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A Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, disse haver muitos países ponderando introduzir a energia nuclear para aumentar a produção energética confiável e limpa. A capacidade mundial de geração nuclear deverá atingir 792 gigawatts até 2050, o dobro dos 393 GW projetados no ano passado.
A revisão “Estimativas de energia, eletricidade e energia nuclear para o período até 2050” indica que manter o nível atual de 392 GW gerados seria o cenário mais baixo nesse período. A energia nuclear é uma fonte limpa para geração de energia e não polui o meio ambiente.
Inovação
No entanto, para que a previsão alcance o cenário mais favorável são necessárias ações como acelerar a implementação de tecnologias nucleares inovadoras.
Para o diretor-geral da Aiea, Rafael Mariano Grossi, as novas projeções demostram que a energia nuclear continuará tendo “um papel indispensável na produção de energia de baixo carbono.”
Ele considera os dados do relatório como “um sinal encorajador de crescente conscientização de que a energia nuclear, que não emite dióxido de carbono durante a operação, é absolutamente vital nos esforços para alcançar emissões líquidas zero”.
As projeções iniciais foram publicadas em 2021 e refletem a crescente importância das questões das mudanças climáticas e da energia nuclear para a redução das emissões a partir da produção da eletricidade.
Investimentos
Para a Aiea, os compromissos do Acordo de Paris podem apoiar o desenvolvimento da energia nuclear se as políticas energéticas e os projetos facilitarem os investimentos em tecnologias de baixo carbono.
As projeções que apontam a duplicação da capacidade nuclear até 2050 estão próximas das projeções da Agência Internacional de Energia que constam da publicação “Emissão Líquida Zero até 2050 – Um Roteiro para o Setor Global de Energia”.
A energia nuclear poderia contribuir com cerca de 12% da eletricidade global até 2050, um ponto percentual acima das projeções de alta apresentadas para o mesmo período no ano passado.
Baixo carbono
Em 2020, a energia nuclear gerou cerca de 10% da eletricidade mundial. A previsão do cenário mais baixo permaneceu inalterada com uma estimativa de participação de 6% para a energia nuclear na geração total de eletricidade.
O carvão continua a ser a fonte de energia dominante para a produção de eletricidade em cerca de 37% para 2020, mudando pouco desde 1980.
A Aiea aponta que novas tecnologias de baixo carbono, como a produção de hidrogênio nuclear ou reatores pequenos e avançados, serão cruciais para alcançar o zero líquido.
A expectativa é que a energia nuclear forneça soluções para o aumento do consumo de eletricidade, para preocupações com a qualidade do ar e a segurança do fornecimento de energia.
Reformas
Estão em curso inovações para alargar o uso de técnicas nucleares em áreas associadas, como produção de calor ou hidrogênio.
A Aiea revelou que programas de gerenciamento de envelhecimento das instalações nucleares e operação de longo prazo estão sendo implementados para um número crescente de reatores de energia nuclear. Cerca de dois terços estão em funcionamento há mais de 30 anos.
Mesmo com a extensão da operação de várias centrais nucleares para entre 60 e 80 anos, é necessária uma nova capacidade nuclear significativa para compensar reformas destas instalações a serem feitas no longo prazo.
O documento defende que muitas novas usinas serão necessárias para manter o papel atual da energia nuclear na matriz energética. Existe, no entanto, incerteza quanto à substituição desses reatores, principalmente na Europa e na América do Norte.
Taxa de consumo
A 41ª edição das Estimativas de energia, eletricidade e energia nuclear para o período até 2050 fornece tendências globais detalhadas em energia nuclear por região.
Na América Latina, por exemplo, o consumo global de energia deverá aumentar cerca de 19% dos níveis de 2020 até 2030, e cerca de 37% até 2050. A média anual será de cerca de 1,1%. O consumo de eletricidade deve crescer em cerca de 3% ao ano, mais que dobrando nas três próximas.
África
No norte, Oeste e Sul da Europa, o consumo total de energia deverá permanecer constante até 2030, mas decrescer 15% até 2050, em cerca de 0,8%. A taxa de consumo de eletricidade pode aumentar em cerca de 25% em 2050.
Na África, a capacidade total de geração elétrica crescerá em 52% até 2030 e poderá subir quatro vezes até 2050.
Até 2030, a geração de energia nuclear pode crescer em 58% e passar por mais de oito vezes até 2050 em comparação com a capacidade de 2020.
O continente deve aumentar a produção total de eletricidade em cerca de 43% até 2030.