos, e a cooperação com a OIM tem sido fundamental. Com a viabilidade desse projeto foi possível integrar todas as famílias acolhidas até o momento, incluindo com a inserção laboral, que é o fator principal nessa etapa de chegada em outra cidade”, afirmou o coordenador da casa, Padre Marcos Bubniak.
Desde 2018, a OIM tem apoiado casas de acolhida e de passagem em todo Brasil para melhor receber os venezuelanos que participam da interiorização. De acordo com o coordenador de projetos da OIM, Guilherme Otero, “a Rede Scalabriniana tem tido um desempenho muito satisfatório no acolhimento destes refugiados e migrantes, especialmente com a integração laboral no estado de Santa Catarina. O trabalho da equipe técnica da Casa Scalabrini de Florianópolis é realmente exemplar, e isso se reflete nos resultados e satisfação dos beneficiários”.
A família de Yonni também está entre as beneficiárias da Casa do Migrante. Ele, a esposa e as duas filhas decidiram deixar as incertezas de lado e participar da Estratégia de Interiorização. “Nós como uma família pequena vimos essa oportunidade de crescer neste país que nos abriu as portas. Eu sou filho de migrante brasileiro que foi à Venezuela e sempre foi o sonho do meu pai de que eu me vinculasse à cultura brasileira e com o idioma, o português, e acho que é algo que devo a ele quando faleceu em julho do ano passado. Ele tinha esse sonho em que eu apresentaria às suas netas à cultura brasileira”.
Agora, tendo realizado o sonho do pai, novas aspirações já tomam forma e Yonni planeja o futuro para as filhas. “Eu tenho o sonho de que minhas filhas cresçam integralmente, não só como profissionais boas em suas áreas, mas como pessoas culturalmente ricas, que possam tocar, atuar, falar outras línguas. Me parece que Florianópolis é o lugar propício, por tudo que já pesquisei. Conheço a cultura do norte e agora a conheceremos a cultura do sul.”
O apoio da OIM nesta iniciativa é financiado pelo Escritório de População, Refúgio e Migração dos Estados Unidos (PRM).