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Por EOM*
A globalização é o processo que reúne e conecta mercados, sociedades e culturas de todo o planeta. A crise sanitária do covid-19 é um exemplo claro: um vírus que apareceu na China acabou gerando uma pandemia global porque o mundo está interconectado.
Originalmente, o termo foi cunhado em 1983 pelo economista americano Theodore Levitt, mas a origem do fenômeno não é clara. A maioria dos estudiosos considera que a globalização começou depois da Segunda Guerra Mundial e se desenvolveu principalmente a partir de 1980. Porém, há quem acredite que tenha começado no final do século XIX, ou mesmo com os primeiros impérios ultramarinos, entre os séculos XV e. XVI.
O fato é que a globalização se intensificou desde a década de 1980 devido aos avanços nos transportes e na tecnologia que facilitaram a movimentação de bens, serviços, capitais, informações e pessoas em todo o mundo. O desenvolvimento da aviação comercial, a padronização dos contêineres marítimos e a invenção da Internet ainda mais. Ao mesmo tempo, as políticas neoliberais do final do século 20 fizeram com que os mercados nacionais reduzissem as barreiras comerciais e se abrissem para o mercado exterior. Por isso, a globalização é principalmente econômica, embora também tenha aspectos políticos, culturais e tecnológicos. Sendo assim, seus agentes não são apenas empresas multinacionais e grandes organizações financeiras, mas também estados, cidades e até pessoas físicas.
Os rostos da globalização
Dos quatro tipos de globalização – econômica, política, cultural e tecnológica – a primeira é a mais avançada, graças ao comércio cada vez mais aberto e internacional. Os países eliminaram barreiras como tarifas e assinaram acordos comerciais para se integrarem economicamente. Ao mesmo tempo, as multinacionais transferem suas atividades para outros países para economizar custos, fenômeno conhecido como offshoring. A globalização econômica vem sendo seguida pela política, com novas organizações e regulamentações de alcance global, como a Organização das Nações Unidas, a Organização Mundial da Saúde ou acordos internacionais sobre o uso da energia nuclear.
A globalização cultural, por sua vez, tem consistido em um maior intercâmbio de valores e tradições entre os países. Por exemplo, o sucesso internacional da canção africana “Jerusalema “em 2020 ou desfiles de moda internacionais, como a Paris Fashion Week, são resultado da globalização cultural. Nos últimos anos, a globalização tecnológica se consolidou. Cada vez mais países usam a mesma tecnologia e as sociedades são conectadas por meio da internet e das redes sociais. O Facebook, por exemplo, tem 2,74 bilhões de usuários, 35% da população mundial.
O mundo já é um só
Uma das principais consequências da globalização tem sido o aumento do PIB global. Hoje há mais riqueza no mundo e, por sua vez, a taxa de pobreza extrema diminuiu 84% desde 1980. Isso se explica principalmente pela ascensão de economias emergentes como a China, cujo crescimento tirou milhões da pobreza extrema. Porém, o aumento do PIB mundial não se traduz em maior igualdade entre os países, muito pelo contrário: a globalização também gera desigualdade. Segundo um estudo da ONG Oxfam, desde o início do século, apenas 1% da nova riqueza mundial foi parar nas mãos da metade mais pobre da população, enquanto 50% dessa riqueza ficou com o 1 % mais rico.
Outra consequência da globalização é que o centro econômico e geopolítico do mundo está mudando do Ocidente para a Ásia, em especial para a China e Índia, que estão emergindo como um contrapeso à hegemonia dos Estados Unidos. A consequência é que a comunidade internacional não tem mais um polo único de poder, mas vários.
Críticas e polêmicas
Sabidamente, a globalização também desperta críticas. Para as classes média e baixa dos países desenvolvidos, equivale a perder seus empregos para a concorrência de produtos fabricados em países com salários mais baixos. Esse descontentamento contribuiu para a proliferação de partidos e movimentos anti establishment, como o French National Front ou o Brexit, uma reação às consequências negativas da globalização.
Por outro lado, há um movimento que critica o caráter neoliberal da globalização, considerando-a um instrumento dos Estados Unidos para exportar seu modelo socioeconômico e, assim, preservar sua hegemonia. Organizações ambientais como Greenpeace ou WWF também denunciam seu impacto ambiental. Segundo eles, o crescimento econômico também acarreta processos de desmatamento, extração insustentável de recursos naturais e aumento do consumo de combustíveis fósseis, que agravam o aquecimento global.
* El Orden Mundial (EOM) é um site sobre relações internacionais