A Conferência das Nações Unidas Sobre Mudanças Climátivas (COP26), realizada na Escócia a partir da próxima semana, deve ditar os passos para questões de sustentabilidade nas próximas décadas. Uma das grandes expectativas e que seja encontrado um consenso entre os 194 países para criar as regras básicas de formação de um mercado de carbono mandatório e global.
O mundo estará com os olhos voltados para o que for decidido por lá e as ações do Brasil terão grande repercussão por conta da preocupaçaõ global com a Amazônia. A COP25, em Madri, em 2019, foi considerada fracassada e muitos analistas apontaram o Brasil como um dos responsáveis pela falta de avanços.
Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, a embaixadora da Suécia, Johanna Skoog, avalia que “os britânicos estão muito empenhados nisso. Eles querem realmente um resultado”.
“Para o mundo, é um encontro chave. É muito importante que todos avancem”, ressaltou a diplomata, elencando exemplos de desastres naturais recentes em diferentes partes do mundo que não eram vistos há apenas poucos anos. “Precisamos fazer alguma coisa, pegar essa responsabilidade.”
Desde 2019 vivendo em Brasília, Skoog diz ver avanços na políica ambiental do Brasil, destacando a área de biocombustíveis. Ele disse ainda que ficou surpresa com o tamanho da delegação do País que vai a Glasgow. Viajam para o Reino Unido, além de representantes do Executivo, lideranças do Legislativo, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, além de governadores, e porta-vozes do setor privado e o terceiro setor.
A embaixadora conheceu a Amazônia de perto no ano passado, em viagem oficial a convite do vice-presidente Hamilton Mourão. Ela avaliou como “muito positiva” a mudança de tom do discurso do presidente Jair Bolsonaro, em abril, durante a Cúpula de Líderes sobre o Clima. “Ficamos muito felizes com isso.”
Para ela, o Brasil precisa dar ênfase a três pontos: desmatamento, área financeira e Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês) – as metas definidas por cada país para combate às mudanças climática
Johanna lembra também que o acordo comercial do Mercosul com a União Europeia, da qual a Suécia faz parte, depende de ações mais concretas na conservação por parte do Brasil. “Precisamos ver avanços reais”, resumiu.
A Suécia é um dos líderes globais em medidas de sustentabilidade e combate às mudanças climáticas. O país assumiu, por exemplo, o compromisso de reduzir as emissões líquidas de gases do efeito estufa a zero até 2045, enquanto o prazo estabelecido pela ONU era 2050.
“Temos um grande consciência no país sobre os impactos do clima. Políticos de todos os espectros atuam nesse sentido. Não é como em outros países, uma questão de eleições. A transição verde é um tema arraigado e temos uma população que acredita que este é o melhor caminho”, finaliza.