Influenciada pelos árabes mouros, os andaluzes, a gastronomia marroquina é apreciada em quase todo o mundo, pelo sabor, qualidade e rica variedade. No país de 36 milhões de habitantes, cozinhar é mais do que arte. É tradição, paciência e amor pela cozinha, conceitos que passam de geração a geração, tornando essa atividade exemplar, com toques muito especiais. A embaixatriz do Marrocos no Brasil, Siham Belamine Adghoghi, nos mostrou como se faz um típico almoço marroquino e dá detalhes sobre as características da gastronomia do seu país.
Antes do almoço, chá e doces típicos foram servidos para a CEO da Diplomacia Business, Elna Souza e a repórter Súsan Faria. A conversa fluiu naturalmente com a jovem embaixatriz de olhos expressivos, estilista, também diplomada em Finanças e mãe de quatro filhos, entre 10 e 24 anos de idade.
De acordo com a embaixatriz, a gastronomia marroquina tem quase sempre o agridoce, a combinação do doce com o salgado, o acréscimo de amêndoas, mel, canela, água de flor de laranjeira e frutas secas nos pratos. “São receitas antigas, passadas de mães para filhas e específicas por regiões do país”, explica. Destaca que a maioria dos pratos leva bom tempo para serem preparados, como o mechoui, o carneiro assado, que demora no mínimo seis horas para ser feito.
Passas e mel
A pastilla é um prato antigo e o preferido da embaixatriz, um tipo de torta de massa folhada crocante, recheada com passas, mel, frango ou carne de pombo (ave comumente usada para alimentação no Marrocos) e cobertura com açúcar e canela. A pastilla vem de Fez, cidade onde Siham Belamine tem parentes e forte ligação, embora tenha nascido em Casablanca, famosa pelo filme norte-americano de mesmo nome de 1942.
Já o tagine – nome de utensílios de barro e também do prato de frango com azeitona e limão – é tradicional do sul do país. A tangia, um guisado de carnes com açafrão, é muito conhecido em Marrakech. O cardápio marroquino geralmente oferece entradas, saladas quentes e frias, prato principal, sobremesa e chás.
Entre as saladas frias estão a de pepino ralado acrescido de limão, orégano e um pouquinho de açúcar para tirar a acidez; e a taktouka, feita com tomate, pimentão, alho, páprica torrada e azeite. Entre as saladas quentes destaque para a Zaâlouk – berinjela assada com tomates, azeite, salsa, cominho, coentro e alho. Frutas secas e, claro, o couscous com carne, sêmola de trigo, uva passas caramelizadas e sete legumes, são inigualáveis.
Mediterrâneo
A embaixatriz Siham Belamine comenta que a gastronomia marroquina é classificada como uma das melhores do mundo. Também a localização geográfica e as condições climáticas do Marrocos fazem com que o país ofereça ricos pratos de frutos do mar. O Marrocos possui duas fronteiras marítimas: o mar Mediterrâneo e o oceano Atlântico. Tem 3.500 km de litoral, por isso é tão rico em peixes e oferece muitos pratos com frutos do mar e legumes. “É uma gastronomia mediterrânea, com muita diversidade”, reforça a embaixatriz.
Quem ainda não foi ao Marrocos, mas já leu livros como “O tempo entre costuras”, da espanhola Maria Dueñas, ou viu a série de mesmo nome apresentada na Netflix, sabe que o Marrocos é um país mágico, com pessoas, gastronomia, tradição, tecidos, cores e sabores muito especiais.
O cuidado na gastronomia marroquina inclui o montar a mesa, geralmente redonda, com dois forros, o básico mais cumprido e o artesanal com bordados a mão, e enfeites com pérolas, tagines (vasilhames artesanais) e velas. Azeite, mel, hortelã, açafrão, salsa e coentro são temperos que não faltam nos lares marroquinos. O que mais não pode faltar na despensa dessas casas? “pães artesanais e chás”, explica a embaixatriz. Para completar a refeição marroquina, doces à base de frutas secas, mel e água da flor de laranjeira; e chá digestivo de hortelã.
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