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Clivia Caracciolo, correspondente da RFI na Holanda
O que levou os quatro partidos da coalizão a decidir nomear um primeiro-ministro ao invés de ocupar um deles o cargo neste novo gabinete foi a falta de consenso para um nome escolhido entre um dos quatro partidos que formaram a coalizão inicial (Partido para a Liberdade – PVV, Partido Popular da Liberdade e Democracia – VVD, Movimento Cidadão dos Ruralistas-BBB, Partido do Novo Contrato social – NSC) e também para não prolongar indefinidamente, por meses a fio, a ausência de um governo para o país.
As eleições legislativas aconteceram, antecipadamente, em novembro de 2023 e o partido de extrema direita, PVV, Partido para a Liberdade, que venceu levando 37 cadeiras para a Câmara dos Deputados, um alcance até maior do que o esperado.
Os partidos maiores, logo de início, disseram que não iriam fazer acordo com o partido de Geert Wilders, e complicaram a situação para o prosseguimento que levaria à formação de um gabinete com o mínimo de tolerância interna.
O processo de formação foi extremamente trabalhoso porque houve a colaboração de especialistas, mediadores e facilitadores, que entravam e saíam tentando ajustar as enormes diferenças que cada representante dos partidos tinham entre si, mostrando a desconfiança mútua que baseava as conversações.
Perfil do novo primeiro-ministro holandês
O alto funcionário, Dick Schoof, 67 anos, desde 2020 ocupava o cargo de secretário-geral do Ministério da Justiça e Segurança e já trabalhou como coordenador nacional do Serviço de combate ao Terrorismo e Segurança. Ele ajudou a fazer novas políticas internas no Serviço de Imigração e Naturalização de migrantes. O tema que derrubou o gabinete anterior.
Na conferência à mídia nacional, ele disse que “você deve se perguntar se pode fazer algo de bom e minha resposta foi que eu posso dar minha colaboração imediata para uma união – entre os partidos da coalizão – e este é por si só algo valioso”.
Ele se diz disposto a “governar para todos os holandeses”. A motivação principal que levou à aprovação de seu nome foi a capacidade de agregação, o fator necessário para unir os quatro partidos da coalizão.
Até nas primeiras horas desta terça-feira, dois desses quatro partidos, através de seus eleitores, expressavam um baixo índice de confiança no alto funcionário nomeado para ser o primeiro-ministro da Holanda, por um período sem data marcada para acabar.
Legado de Mark Rutte
O novo primeiro-ministro Schoof substitui Mark Rutte, o que ficou mais tempo no cargo na Holanda, após a Segunda Guerra Mundial, conforme o Centro para a História do Parlamento. Foram 14 anos ocupando a chefia do governo, na capital administrativa Haia.
Como primeiro-ministro, ele inaugurou no governo a tendência liberalista e chefiou quatro gabinetes seguidos. Rutte será partir de outubro o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), cargo cobiçado ao qual que foi necessária campanha política e diplomática para Rutte convencer líderes europeus que era a melhor escolha, pois alguns candidatos de países como a Romênia também queriam o cargo. A escolha de chefe da Otan é por unanimidade.
A Holanda, apesar de ser um país territorialmente pequeno, exerce grande influência no contexto geo-político no continente.