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O Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil promoveu na manhã desta quarta-feira (16) uma coletiva de imprensa sobre a Declaração do Conselho em apoio ao Líbano diante da agressão israelense.
O Embaixador da Liga Árabe no Brasil, Quais Marouf Kheiro Shqair, falou da importância em encontrar uma solução para o cessar-fogo, não só no Líbano, como em toda a região, incluindo a Palestina.
Outro ponto abordado por Shqair foi o cumprimento das Resoluções das Nações Unidas relativas ao tema e o respeito de princípios ao direito internacional e à legitimidade internacional representada pela entidade para estabelecer a paz na região e para dar um basta à tragédia humanitária que perdura no Oriente Médio.
George El Jallad, Encarregado de Negócios da Embaixada do Líbano no Brasil, enfatizou que o conflito que assola seu país é uma guerra contra a soberania e integridade territorial libanesa. “As forças de Israel estão promovendo um massacre contra a população civil, onde tudo acontece diante da inação da comunidade internacional para encerrar as atrocidades e as flagrantes violações do direito internacional e humanitário por parte de Israel”.
Segundo Jallad, o que o mundo assiste hoje é resultado da impunidade de Israel por suas contínuas violações de todos os princípios internacionais. “Desde que as forças israelenses iniciaram o massacre em Gaza, mais de 42 mil civis perderam suas vidas e as atrocidades contra os palestinos persistem há mais de um ano sem um esforço real da comunidade internacional para que cessem”.
Diante a falta de consequência internacional, Israel decidiu lançar uma ofensiva contra o Líbano, tentando invadi-lo pelo Sul e atacando a população civil em todas as regiões, incluindo o norte. Para atingir seus objetivos, o país sionista vêm atacando estruturas civis, áreas populosas, hospitais, jornalistas, mulheres e crianças.
“Nem funcionários, postos e forças de paz da ONU foram poupados desses ataques. Profissionais de saúde foram alvejados intencionalmente, impedindo que salvassem as vidas dos feridos. Além disso, foram usadas armas proibidas internacionalmente contra alvos civis”, acrescentou o diplomata libanês.
Na ocasião, Jallad reforçou que tais ações não podem se enquadrar nas alegações de autodefesa promovidas por Israel, mas sim como ações criminosas que caracterizam crimes de guerra e contra a humanidade. Neste caso, a autodefesa não se aplica quando uma entidade segue ocupando um território que não é seu, e nem quando insiste em violar o espaço aéreo, marítimo e as fronteiras terrestres de outro país.
Lembrou ainda que em todos os casos, a autodefesa deve ser proporcional. “Por favor, considerem o número de mortes de ambos os lados para ver a narrativa enganosa de Israel”.
O Governo libanês vem pedindo sem descanso por um cessar fogo e como ressaltado pelo Encarregado, encerrar essa guerra é de interesse regional e internacional, já que a continuação das ações israelenses pode levar a uma guerra ampla com repercussões desastrosas em todos os estados vizinhos.
“O Governo do Líbano sempre demonstrou sua total conformidade com a resolução 1701 do conselho de segurança como forma de encerrar a guerra e decidiu recrutar soldados libaneses para enviar para o sul, apesar da severa crise econômica enfrentada pelo país”, afirmou Jallad.
O Encarregado de Negócios finalizou seu discurso agradecendo entidades brasileiras pelos esforços em prol da estabilidade da paz no Oriente Médio e à comunidade árabe, especialmente à diáspora libanesa, e às suas instituições, que têm trabalhado duramente para ajudar o povo do Líbano, e a todos os brasileiros que apoiaram diversas iniciativas, como a “Unidos pelo Líbano”, lançada na Embaixada em Brasília.
Por sua vez, o Presidente da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil – FAMBRAS, Mohamed Hussein El Zoghbi explicou que a UPL – Unidos pelo Líbano foi criada há 4 anos atrás em solidariedade à crise humanitária que afeta o Líbano, tendo como objetivo arrecadar fundos exclusivamente destinados à compra de medicamentos essenciais para os que enfrentam dificuldades extremas.
Em meio ao atual cenário de violência que assola o território há mais de um mês, milhares de pessoas fugiram dos ataques israelenses e a crise humanitária resultante dessa situação continua a se agravar, aumentando a pressão sobre a região.
O Presidente da Fambras aproveitou a oportunidade para informar que além da iniciativa para arrecadar medicamentos, foi promovida também uma campanha de alimento que arrecadou aproximadamente 30 toneladas que já chegaram à nação libanesa.
Recentemente, a aeronave KC-30, levou ao Líbano a quarta carga de donativos brasileiros, com 1.400 cestas básicas e 6.900 embalagens de medicamentos diversos arrecadados pela UPL.
Zoghbi falou também sobre o projeto de repatriação por parte do governo brasileiro. Até o momento, já foram repatriadas mais de mil pessoas que vieram dessa região. “O governo brasileiro, através da ABC e as embaixadas, tanto a Embaixada do Líbano em Brasília, quanto a Embaixada Brasileira em Beirute, tem feito um trabalho exemplar, que é receber essas doações e fazer chegar a quem tem necessidade”, acrescentou.
Para finalizar, o Presidente da Fambras reforçou que os libaneses, que viveram 15 anos de guerra civil, almejam apenas a paz. “Essas agressões precisam de um ponto final. Devemos entender o valor da vida humana e aceitar que somos iguais perante os olhos de Deus. Diante disso, é nosso dever lutar em prol da construção da paz”.
No final do evento, o Embaixador da Liga Árabe, Quais Marouf Kheiro Shqair, disse que “o processo de paz é muito mais fácil do que imaginam, sendo necessário apenas a compreensão correta e vontade de concretizá-la”.
Como explicado pelo mesmo, a ocupação do território palestino acontece por mais de 75 anos e Israel não aceita acatar as resoluções das Nações Unidas relativas à retirada do seu pessoal dos territórios ocupados.
Eventos recentes mostram que o mesmo está se repetindo no Líbano, que pediu à ONU o cumprimento, por parte de Israel, da Resolução 1701, que foi considerada o eixo da paz entre Israel e o Líbano durante quase duas décadas.