O Museu da Língua Portuguesa reabre ao público no dia 31 de julho. Foram quase seis anos fechado, após um incêndio destruir o local, em 2015. O prédio na icônica Estação da Luz, no Centro de São Paulo, será reinaugurado após uma reforma completa, que custaram R$ 85,8 milhões.
Para a cerimônia de reabertura foram convidados três presidentes de países de língua portuguesa:
Marcelo Rebelo de Sousa, de Portugal; Jorge Carlos de Almeida Fonseca, de Cabo Verde; e Filipe Nyusi, de Moçambique.
Os horários de funcionamento do museu são de terça-feira ao domingo, das 9h às 18h. O ingresso custa R$ 20, vendido pelo site do museu. Crianças até 7 anos não pagam.
Aos sábados, a entrada é gratuita, porém, devido à pandemia, a visitação precisa ser agendada e o número de pessoas é restrito.
Língua Solta
Na mostra permanente “Línguas do mundo”, mastros se espalham pelo hall com áudios em 23 diferentes idiomas. Para a instalação, foram escolhidas línguas, entre as mais de 7 mil existentes, que têm relação com o Brasil, incluindo expressões originárias, como yorubá, quimbundo, quéchua e guarani-mbyá.
A primeira mostra temporária da retomada chama-se “Língua Solta”, e tem o objetivo de mostrar a língua portuguesa em seus amplos e diversos desdobramentos na arte e no cotidiano por meio de um conjunto de artefatos que ancoram seus significados no uso das palavras, como objetos da arte popular e da arte contemporânea, apresentados de maneira diversificada.
Para isso, apresenta um conjunto de artefatos que ancoram seus significados no uso das palavras, incluindo objetos da arte popular e da arte contemporânea. Com curadoria de Fabiana Moraes e Moacir dos Anjos, as 180 peças serão exibidas no primeiro andar do museu até 3 de outubro de 2021.
O projeto assume a língua como operador social que não somente reflete, como também reorganiza formas de vida. A mostra abriga, de modo intuitivo e lúdico, algumas das estratégias criativas que, estruturando imagens e objetos os mais distintos, sugerem e desdobram o poder que a língua tem de emancipar. “A gente entende que a língua é um espaço de disputa de poder e vai se refletir em questões várias do Brasil – de raça, de classe, de gênero e de geografias”, afirma Fabiana Moraes.
Logo no início, uma das pontas de entrada na sala exibe Eu preciso de palavras escritas, manto bordado por Arthur Bispo do Rosário e, na outra, quatro estandartes de maracatu rural, trazidos de Pernambuco para a mostra. Atrás dos estandartes, uma parede exibe a projeção de memes do coletivo Saquinho de Lixo e, na parede oposta, o mural Zé Carioca e amigos (Como almoçar de graça), de Rivane Neuenschwander, convida o público a escrever e desenhar em giz o que lhe passar pela cabeça naquele momento, numa parede transformada em base para histórias em quadrinhos.
Nos primeiros metros do percurso, portanto, os visitantes terão contato com o embaralhamento proposto pelos curadores e que dá a tônica de toda a exposição, conectando a arte à política, à vida em sociedade, às práticas do cotidiano e às formas de protesto, de religião e de sobrevivência – sempre atravessados pela língua portuguesa. Cartazes de rua, cordéis, brinquedos, revestimento de muros e rótulos de cachaça se misturam em todo o espaço às obras de Mira Schendel, Leonilson, Rosângela Rennó, Jac Leirner, Emmanuel Nassar, Elida Tessler e Jonathas de Andrade, dentre outros artistas contemporâneos.