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No sábado (17), o Embaixador da África do Sul no Brasil, Musi Mavimbela, recebeu convidados na Residência Oficial em Brasília, para comemorar o 32° aniversário da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
A SADC é formada por 16 países (África do Sul, Angola, Botswana, Lesoto, Malawi, Maurício, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seicheles, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue), sendo atualmente uma das mais vibrantes e mais competitivas organizações sub-regionais do continente africano.
Embora sua fundação tenha acontecido em 1992, os primórdios da entidade remontam ao ano de 1975, com a criação da Organização dos Países da Linha da Frente que tinha como objetivo principal a luta pela erradicação do Apartheid e pela descolonização da Namíbia e do Zimbábue. A linha de frente teve como principais protagonistas Agostinho Neto de Angola; Seretse Khama do Botswana; Samora Machel de Moçambique; Julius Nyerere da Tanzânia e Kenneth Kaunda da Zâmbia.
A Organização dos Países da Linha da Frente foi dissolvida em 1980 e deu lugar à Conferência de Coordenação do Desenvolvimento da África Austral (SADCC), que funcionou durante 12 anos. Em 17 de Agosto de 1992 evoluiu para a SADC que se encontra em vigência nos tempos atuais.
O anfitrião do evento, Embaixador da África do Sul no Brasil, Vusi Mavimbela, agradeceu a todos pela presença e falou sobre os acontecimentos que deram origem à Organização, recordando que a ideia da união africana teve início durante o regime do Apartheid na África do Sul e na época da presidência do ditador Ian Smith, no Zimbábue.
“Os países do sul da África que já haviam conquistado sua liberdade, uniram-se e decidiram formar uma Comunidade cujo principal objetivo era ajudar outros países a se tornarem soberanos”, prosseguiu Mavimbela. Diante disso, foi criada a “Frontline States”, um movimento comprometido em dar um fim ao Apartheid Sul-Africano.
O Embaixador explicou que em 1980, em Lusaka, na Tanzânia, os países decidiram tomar providências em prol do desenvolvimento econômico e da cooperação dos estados africanos, criando a SADCC durante uma reunião do ELF (Angola, Botsuana Moçambique, Tanzânia e Zâmbia), na qual se juntaram os representantes do Lesoto, Malauí, Esuatini e Zimbábue.
Alguns anos depois, em 1992, “os Chefes de Governo da região concordaram em transformar a SADCC na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), com foco na integração do desenvolvimento econômico”. prosseguiu Mavimbela.
A SADC foi formada para promover a causa da libertação política nacional na África Austral e para reduzir a dependência, particularmente na época do Apartheid, através de uma coordenação eficaz da utilização das características e pontos fortes específicos de cada país e dos seus recursos.
O Embaixador de Angola e Presidente da SADC no Brasil, Manuel Eduardo dos Santos Silva Bravo, em seu discurso destacou que “os atuais desafios da SADC são e continuarão sendo a paz, a segurança e a estabilidade, como condições para o desenvolvimento sócio-econômico e para a integração e o desenvolvimento regional”.
Nos últimos 12 meses, Angola presidiu à SADC, sob o tema: “Capital financeiro: Principais fatores para a industrialização sustentável na região da SADC.”
Bravo lembrou que naquele mesmo dia, 17 de agosto, teve lugar em Harare, a bela capital do Zimbabwe, a 44″ Cimeira de Chefes de Estado da SADC. Na ocasião, o Presidente de Angola entregou o bastão da presidência da SADC ao seu homólogo zimbabueano, país que está, agora, à frente da Organização.
O tema da presidência do Zimbabwe nos próximos 12 meses é: “Promover a Inovação para Desbloquear Oportunidades para o Crescimento Econômico Sustentável e o Desenvolvimento Rumo a uma SADC Industrializada”. Com isso, a SADC, continuará sua trajetória para a implementação das políticas e programas rumo à concretização da Visão 2050 de uma região industrializada, pacífica e inclusiva, onde todos os cidadãos desfrutem de bem-estar econômico sustentável, justiça e liberdade.
O Embaixador angolano reforçou que para tal, “é incontornável a cooperação com países parceiros e amigos pelo mundo afora, e o Brasil desempenha um papel importante do Sul Global e do G20, destacando-se como o país com o qual os membros da SADC, individual ou coletivamente, continuarão a fortalecer relações de amizade e de cooperação, a bem da paz e do desenvolvimento regional e global”, finalizou.
Despedindo- se do Brasil, o Embaixador da Namíbia no Brasil, Mbapeua Muvangua, agradeceu Vusi Mavimbela pela hospitalidade e aos demais embaixadores pelo trabalho de excelência desenvolvido no Brasil e no que diz respeito ao desenvolvimento do continente africano como um todo.
O Embaixador namibiano rememorou que a Namíbia tornou-se o décimo membro da Conferência de Coordenação do Desenvolvimento da África Austral (SADCC) após a sua independência em março de 1990. “Este foi o culminar de uma guerra prolongada do povo namibiano e de uma campanha internacional de pressão implacável da SADCC, da OUA e das Nações Unidas”. Na época, o então Presidente Fundador, Dr. Samuel Shafiishuna Nujoma, assinou o instrumento de adesão à SADCC em nome da República da Namíbia em 24 de Agosto de 1990, pouco antes da 10ª Cimeira da SADCC organizada pelo Botswana.
Muvangua finalizou seu discurso expressando a mais profunda gratidão pela amizade e pelo companheirismo que pode receber durante sua passagem pelo Brasil, tanto oficialmente, quanto socialmente. O diplomata, que passará a ser Embaixador para a Etiópia e União Africana, reforçou que todo o sucesso adquirido se deve à excelência da união dos países africanos em prol de um destino comum de paz, prosperidade e esperança.
No evento, foi tocado o belo e emocionante Hino da SADC, “Aurora da Nossa Certeza”. Os convidados degustaram comidas típicas dos países membros da Organização, música e danças tradicionais. Na solenidade, foi cortado um bolo para celebrar os 32 anos da SADC e a despedida do Embaixador da Namíbia, Mbapeua Muvangua, com um brinde proposto pelo Embaixador de Cameroun no Brasil e Decano Grupo dos Embaixadores e Chefes de Missão dos países de africanos, Martin Mbeng.