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As mudanças climáticas e o papel central dos povos indígenas na conservação do meio ambiente foram temas discutidos em reunião da presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, e o embaixador do Brasil na Alemanha, Roberto Jaguaribe, nesta quarta-feira (18). O encontro, realizado na embaixada brasileira na capital alemã, Berlim, contou ainda com a presença do escritor e líder indígena Yanomami Davi Kopenawa. A reunião teve como objetivos principais o fortalecimento das relações e a ampliação das parcerias entre Brasil e Alemanha, em especial no que diz respeito aos povos e territórios indígenas.
Acompanhada da diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai, Lucia Alberta, Joenia Wapichana reiterou o compromisso da autarquia indigenista em proteger as Terras Indígenas e reforçou o papel que os povos indígenas desempenham na mitigação das mudanças climáticas. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), os indígenas representam 5% da população mundial e são responsáveis por proteger 80% da biodiversidade do planeta.
“A ligação dos povos indígenas com os territórios, bem como seus modos de vida em harmonia com o meio ambiente, tem feito das terras tradicionalmente ocupadas verdadeiras ilhas de vegetação nativa, frente ao desmatamento enfrentado nos biomas brasileiros”, destacou a presidenta, lembrando que a Funai já mantém importantes parcerias com instituições alemãs focadas, em especial, na integridade territorial e nos direitos dos povos indígenas.
A cooperação permite o desenvolvimento de projetos nas áreas de preservação ambiental, gestão sustentável de terras indígenas e fortalecimento das comunidades indígenas. Esses projetos visam a garantir a proteção das florestas e a sustentabilidade das práticas de manejo dos recursos naturais nos territórios tradicionalmente ocupados.
O embaixador Roberto Jaguaribe expressou apoio às iniciativas de preservação ambiental e valorizou o conhecimento indígena. Ele ressaltou que o atual cenário de mudanças climáticas é crítico e afeta o mundo inteiro, reforçando que a Alemanha é uma parceira sensível à preservação ambiental e à defesa dos povos indígenas. Para ele, o mundo tem muito a aprender com os conhecimentos tradicionais indígenas.
“A presença dos povos indígenas, que vivem de forma sustentável e em harmonia com o meio ambiente, tem um valor incomensurável, especialmente no Brasil, onde a Amazônia desempenha um papel fundamental. É essencial ouvir diretamente aqueles que são os guardiões dessas terras, cujas tradições e modos de vida contribuem para a preservação ambiental”, destacou o embaixador.
Sabedoria indígena
Durante a reunião, Davi Kopenawa explicou a importância dos Xapiri, entidades sagradas que protegem a floresta, e o papel dos xamãs Yanomami, que atuam como mediadores para manter o equilíbrio da natureza. Ele alertou sobre os impactos devastadores da destruição das florestas, não apenas para o meio ambiente, mas também para as culturas indígenas, e destacou os perigos da mineração em terras indígenas.
O líder Yanomami também fez um apelo contundente contra a ameaça representada pela Lei 14.701/2023 que, entre outros pontos prejudiciais aos direitos indígenas, estabelece o Marco Temporal. Kopenawa alertou que a tese inconstitucional é uma ameaça à vida dos povos indígenas e ao meio ambiente.
“O Marco Temporal está sempre nos observando como uma onça, como uma cobra. Essa cobra é perigosa, faminta. Ela quer devorar nossa terra e o nosso povo. Eles querem roubar nossas riquezas. Nossa riqueza é a floresta, não o dinheiro. O dinheiro deles, o ouro, não se come. A terra é a união do mundo, o nosso planeta. Muita gente está de olho nas nossas terras. O que eles querem é a nossa destruição. O que está em jogo é a morte do meu povo, dos nossos rios”, enfatizou Davi Kopenawa.
Também participaram da reunião os chefes do setor de Meio Ambiente e do setor Cultural da Embaixada do Brasil em Berlim, Philippe Raposo e Maria Kallás, respectivamente.
Fonte: Assessoria de Comunicação/Funai.