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A descarbonização da indústria de mineração – redução ou a compensação da emissão de gases do efeito estufa – foi abordada no primeiro evento “Diálogos Minas-Reino Unido: tecnologias-verdes para a cadeia minero-siderúrgica”, promovido pelo Department for International Trade Mining do Reino Unido (Departamento de Comércio Exterior para a Mineração), em parceria com a Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG).
Os participantes discutiram a colaboração entre Minas e o Reino Unido no desenvolvimento de ideias para a descarbonização da indústria de mineração, dando visibilidade às propostas de ambas as localidades na implantação do chamado ‘crescimento limpo’. O encontro contou com palestras presenciais e virtuais de empresas britânicas e de dois projetos brasileiros apoiados pela FIEMG.
Minas foi o primeiro estado da América Latina e do Caribe a aderir às metas da campanha Race to Zero, que reúne lideranças globais com objetivo de zerar emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050. A adesão foi oficializada no mês passado, durante visita do governador de Minas, Romeu Zema, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP-26), em Glasgow, na Escócia.
Em seguida, o Enviado de Comércio do Primeiro-Ministro do Reino Unido ao Brasil, Marco Longhi, enfatizou a importância da discussão das questões climáticas, relembrando que o Reino Unido assumiu, no mês passado, a presidência da COP-26 em um “momento-chave”. Segundo ele, é urgente a ação para o combate ao aquecimento global e é uma responsabilidade liderar “a partir do exemplo”. Longhi afirmou que a descarbonização da indústria representará “a maior oportunidade de crescimento econômico deste século”.
“O Reino Unido tem o plano mais ambicioso do G20 para a descarbonização da sua economia. Acreditamos que esse plano vai atrair investimentos, gerar centenas de milhares de empregos novos, e gerar riquezas para a nossa economia. Com essa oportunidade, quem se mover primeiro tem mais a ganhar. Por isso fico feliz em estar no estado de Minas Gerais, o primeiro na América Latina a comprometer-se a zerar as emissões até 2050”, afirmou. Segundo ele, o Brasil é um parceiro estratégico para o Reino Unido, motivo pelo qual o primeiro-ministro, Boris Johnson, o nomeou ao cargo para que conduzisse o fortalecimento da parceria entre os dois países.
“Está claro para mim que Minas é um estado prioritário nessa missão. Queremos ser parceiros de Minas nessa corrida por meio de parcerias estratégicas e compartilhamento de soluções para promover comércio, e investimento em energias renováveis e em tecnologias de baixo-carbono. É uma parceria mão-dupla. Eu sei que temos muito a aprender com vocês, também”, completou.
Por fim, Marco Longhi declarou que a mineração, a siderurgia e a metalurgia são imperativos para a transição para uma Economia Verde. Por isso, os desafios que esses setores enfrentam para a descarbonização própria deveriam ser enxergados como oportunidade. “Tecnologias limpas podem diminuir os custos de operação e melhorar a produtividade”, disse.
Soluções em andamento
Com o objetivo de dar visibilidade às soluções britânicas e mineiras, os organizadores do “Diálogos Minas-Reino Unido” convidaram três empresas do Reino Unido e dois projetos brasileiros apoiados pela FIEMG para apresentação de soluções de energia e descarbonização para a indústria.
Por ordem de apresentação, falaram o Gerente de Desenvolvimento de Negócios Internacionais da Energy Systems Catapult (ESC), Felipe Cruz; a Chefe de Envolvimento do Cliente da Rolls Royce, Sophie Macfarlane-Smith; o diretor comercial da Hytron, Daniel Lopes; e a gerente de Desenvolvimento de Negócios da Aggreko.
A Hytron é brasileira e de propriedade da alemã Neuman & Esser. Ela faz a geração, purificação, compressão, armazenamento e distribuição de hidrogênio para mobilidade, e fica em Belo Horizonte.
Líder mundial em design, fabricação e fornecimento de soluções de processamento de minerais e maquinários associados, a Mining Machinery Developments (MMD), foi outra indústria a se apresentar no evento realizado pelo Department for International Trade Mining do Reino Unido. O vice-presidente da empresa, Richard Booth, falou sobre uma solução de alimentação móvel, que supera o problema dos carregamentos intermitentes, normalmente visto em operações de caminhões e escavadeiras.
Conversa com o governador
Durante a visita da comitiva diplomática a Minas Gerais, o cônsul do Reino Unido em Belo Horizonte, Lucas Brown, acompanhou o enviado de Comércio Marco Longhin e Martin Whalley no encontro com o governador no Palácio do Tiradentes, menos de um mês após a visita de Romeu Zema à sede do Governo Britânico.
O Brasil é prioridade para o comércio e investimento do Governo Britânico. E Minas Gerais tem importância estratégica em negociações bilaterais. O Reino Unido e Minas Gerais buscam desenvolver parcerias a longo prazo para promover o desenvolvimento sustentável entre as economias.
Relações comerciais entre Minas e Reino Unido
As importações do Reino Unido representam 3,4% das importações mundiais em 2020, com um montante importado de US$ 634,2 bilhões, situando o país na 5º posição no ranking dos principais importadores do mundo. Nas exportações, o Reino Unido ocupa a 12º posição dentre os principais exportadores do mundo, representando 2,2% das exportações mundiais, com um montante exportado em 2020 de US$395,7 bilhões.
Os principais produtos importados pelo Reino Unido a nível mundial em 2020, foram: Ouro (US$88,3 bilhões); Automóveis (US$34,7 bilhões); Conjunto de telefone (US$19,1 bilhões); Máquina automáticas para processamento de dados (US$16,2 bilhões); Óleos de petróleo (US$15,6 bilhões). Já os principais produtos exportados foram: automóveis (US$26,6 bilhões); Ouro (21,5 bilhões), Turbojatos, turbo propulsores (US$20,1 bilhões); e Medicamentos (US$18,4 bilhões).
Na pauta de exportações de Minas Gerais para o Reino Unido, no ano de 2020, os produtos de maior destaque foram: Ouro (US$ 517,5 milhões); Café (US$ 77 milhões); Minérios de ferro e seus concentrados (US$ 72,3 milhões); Hidrogênio (US$ 50,8 milhões); e Ardósia (US$ 18,2 milhões).
Já na pauta importadora mineira do Reino Unido, no último ano, os principais produtos importados foram: Preparações alimentícias (US$ 12,6 milhões); Compostos heterocíclicos, exclusivamente de hetero-átomo (s) de azoto – nitrogénio (US$ 10,3 milhões); Partes reconhecíveis como exclusiva ou principalmente destinadas às máquinas e aparelhos (US$ 9,6 milhões); Instrumentos, aparelhos e máquinas de medida ou controlo (US$ 4,5 milhões); e Instrumentos e aparelhos para análises físicas ou químicas (US$ 2,9 milhões).
* Com informações da FIEMG e da embaixada do Reino Unido no Brasil.