Os países das Américas serão importantes para reduzir a crise alimentar, nutricional e humanitária que é causada pelos efeitos da pandemia da Covid-19 e do conflito bélico no Leste Europeu.
O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) sinaliza que o trabalho coordenado entre esses países será essencial para evitar que esses problemas se agravem.
O IICA apresentou, na Cúpula das Américas, uma proposta para a ação coletiva dos países da região, com foco no fortalecimento e na transformação dos seus sistemas agroalimentares, que são ferramenta fundamental para a segurança alimentar, a sustentabilidade ambiental e a busca de paz e estabilidade democrática.
O documento mostra que a região dispõe de ativos que potenciam o seu papel estratégico para o futuro como continente de paz, com disponibilidade de recursos naturais e diversidade de sistemas produtivos, mas que também lida com lacunas sociais e de produtividade que revelam a necessidade de modernização dos sistemas agroalimentares. Lembra ainda que as Américas têm uma história de esforços conjuntos entre países que deve continuar.
Entre as ações que o IICA propõe para a abordagem dos desafios de curto prazo estão:
- A criação de instâncias de diálogo público-privadas para monitorar preços e assegurar o abastecimento de fertilizantes para as safras 2022-2023;
- A coordenação com o sistema bancário para o financiamento adequado à elevação dos custos de produção;
- O reforço das redes de proteção social e dos planos alimentares para sustentar o acesso das populações de renda menor e vulneráveis a dietas saudáveis;
- A promoção do comércio e a integração regional; e
- A garantia do funcionamento adequado do comércio internacional de alimentos, evitando-se a geração de maior volatilidade nos mercados mundiais.
O IICA alerta que o cenário de crises superpostas exige respostas urgentes no curto prazo, que gerem resiliência em um mundo futuro que se antecipa mais desafiador e instável.
Para as tarefas de médio e longo prazo, o IICA propõe quatro eixos estratégicos, que retomam os consensos alcançados pelos ministros da agricultura das Américas – em extensas jornadas de debate coordenadas pelo organismo – em torno de 16 mensagens-chave sobre o papel insubstituível da agricultura, que o continente apresentou à Cúpula de Sistemas Alimentares 2021 das Nações Unidas.
O primeiro eixo é o fortalecimento e a transformação dos sistemas agroalimentares das Américas. Destaca-se aqui o papel essencial dos sistemas agroalimentares no desenvolvimento econômico, no emprego decente e nas exportações, com base em um setor privado dinâmico e na inclusão das mulheres, das minorias e dos jovens.
Pertencem ao segundo eixo os desafios e as oportunidades do comércio agroalimentar das Américas no novo contexto geopolítico. O documento adverte que é conveniente promover-se e facilitar-se o comércio intrarregional de produtos alimentares, que hoje não está sendo aproveitado em todo o seu potencial por problemas como insuficiência de infraestrutura e logística e ausência de convergência regulatória apropriada.
O papel da ciência, da tecnologia e da inovação como instrumentos centrais para uma produção agroindustrial eficiente e sustentável e para o preenchimento das lacunas de produtividade é o terceiro eixo. A tecnologia aparece como o meio de adaptação à mudança do clima com o aproveitamento do potencial produtivo, para o que é imprescindível assegurar as capacidades de acesso às tecnologias mediante o aumento dos níveis de investimento em pesquisa e desenvolvimento na região.
O quarto eixo é a necessidade de se facilitar a inclusão econômica e social reforçando-se o sistema cooperativo. Neste sentido, observa-se que a crise está colocando a agricultura familiar sob pressões adicionais, sem alívio das que já vinha sofrendo.
O documento afirma que a presença de empresas cooperativas agrárias nas economias rurais é particularmente importante em cenários de incerteza. Convencido disso, o IICA elaborará diversas ações e projetos de alcance hemisférico – em parceria estratégica com instituições internacionais, redes acadêmicas, o setor privado e a sociedade civil – para facilitar a modernização da agricultura familiar e fortalecer os líderes cooperativos.
*Com informações IICA
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