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Por Embaixador Qais Shqair, Chefe da Missão da Liga dos Estados Árabes no Brasil
Com a retomada dos ataques militares contra Gaza e com a escalada diária na Cisjordânia, uma pergunta legítima deve ser feita: os meios militares trariam paz à região? Esta é a única opção disponível? É verdade que nenhuma outra opção para a diplomacia está em mãos? Se for esse o caso, por quanto tempo devemos esperar que os ataques aéreos venham com a paz prometida?
A prometida “paz militar” seria possível? Todos na região desfrutariam da paz, da tão esperada estabilidade e da prosperidade para florescer, marcando o fim de mais de sete décadas de guerras, derramamento de sangue e violações de direitos humanos?
Todos estariam prontos para mais dias, semanas, meses ou mesmo anos do ciclo vicioso de derramamento de sangue?
Existe uma maneira de sair do ciclo de sangue que visa pessoas inocentes em todos os lugares ao nosso redor? Existe outra opção possível? Algum tipo diferente de lógica? Ainda há espaço para que nossos valores humanos façam a diferença? Ainda há tempo para a comunidade internacional impor a paz por meios diplomáticos? Estamos todos convencidos de que chegou a hora de acabar com a guerra em andamento, visando principalmente civis, 70% deles sendo mulheres e crianças? Devemos recorrer ao Chat GPT para nos ajudar a responder a essas perguntas?
E se recorrermos ao bom senso para perguntar qual é a principal razão para o derramamento de sangue em andamento em
Gaza e na Cisjordânia? A resposta lógica não é a ocupação? Certo, se a ocupação em andamento dos territórios palestinos é a causa direta da miséria humana em andamento? Então, qual é a saída disso? Não é a retirada israelense dos territórios ocupados? Isso é possível? Vale a pena? Isso faz sentido? Não é um acordo justo salvar as vidas de milhares de inocentes em troca de um acordo de paz baseado na implementação do direito internacional e das resoluções relevantes da ONU que levam à solução de dois estados? Dois estados vivem em paz para o bem de todos na região.
Isso de fato prepara o terreno para uma paz justa e duradoura no Oriente Médio? Ainda temos o luxo de desperdiçar mais tempo até percebermos que o caminho para alcançar a paz deve passar pela legitimidade internacional? Um compromisso que garanta uma justiça relativa? Um que dê às vítimas da guerra o direito mínimo de viver em paz, em um estado livre e independente, para que a estabilidade e a prosperidade se espalhem pela região e além?
O tempo está realmente se esgotando, vamos fazer o nosso melhor para salvar as vidas de mais pessoas inocentes que virão.