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O Irã celebra anualmente, em 11 de fevereiro, o dia da Revolução Islâmica. Ocorrida em 1979, a revolução transformou o Irã, até então uma monarquia autocrática pró-Ocidente comandada pelo Xá Mohammad Reza Pahlevi, em uma república islâmica teocrática sob o comando do aiatolá Ruhollah Khomeini.
Em Brasília, a data foi celebrada pela Embaixada do país na noite de quarta-feira (8), reunindo embaixadores, representantes de missões diplomáticas sediadas na capital, autoridades do governo, imprensa e amigos do Irã.
Durante o evento, o Embaixador iraniano no Brasil, Hossein Gharibi, falou sobre a importância da data, o conflito na Faixa de Gaza, das relações entre o Brasil e o Irã e também sobre turismo.
A Revolução Islâmica
“A revolução introduziu alguns conceitos nobres no sistema político, acima de tudo, independência, autoconfiança, liberdade, democracia e república, juntamente com uma ênfase na defesa dos valores islâmicos. A longa tradição de monarquia absoluta na Pérsia foi transformada em um sistema que passa por eleições, pelo menos a cada dois anos”, disse Gharibi.
O Irã sempre esteve sujeito à interferência de potências externas. “Um exemplo ousado e talvez adequado que posso dar esta noite é o das duas guerras mundiais do século XX, nas quais o Irã declarou sua imparcialidade e, no entanto, em ambos os casos, o país inteiro foi submetido à ocupação forçada por potências beligerantes estrangeiras”, continuou o diplomata.
Em 1979, o país árabe decidiu que isso não deveria acontecer novamente. A autoconfiança na população jovem e educada resultou em enormes melhorias em termos de ciência e tecnologia, o que fortalece nossa nação.
Conflito Israel-Palestina
Ainda hoje, o país continua a seguir a política de boa vizinhança, que tem sido um princípio notável da política externa do governo do Presidente Raisi. “O diálogo e a cooperação regionais devem prevalecer mais para reforçar a paz e a segurança em nível regional e internacional.”
Segundo Gharibi, a cooperação e o engajamento regionais exigem um ambiente estável, e a questão palestina de longa data continua a colocar em risco essa exigência. Além disso, as violações do direito internacional e do direito humanitário, juntamente com as políticas de ocupação e apartheid, não levam a lugar algum e devem ser encerradas.
Reforçou que: ” A menos que o direito do povo palestino à autodeterminação e à soberania não seja plenamente realizado, a paz duradoura em nossa região continuará fora de alcance”.
Brasil – Irã
Em 2023, comemora-se o 120º aniversário das relações bilaterais Brasil-Irã. Durante essa longa história, os dois países sempre mantiveram relações amistosas e quase não houve um único caso de desentendimento grave que afetasse esses laços amigáveis.
“Os governos estão e estiveram sujeitos a mudanças, mas os laços que unem nossos povos sempre foram fortes o suficiente para não serem fortemente influenciados por essas mudanças regulares”, disse.
“O Presidente Lula da Silva é reconhecido por seu grande papel na expansão de nossas relações bilaterais na primeira década do século XXI. O Irã sempre foi o principal parceiro comercial multibilionário do Brasil e os números triplicaram no período pós-pandemia”.
O Brasil e o Irã têm economias que se complementam. De produtos agrícolas, que constituem a maior parte do nosso comércio bilateral, a energia e petroquímicos, de mineração ao setor de transportes, e de equipamentos médicos e produtos baseados em conhecimento a serviços, temos um enorme potencial para expandir a cooperação econômica.
Na última reunião bilateral de ambos os presidentes no ano passado, em Johanesburgo, na África do Sul, os dois líderes enfatizaram o uso desses potenciais para o melhor dos interesses mútuos das duas grandes nações. Agora que o BRICS foi ampliado para abranger novos membros, incluindo a República Islâmica do Irã, ele oferece uma plataforma viável para uma maior cooperação multilateral e bilateral.
Turismo
Gharibi lembrou que desde o último domingo, 4 de fevereiro, a exigência de visto de turista para cidadãos brasileiros foi dispensada, possibilitando o turista brasileiro a viajar para o Irã sem necessidade de visto a cada seis meses por um período de 15 dias.
“Os visitantes brasileiros podem desfrutar de uma experiência única para explorar a história e a civilização do Irã, bem como as glórias de seus elementos arquitetônicos, artísticos e culturais”.
Final de um ciclo
Ao final de seu discurso, o diplomata iraniano contou que seu mandato de quatro anos como Embaixador no Brasil chegou ao fim. “Cada dia de minha carreira foi uma experiência única de trabalho com meus colegas interlocutores do país anfitrião”.
Gharibi concluiu seu discurso agradecendo à sua esposa por todo o apoio e companherismo prestados, ao Governo Brasileiro, Congresso e autoridades, ao time da Embaixada pelo suporte e trabalho bem feito ao longo dos anos em que permaneceu no Brasil.
O Secretário de África e de Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores, Embaixador Carlos Duarte, que também discursou na solenidade, disse que as relações Brasil-Irã abrange um amplo quadro de acordos bilaterais, como comércio, finanças, saúde, cultura e educação, ciência e tecnologia, agricultura, questões consulares, cooperação civil e criminal, ambiente, turismo e desporto.
“A longevidade e a diversidade dos nossos laços bilaterais demonstram o nosso compromisso contínuo com a busca de compreensão e cooperação. A dimensão econômica das nossas ligações proporciona uma base sólida para o desenvolvimento da parceria entre os nossos países”, acrescentou.
Finalizou sua fala expressando o reconhecimento do governo brasileiro ao significativo trabalho realizado pelo embaixador Gharibi durante sua gestão à frente da embaixada iraniana em Brasília.
“Os valiosos esforços empreendidos pelo embaixador Gharibi muito contribuíram, nos últimos 4 anos, para o estreitamento dos laços entre o Brasil e o Irã, bem como para a difusão da cultura iraniana no Brasil e para a promoção dos produtos de seu país”, concluiu.