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Minas Gerais, Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul já são grandes produtores e exportadores de proteína halal, produtos feitos conforme as regras do Islã, mas querem ampliar e diversificar as vendas para os países muçulmanos. Na terça-feira (6) e nesta quarta-feira (7), representantes destes estados e de instituições setoriais sediadas neles apresentaram seus atrativos em palestras para empresários que participam do Projeto Comprador organizado pelo Projeto Halal do Brasil, na Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo.
Conselheira da Câmara Setorial das Indústrias de Alimentos e Bebidas da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Patrícia Arantes afirmou que Goiás tem em nações árabes alguns dos principais destinos da sua produção agropecuária. Citou que 15,1% do frango halal ali produzido segue para os Emirados Árabes Unidos e 11,2%, para a Arábia Saudita. O Marrocos é destino de 12,3% das exportações de açúcar e a Arábia Saudita, de 6,4% da carne bovina.
Eles integram um grupo de oito empresas dos Emirados Árabes Unidos, Malásia, Catar, Omã, Líbano, Jordânia e Tunísia que foram convidadas pelo Projeto Halal do Brasil a visitar o país nesta semana, participar de seminários e se reunir com empresas brasileiras em três dias de rodadas de negócios. O Projeto Halal do Brasil é uma parceria entre a Câmara Árabe e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) para promover nos países islâmicos alimentos e bebidas halal feitos no Brasil.
Entre quinta-feira (8) e sábado (10), os visitantes estrangeiros serão divididos em grupos que irão para Minas Gerais, Paraná e Goiás, onde conhecerão as potencialidades econômicas dos estados. No sábado, encerram a visita em um encontro em Foz do Iguaçu, no Paraná.
Gerente de Relações Internacionais da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Higor de Menezes afirmou que apesar de as empresas paranaenses terem relação comercial com o mundo muçulmano, o desempenho das vendas ainda é tímido. “Há muitas oportunidades para expandir”, disse, ao apresentar o estado com um grande produtor de madeira e compensados, além de proteína animal.
Países islâmicos têm demanda para industrializados
Diretora de Promoção de Exportações da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Laís Fagundes disse que as exportações mineiras são concentradas em dois destinos, China e Estados Unidos, que respondem por quase 50% de tudo o que Minas Gerais exporta. “Queremos diversificar e os árabes são alguns dos países com os quais queremos aproximar a relação [comercial]”, disse. Ela também revelou que a secretaria pretende realizar uma missão comercial aos Emirados Árabes e à Arábia Saudita em 2025.
Diretor de Promoção Comercial e Assuntos Internacionais da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Sul, Evaldo da Silva Júnior também apresentou diferenciais do estado, que em maio foi atingido por inundações que destruíram parte da sua infraestrutura e precisará de diversos projetos de reconstrução. Mesmo como esses desafios, disse, as empresas gaúchas querem e estão aptas a exportar.
“Um case [de sucesso] são os produtos halal de proteína animal, há diversos frigoríficos com certificação [halal]. Agora tem esse trabalho da Câmara Árabe em divulgar para os islâmicos os outros produtos. É preciso continuar a mostrar esse grande trabalho que existe”, afirmou Evaldo à ANBA sobre o projeto comprador. Um desafio para as exportações aos países árabes é a falta de linhas direitas de transporte marítimo entre o Brasil e os países árabes. “Precisa ter mais produtos para exportar, mais negócios. Se diversificar essa pauta, tende a ser atrativo para as linhas marítimas criarem uma conexão direta”, afirmou.
O gerente de Inteligência de Mercado da Câmara Árabe, Marcus Vinicius, apresentou dados referentes ao potencial das exportações do Brasil aos 57 países islâmicos. Maior produtor mundial de proteína halal, o País tem 38 mil empresas de alimentos e bebidas, sendo que alguns dos principais destinos das exportações do setor são Arábia Saudita, Emirados Árabes e Argélia. “Existem muitas oportunidades para produtos alimentos industrializados”, disse, citando como exemplos, sucos e alimentos orgânicos industrializados.