Getting your Trinity Audio player ready...
|
Na quinta-feira (31), a Embaixada da Rússia no Brasil promoveu uma coletiva de imprensa com a participação do Embaixador russo, Alexey Labetskiy, que teve como tópicos principais o BRICS, G20, G7 e sanções.
De 22 a 24 de outubro do ano corrente, os Líderes dos países do BRICS, reuniram-se na cidade de Kazan, na Federação Russa, para a XVI Cúpula do Bloco, realizada sob o tema: “Fortalecendo o multilateralismo para o desenvolvimento e a segurança globais justos”.
Neste ano, a Federação Russa, atual presidente do BRICS, estabeleceu uma série de prioridades, como a integração dos novos membros, e reforçar o papel dos estados membros no sistema monetário e financeiro internacional, além de expandir o uso das moedas nacionais dos estados no comércio mútuo.
Entrada da Venezuela no BRICS
Após consenso entre os dez países membros do Brics, durante a XVI Cúpula em Kazan, a Rússia decidiu alisar o pedido de 13 países para participarem da organização na modalidade de membros associados, entre eles: Cuba, Bolívia, Nigéria, Turquia, Malásia e Indonésia. Mas a Venezuela ficou de fora depois que o Brasil vetou o egresso do país sul-americano.
O Embaixador explicou que, apesar de não concordar, Putin disse que respeita a posição do Brasil em relação à eleição venezuelana. É importante ressaltar que inclusão de novos países só ocorre por consenso dos membros plenos do grupo.
Afirmou ainda que a Rússia mantém excelentes relações com a Venezuela, reconhecendo a legitimidade das eleições e o mandato de Nicolás Maduro.
Aproveitou a oportunidade ainda para deixar claro que as divergências diplomáticas entre a Venezuela e o Brasil não são responsabilidade do BRICS, devendo ser resolvidas de acordo com o interesse mútuos de ambos os países sem nenhuma intervenção externa.
Banco do Brics
Pelo esquema de rodízio, seria a vez da Rússia indicar o próximo Presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), entretanto, as sanções internacionais impostas pelos países do ocidente por conta da situação com a Ucrânia, impactaram a relação do banco com a Rússia e o o líder Vladimir Putin teve de abrir mão do direito.
Diante deste cenário, Putin propôs então ao Brasil que a ex-presidente Dilma Rousseff siga como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB). O mandato de Rousseff terminaria em 2025.
A Rússia e o G20
Sobre a participação russa na cúpula de líderes do G20 que será realizada entre os dias 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro, Labetskiy informou que, apesar da ausência de Putin, o chefe da delegação de alto nível será anunciado em breve.
Deixou claro que a Rússia partilha de todos os objetivos que foram declarados pela presidência brasileira do G20, apesar dos dizeres contrários daqueles que apenas querem punir o país europeu.
O diplomata reforçou que na semana passada, participou do encontro dos procuradores-gerais do G20, no Rio de Janeiro e chefiou também a delegação russa no estudo das questões ligadas à corrupção, em Natal, no Rio Grande do Norte.
Sanções
Outro tópico abordado durante a coletiva foi a questão das sanções impostas ao país pelos Estados Unidos, a União Europeia e o Reino Unido.
“Essas sanções contra a Rússia influenciaram nossa economia e nosso setor bancário. Porém, em sua maior parte, foi inesperada para quem aplicou as sanções porque isso alavancou nosso desenvolvimento econômico, reabrindo o desenvolvimento técnico e militar”, disse o Embaixador.
Além disso, segundo o diplomata, o crescimento da economia russa está duas vezes maior que o crescimento dos países “ditos desenvolvidos”.
A Rússia e o G7
Ao ser questionado sobre a posição dos BRICS em relação ao G7, grupo que abrange os sete países mais industrializados do mundo, incluindo a União Europeia, Labetskiy afirmou que, ao contrário do que se mostra, o Grupo não se opõe ao G7.
“Os Brics foram criados como fórum de cooperação em prol de desenvolvimento dos membros, portanto, a tese de que os Brics são contra o G7 não se aplica”, afirmou o Embaixador.
Uso da moeda local
Como alternativa ao dólar, os países membros do BRICS defendem a adoção de uma moeda comum para uso nas transações comerciais entre os agregados.
Neste caso, o aumento dos pagamentos em moedas locais permite reduzir as taxas de serviço da dívida, aumentar a independência financeira dos países-membros do Brics, minimizar os riscos geopolíticos e, tanto quanto possível, libertar o desenvolvimento econômico da política.