Nesta terça-feira (30), a Croácia celebra sua Data Nacional.
Em entrevista exclusiva ao Diplomacia Business, o embaixador da Croácia no Brasil, Ranko Vilovic, fala sobre as relações bilaterais e as relações comerciais entre os dois países.
Diplomacia Business: Como o senhor vê as relações bilaterais entre a Croácia e o Brasil?
Embaixador Ranko Vilović: As relações bilaterais são tradicionalmente muito boas e amistosas. Não temos problemas mal resolvidos e a cooperação, incluindo em fóruns internacionais, é boa. O Brasil e a Croácia compartilham valores semelhantes e profundamente enraizados em ambas as sociedades, como democracia, Estado de Direito, livre mercado e respeito pelos direitos humanos. Além disso, Brasil e Croácia são países pacíficos que valorizam esforços nesse sentido, tanto bilateral, quanto multilateralmente.
Quais são as parcerias existentes entre Brasil e Croácia atualmente?
Durante a visita do ministro Mauro Vieira, à Croácia há alguns meses, foram assinados dois importantes acordos bilaterais sobre a cooperação cultural e no âmbito educacional. Sua implementação certamente ampliará a cooperação nesses campos. Enxergamos a cultura e a educação como peças chaves para o desenvolvimento das sociedades e estamos ansiosos por muitos outros projetos que surgirão a partir disso. Brasil e Croácia têm muito a oferecer nesse sentido. Permita-me também citar a excelente cooperação em diversos organismos internacionais, que não se limita apenas ao apoio mútuo às candidaturas.
As exportações do Brasil para a Croácia incluem, principalmente, produtos agrícolas e minério de ferro, enquanto nas importações, destacam-se máquinas e remédios. Como o comércio bilateral pode ser fortalecido?
A estrutura do comércio é semelhante a de outros países europeus. Com os esforços para reindustrializar o Brasil, haverá mais oportunidades para diversificar nosso comércio. Do lado croata existe uma oferta de alta qualidade em equipamento militar, além de outros produtos. Estamos convencidos de que a entrada em vigor do Acordo de Associação UE-Mercosul, que contém em grande parte as disposições sobre o livre comércio, será muito benéfica para o avanço do nosso comércio. Espero que isso seja logo, porém, o comércio não é a única forma de cooperação, desejamos também a ampliação de investimentos do Brasil à Croácia. As possibilidades são vastas.
O atual Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, foi embaixador na Croácia antes de assumir o MRE. Isso facilita a aproximação dos dois países?
Eminentemente antes de assumir o cargo, o ministro das Relações Exteriores era, de fato, o embaixador na Croácia. Ficamos muito felizes com isso e nos sentimos privilegiados. Vieira tinha uma excelente reputação na Croácia, não só pelo fato de ter sido ex-ministro [de Dilma Rousseff], mas também pelo fato de ter muita experiência e uma carreira diplomática brilhante. Não menos importante é a sua personalidade muito calorosa e amigável. E eu sei que ele gostou do seu tempo na Croácia, um lugar onde as pessoas têm uma mentalidade muito aberta, sendo também muito amistosas.
Vieira disse isso em muitas ocasiões, inclusive. Dessa forma, o atual ministro entende ainda mais profundamente, não só as situação e as posições croatas, como também as europeias de forma geral. Tudo isso certamente representa outra ponte firme entre nossos países, termo que prefiro usar em vez de reaproximação, porque nossas boas relações e cooperação nunca foram abaladas ou desfeitas.
Como o senhor vê as possibilidades do Brasil ingressar na OCDE?
O Brasil, assim como a Croácia, obteve a condição de candidato em 2022 e está em processo de negociação. A decisão sobre como proceder e a que ritmo cabe apenas ao Governo. Muitos dos requisitos para a adesão já estão implementados tanto no Brasil quanto na Croácia (membro da União Europeia desde 2013), no entanto, o restante do trabalho será realizado em seu devido tempo.