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A Embaixada da Türkiye no Brasil inaugurou na noite de terça-feira (2), a exposição de arquivos: “As relações entre a Türkiye e o Brasil em documentos históricos” que retrata e celebra as duradouras e frutíferas relações diplomáticas, políticas, comerciais e consulares entre os dois países.
São 38 exemplares de correspondências e documentos oficiais e fotos cedidos pelos Arquivos do Estado Turco e também pelos Arquivos do Museu Histórico e Diplomático do Itamaraty, além de fotos do acervo da Biblioteca Nacional.
O acervo inclui documentos em português, inglês, francês e turco datados a partir de 1843 até 1931, entre eles a minuta do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação assinado entre o Império Otomano e o Brasil em 1858, e correspondências entre figuras históricas como o Imperador Dom Pedro II e o Sultão Abdülaziz.
De anúncios de casamento e nascimento a cartas de condolências, de questões de isenção fiscal até a nomeação de consules, estes documentos destacama rica e duradoura história entre as nações.
O Embaixador da Türkiye no Brasil, Halil İbrahim Akça, iniciou seu discurso explicando que é frequentemente citado que as relações diplomáticas entre a Türkiye e o Brasil começaram oficialmente em 1858 com a assinatura do Acordo de Amizade, Comércio e Navegação que não apenas promoveu a cooperação econômica, mas também solidificou as relações diplomáticas, permitindo que navios de ambos os países operassem livremente nos portos um do outro, facilitando comércio e a interação entre os povos.
“Contudo, os documentos desta exposição revelam que as nossas ligações começaram bem antes, já em 1853, quando o Cônsul Otomano no Rio de Janeiro felicitou o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antônio Paulino Limpo de Abreu, por sua nomeação”, disse o Embaixador.
Outro documento da coleção, datado de 1843, mostra uma carta enviada pelo Rei de Nápoles ao Sultão Otomano Abdülmecid, informando um acontecimento importante: o casamento do Imperador Dom Pedro II com a Princesa Teresa Cristina Maria.
Segundo Akça, um capítulo significativo da história comum de amizade entre os países é a migração de pessoas do Líbano e da Siria para o Brasil no século XIX. Viajando com passaportes otomanos, esses imigrantes ficaram conhecidos como “Os Turcos” no Brasil e em toda a América Latina. Sua chegada ao Brasil criou uma comunidade vibrante e trabalhadora, contribuindo enormemente para a sociedade brasileira.
“Podemos também perceber pelos documentos que o crescente número destes súditos otomanos, tornou evidente a necessidade de consulados otomanos no Rio de Janeiro e em São Paulo para apoiar e proteger os seus interesses”, disse o diplomata.
“À medida que avançamos na história, vemos diversas demostrações de cordialidade e respeito, como as sinceras condolências enviadas por Dom Pedro ao Sultão Abdülaziz após a morte do Sultão Abdülmecid em 1861 e as muitas cartas que expressam alegria pelos novos nascimentos na familia imperial que refletem as ligações pessoais que foram criadas junto às relações oficiais”, prosseguiu.
Akça finalizou seu discurso afirmando que os documentos são mais do que apenas pedaços de papel, sendo uma prova da amizade duradoura entre Türkiye e o Brasil. “Ao celebrarmos esta história partilhada, esperamos por mais anos de cooperação mútua”.
Em nome do Ministério das Relações Exteriores, o Diretor do Instituto Guimarães Rosa, Ministro Marco Antônio Nakata, ao proferir seu discurso
destacou a longeva relação diplomática de 166 anos entre a Türkiye e o Brasil, marcada pela forte parceria estratégica, intercâmbio de visitas oficiais de alto nível, comércio robusto, diálogo e cooperação, além de um significativo número de acordos assinados e uma coordenação real de posições sobre itens da agenda internacional.
“É sempre impressionante ver como essa relação foi realmente construída, materializada em documentos, correspondências e fotografias. De alguma forma, mostra-nos que esta relação está além dos números e dos fatos e que tanto as nossas nações como os nossos povos têm construído algo realmente especial ao longo de muitas décadas”, acrescentou.
Nakata deu ênfase também para as trocas a nível cultural entre as nações, onde falou sobre organização de eventos culturais, projetos conjuntos de investigação, eventos de cooperação acadêmica, intercâmbio entre museus e bibliotecas, cooperação na salvaguarda do patrimônio cultural imaterial e a nomeação de ruas e parques.
Em 2022 foi assinado um Memorando de Entendimento para definir como seriam celebradas três datas especiais importantes: os 200 anos da Independência do Brasil em 2022; o centenário da República da Turquia em 2023; e o 170º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas em 2028. “Este tipo de planejamento e compromisso demonstra o quão maduras são as nossas relações e quão seriamente ambos os governos levam a sério os seus laços diplomáticos culturais”, completou o Ministro.
Atualmente, os países estão negociando um Acordo de Coprodução Audiovisual, que abrirá muitas novas portas para as indústrias cinematográficas e a possibilidade de intercâmbio artístico. Segundo Nakata, além do crescente número de acordos negociados e assinados pelos dois países, o Instituto Guimarães Rosa dá apoio financeiro e institucional para que as Embaixadas e Consulados promovam a cultura brasileira no exterior.
Concluiu reforçando que a exposição mostra que tanto o Brasil quanto a Türkiye estão sempre abertos ao diálogo e a novas iniciativas que melhorem a cooperação e intercâmbio, particularmente no domínio da cultura.
A exposição é gratuita e acontece até o dia 25 de julho, no Espaço Oscar Niemeyer, na Praça dos Três Poderes, Lota J, em Brasília.