Getting your Trinity Audio player ready...
|
O Instituto Arava de Estudos Ambientais e a organização palestina Damour para o Desenvolvimento Comunitário anunciaram o estabelecimento de um novo Centro de Diplomacia Ambiental Aplicada, em colaboração com a Escola Martin de Gestão Transnacional de Recursos Naturais da Universidade de Oxford, Inglaterra.
A instituição inglesa trabalha há três anos com cientistas de Israel, Jordânia e Palestina, no primeiro projeto desse tipo para monitorar e prever o que acontecerá com os recursos naturais regionais em face das mudanças climáticas, com atenção especial à energia e à água.
“Há necessidade de equipar líderes nacionais e regionais, diplomatas, líderes comunitários, especialistas em segurança e funcionários de saúde com as ferramentas necessárias para lidar com os riscos crescentes das mudanças climáticas é urgente”, disse o comunicado conjunto. “Essas ferramentas incluirão uma compreensão da ciência das mudanças climáticas e das implicações políticas, econômicas e estratégicas para os países, em nível nacional e regional”, afirmaram as instituições.
O centro, considerado o primeiro do gênero no mundo, ficará sediado no Instituto Arava, localizado no Kibutz Ketura, no sul de Israel, e terá escritórios em Tel Aviv e Ramallah. Ele combinará pesquisa acadêmica conjunta de israelenses, palestinos e jordanianos com atividades diplomáticas regionais e projetos de campo em Israel, Jordânia, Cisjordânia e Gaza.
Em colaboração com outras instituições de pesquisa, como a Escola de Estudos Ambientais Porter da Universidade de Tel Aviv e o Centro de Ciências do Mar Morto e Arava de Mitzpe Ramon, a nova instituição fornecerá “um espaço seguro para pesquisadores, líderes comunitários, diplomatas, empresários e representantes do governo. para realizar reuniões, estabelecer contatos e desenvolver projetos, segurança, saúde pública e desenvolvimento econômico sustentável ”, informa o comunicado. “A Diplomacia Ambiental Aplicada está se desenvolvendo com o uso de ferramentas ambientais e diplomáticas para aliviar situações de conflito e resolver crises ambientais”, diz a declaração.
Os membros fundadores do Conselho Consultivo Internacional do centro incluem o Embaixador Dennis Ross, dos Estados Unidos; Marc Otte, ex-enviado especial da União Européia ao Oriente Médio; J.M. Hall, professor de Riscos Ambientais e Climáticos da Universidade de Oxford; e Richard Caplan, professor de Relações Internacionais de Oxford.
O Instituto Arava, a Damour e vários parceiros regionais vem colaborando no Fórum Ambiental Track II por cinco anos, visando construir a confiança nas comunidades locais e cooperar em iniciativas transfronteiriças. Suas ações incluem a instalação de água potável e sistemas de tratamento de águas residuais na Faixa de Gaza, energia renovável e projetos de agricultura sustentável para comunidades fora da rede nas regiões de Gaza, Judéia e Cisjordânia e Jordânia.
Clive Lipchin, diretor do Centro de Gerenciamento de Água Transfronteiriço do Instituto Arava, desenvolveu uma unidade de tratamento de águas residuais movida a energia solar. A planta foi testada em um vilarejo beduíno e está sendo expandida em uma comunidade no norte da Judéia e Samaria. A água reciclada é usada para irrigar as oliveiras.
No Vale do Jordão, Lipchin tem trabalhado na dessalinização para ajudar os agricultores palestinos a desenvolver safras comerciais de alto valor e rápido crescimento que podem ser vendidas rapidamente, como tomates, pepinos, melões e pimentões. O lençol freático da área é salino, obrigando os agricultores a recorrer ao cultivo de tamareiras, que engolem água e só começam a frutificar depois de cinco a sete anos, além de exigirem equipamentos de armazenamento proibitivos para manter a qualidade entre a colheita e a venda.
O Instituto Arava também está vinculado à Iniciativa para as Mudanças Climáticas do Mediterrâneo Oriental e Oriente Médio (EMME-CCI), lançada em 2019 pelo governo do Chipre. Esse projeto realizou uma grande conferência internacional no início deste mês.
Grandes mudanças climáticas na região
O Dr. Tarek Abu-Hamed, diretor executivo do Instituto Arava de Estudos Ambientais, argumenta que a questão das mudanças climáticas na região não pode ser ignorada. “O Oriente Médio é um ponto quente quando se trata de mudança climática e precisamos de soluções urgentes”, disse ele. Apesar do conflito, reconhecemos a importância do diálogo, especialmente em matéria civil. Esperamos e acreditamos que esta iniciativa regional receberá amplo apoio internacional de agências governamentais, organizações internacionais, organizações da sociedade civil e do setor empresarial. Contribuirá para a criação de um Oriente Médio mais estável e resiliente, ajudará a restaurar a confiança nas futuras negociações políticas e, no futuro, servirá de inspiração para outras zonas de conflito no mundo”.
Na semana passada, o presidente de Israel, Yitzhak Herzog, anunciou a criação do Fórum Israelense sobre Mudanças Climáticas, que conduzirá o debate sobre a crise climática e o papel de seu país no combate ao aquecimento global. O fórum contará com representantes do governo de Israel, Knesset, acadêmicos, autoridades locais e do setor empresarial e industrial. Funcionará sob a cooedenação da Presidência de Israel e se reunirá várias vezes ao ano.