Cerca de 200 representantes dos governos, faculdades, empresas e organizações de pesquisa científica da China e do Brasil participaram das discussões online e offline da II Semana de Inovação China-Brasil 2021 (CBIW 2021), que ocorreu simultaneamente em Pequim, Xangai, Brasília e São Paulo.
A CBIW, realizada na semana passada, abordou a cooperação bilateral nas áreas de desenvolvimento sustentável, neutralidade de carbono industrial e agrícola e inovação tecnológica. No evento também foi inaugurado o Centro de Inovação Brasil-Xangai. O Centro proporcionará condições favoráveis para que empresas inovadoras de alta qualidade e de pesquisa científica do Brasil construam parcerias no mercado chinês. Há 11 startups brasileiras buscando oportunidades de cooperação de mercado através do centro.
A China tem sido o maior parceiro comercial e importador do Brasil nos últimos anos. O superavit comercial brasileiro em 2020 aumentou em US$ 2,9 bilhões em relação a 2019, graças ao bom desempenho das exportações de produtos primários, como soja e minério de ferro, para a China, segundo um relatório divulgado em março deste ano pelo Banco Central do Brasil.
A China importou de outros países, incluindo do Brasil, mais de 100 milhões de toneladas de soja em 2020, mais do que qualquer outro produto agrícola.
Gilberto Fonseca Guimarães de Moura, cônsul-geral do Brasil em Xanghai, disse esperar que o volume de soja exportada e de outros produtos agrícolas, incluindo algodão, açúcar e amendoim, possa crescer cada vez mais. Além disso, quer melhorar laços na cooperação tecnológica agrícola.
Teresa Christina, ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, disse que a sustentabilidade na agricultura é uma questão fundamental, ao buscar conciliar a segurança alimentar e preservação ambiental com o uso de inovações tecnológicas e aumento da produtividade.
Existem mais de 1.500 empresas de tecnologia agrícola no Brasil, especializadas em big data agrícola, dedução de carbono e outras áreas.
Wang Jinzhan, secretário-executivo do Secretariado da Associação de Ciência e Tecnologia da China, ressaltou que o governo chinês coloca a inovação científica e tecnológica no centro da situação geral de desenvolvimento nacional, e que o Brasil também atribui importância à transformação das conquistas científicas e tecnológicas em verdadeiras forças produtivas. Os dois países são altamente complementares em inovação científica e tecnológica e têm grande potencial de cooperação, acrescentou.
Os dois países decidiram continuar trabalhando juntos no campo da tecnologia, investindo em inovação e cooperando em telecomunicações, e-commerce, economia digital, inteligência artificial e biotecnologia em 2019, o 45º aniversário do estabelecimento das relações bilaterais China-Brasil.
Lu Tiegang, vice-diretor do Instituto de Pesquisa em Biotecnologia da Academia Chinesa de Ciências Agrícolas, que participou de um dos seminários em 2019, disse que cientistas do Brasil visitaram universidades e instituições chinesas para encontrar muitos parceiros de colaboração nos últimos anos e os dois países planejaram criar um centro conjunto de biotecnologia.
As empresas agrícolas brasileiras estão buscando oportunidades para entrar no mercado chinês. A ECOtrace é uma delas. A empresa se concentra na digitalização da rastreabilidade através da tecnologia blockchain, que ajuda agricultores e consumidores a obter dados transparentes instantaneamente.
Vários consumidores chineses já estão usando a plataforma da empresa para identificar a origem dos produtos que compram, disse Maria Paula, chefe de inovação da ECOtrace.
Neutralidade de carbono foi debatido
O mercado nacional de carbono da China começou a operar em julho, um passo significativo para ajudar o país a reduzir seu rastro de carbono e cumprir as metas de emissão.
Mei Dewen, gerente geral da China Beijing Green Exchange, disse que o mercado nacional de carbono da China pode proporcionar experiência para o Brasil em termos de neutralidade de carbono.
A gigante de mineração Vale pretende reduzir as emissões nos escopos 1 e 2 em 33% até 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2050, disse Stephen Potter, diretor de Metallics da Vale S.A.

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