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A Embaixada da Áustria em Brasília, realizou na noite de segunda-feira (16), a cerimônia de assinatura do Acordo de Financiamento com a ONU Mulheres à favor da articulação dos direitos das mulheres indígenas, na presença de representantes indígenas da política e da sociedade civil.
Em seu discurso, o Embaixador da Áustria no Brasil, Stefan Scholz, destacou que a cerimônia marca a assinatura do acordo de financiamento para o projeto de direitos humanos das mulheres indígenas. “No âmbito deste projeto, o Ministério das Relações Exteriores, da Áustria vai disponibilizar a uma mulher um financiamento de 50 mil euros”, prosseguiu
Segundo Scholz, o objetivo é aumentar o envolvimento das mulheres indígenas na sociedade, assim como proteger e defender os seus direitos humanos. Busca ainda “fortalecer a capacidade dos órgãos governamentais para promover os direitos das mulheres indígenas”, acrescentou o embaixador austríaco.
Ele explicou que a iniciativa é uma continuação de um projeto de 2021, que se tornou possível graças ao financiamento inicial do governo federal austríaco de 50.000 euros. Um financiamento que “contribuiu para a criação da primeira rede nacional de mulheres indígenas, ativistas e para o seu primeiro artigo político”. Finalizou sua fala dizendo estar “muito feliz por ter sido escolhido pelos ativistas indígenas como companheiro e parceiro neste dia histórico”.
Anastasia Divinskaya, representante da ONU Mulheres Brasil destacou a importância em partilhar a solidariedade com as mulheres indígenas, promovendo apoio incondicional na luta dos povos originários, incluindo apoio financeiro aos direitos humanos.
Divinskaya lembrou que a ONU mulheres foi “criada em resposta à demanda de ativistas do movimento global de mulheres para estabilizar a entidade dentro dos Estados Unidos dedicada ao empoderamento de mulheres e homens no mundo, valorizar a nossa história, mostrar o trabalho do povo e criar a unidade de todas as nossas atividades no movimento das mulheres a nível mundial”.
Continuou sublinhando que o “movimento das mulheres indígenas é um esforço poderoso, muito inteligente e inspirador”.
Recordou ainda do pequeno grupo de mulheres líderes indígenas estabelecido como apoio ao primeiro projeto da Voz das Mulheres Indígenas em 2014, que cresceu e se tornou um movimento nacional ao ano em que mais mulheres de diversas comunidades”.
Joenia Wapichan, presidente da Funai, enfatizou a importância em participar de momentos importantes, da luta e resistência dos povos indígenas no Brasil, especificamente das mulheres indígenas. “Aqui no Brasil temos uma população que dobrou o número de mulheres indígenas no IBGE em 2022. Hoje somos um milhão e setecentas. E segundo o próprio IBGE, 50% diriam que são mulheres indígenas”.
Segundo a presidente da Funai, em vista disso, “temos um desafio muito grande pela frente para empoderá-las e fazer com que elas realmente possam usar seus conhecimentos tradicionais e seus conhecimentos técnicos, para que outras mulheres possam fazer parte”.
Wapichan está no governo há quatro anos, sendo a primeira mulher indígena eleita deputada federal no Brasil, e a primeira mulher indígena a ser formada, ser advogada e poder acessar a Justiça Criminal Federal e defender os direitos dos povos indígenas de forma coletiva.
Pontuou também que é essencial compartilhar histórias de mulheres que ainda sofrem e tornar suas vozes visíveis para enfrentar a violência, a discriminação racial, as questões de abuso sexual e também o enfrentamento desta crise climáticas, uma vez que as mulheres indígenas as mais afetadas e as mais vulneráveis.
A Coordenadora Geral de Prevenção à violência do Ministério das Mulheres, iindígena e ativista ambiental, Pagu Rodrigues, por sua vez, falou sobre a parceria muito firme com a ONU nas discussões que perpassam o direito de meninas e mulheres indígenas que ainda é um tema muito invisibilizado no Brasil.
“Unir os espaços é fundamental para mudar essa perspectiva política da estrutura patriarcal, colonial de Estado que tem realmente submetido uma série de mulheres indígenas a inúmeras violências. É onde precisamos realmente batalhar para enfrentar e para prevenir isso”.
A ativista explicou que o projeto é fundamental e combina muito com as ações que o Ministério das Mulheres vem fazendo de “fortalecimento dessas mulheres nos territórios, nos biomas, para a consolidação de uma política nacional mesmo de enfrentamento à violência contra mulheres indígenas”.