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Por Bian Zhuodan e Xuan Liqi
Espera-se que o retorno de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência do Brasil deixe as relações China-Brasil e a cooperação entre a China e os países da América Latina e Caribe (ALC) mais dinâmicas, além de ajudar a promover a prosperidade comum em todo o mundo, dizem mídia brasileira, especialistas e estudiosos.
O representante especial do presidente chinês, Xi Jinping, vice-presidente, Wang Qishan, participou da posse de Lula em 1º de janeiro na capital Brasília, junto com representantes de mais de 60 países e organizações internacionais.
NOVA ERA DA DIPLOMACIA DE LULA
Em seu discurso de posse, Lula destacou que seu novo governo está comprometido com a “unidade e reconstrução”, com a resolução das atuais crises e desafios enfrentados pelo Brasil, para colocar novamente o maior país da América Latina entre as principais economias do mundo, além de promover o retorno do Brasil à arena internacional.
Este é o terceiro mandato presidencial de Lula. Ele venceu mais um mandato de quatro anos nas eleições gerais de outubro de 2022, vencendo com 60,3 milhões de votos, ou 50,9% do total, enquanto seu antecessor Jair Bolsonaro teve 58,2 milhões de votos, ou 49,1%.
À frente de política externa, Lula prometeu recuperar a diplomacia multilateral e desenvolver ativamente laços de cooperação com a China, a União Europeia (UE) e outros parceiros internacionais, destacando a importância de mecanismos multilaterais como o bloco comercial sul-americano Mercosul e o BRICS com economias emergentes que incluem Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Representante-especial do presidente chinês Xi Jinping, vice-presidente Wang Qishan, entrega uma carta assinada por Xi ao novo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião em Brasília, capital do Brasil, no dia 2 de janeiro de 2023. (Xinhua/Liu Bin)
Como representante-especial de Xi, Wang entregou uma carta assinada por ele e transmitiu as felicitações de Xi, além do convite para que Lula visitasse a China. Ele disse que Lula é um velho amigo do povo chinês, que há muito cuida e apoia o desenvolvimento das relações China-Brasil.
Mauricio Santoro, cientista político e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, disse que Lula enfatiza a importância para o crescimento econômico do Brasil de parcerias com os principais países em desenvolvimento e busca criar relações mais equilibradas com grandes atuantes ocidentais.
Cargueiro com grãos de soja do Brasil se prepara para descarregar no porto de Yangpu, na Zona de Desenvolvimento Econômico de Yangpu, em Danzhou, província de Hainan, sul da China, no dia 22 de julho de 2022. (Xinhua/Guo Cheng)
RELAÇÕES APRIMORADAS CHINA-BRASIL
Estudiosos brasileiros veem o novo mandato de Lula como uma chance de melhorar as relações Brasil-China, o que também contribuirá para a governança global, a ordem internacional e os mecanismos multilaterais.
Marcos Cordeiro Pires, professor da Universidade Estadual Paulista, acredita que “Brasil e China têm grande potencial para cooperação futura”.
“Durante o governo Lula, as relações Brasil-China serão ainda mais aprimoradas, desenvolvidas e melhoradas. Os dois países fortalecerão a coordenação em questões como desenvolvimento global e segurança, apoiarão o multilateralismo, serão contra o protecionismo, cooperarão na construção de infraestrutura e responderão ativamente às mudanças climáticas e o aquecimento global”, disse ele.
“As relações Brasil-China serão um importante pilar para a manutenção da paz e do desenvolvimento mundial”, acrescentou Pires.
Bruno de Conti, economista e professor do Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade Estadual de Campinas, espera que a cooperação científica e tecnológica entre Brasil e China seja aprofundada e beneficie os dois países.
Filipe Porto, pesquisador do Observatório de Política Externa do Brasil, concorda, dizendo que o Brasil e a China provavelmente cooperarão plenamente em várias áreas além da economia.
Confiante em um melhor relacionamento entre Brasil e China, de Conti disse que “conforme a confiança entre Brasil e China ficar mais forte, a partir de janeiro, haverá cada vez mais oportunidades para várias negociações entre ambos”.
Foto tirada no dia 18 de janeiro de 2021 mostra a Longping High-Tech Brazil, uma empresa de capital chinês pertencente à Longping Agriculture Science Co., Ltd., em Cravinhos, Brasil. (Xinhua)
PROSPERIDADE ENTRE CHINA E ALC
Como a América Latina é uma região com muito potencial e crescente influência internacional nos últimos anos, as relações China-Brasil de alto nível também devem estimular a cooperação China-ALC.
A China está disposta a trabalhar com os países da ALC em áreas como economia verde, redução da pobreza, segurança alimentar, vacinas e mudanças climáticas para melhorar o bem-estar da população e aumentar a prosperidade comum por meio da cooperação.
Ivan Oliveira, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada do Brasil, acredita que o financiamento verde terá um papel importante na cooperação bilateral e multilateral entre a China e os países da ALC.
Estudiosos brasileiros também compartilham a visão de que o caminho da China para a modernização, desenvolvimento de alta qualidade e estratégias de desenvolvimento sustentável podem oferecer oportunidades para parcerias bilaterais e multilaterais entre a China e os países da ALC.
Desde o início da pandemia de COVID-19, a China, como um dos primeiros países a distribuir vacinas para países em desenvolvimento, forneceu quase 400 milhões de doses de vacinas e quase 40 milhões de unidades de suprimentos de combate à pandemia para a região da ALC.
Visando o futuro das relações China-América Latina, o embaixador chinês no Brasil, Zhu Qingqiao, disse que a América Latina também embarcará em um caminho de modernização adaptado às suas necessidades, assim como a China tem feito.
“Na nova era, a China está empenhada em construir um relacionamento China-América Latina que seja igual, mutuamente benéfico, inovador e aberto para o povo, além de impulsionar os laços China-América Latina e aumentar o nível da cooperação geral entre a China e a América, buscando beneficiar ainda mais os povos da China e da América Latina”, disse Zhu.
(Os correspondentes da Xinhua Zhao Kai e Yan Liang na Cidade do México, e Chen Weihua no Rio de Janeiro também contribuíram para a matéria.)