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Reconciliação, que precisa do diálogo e do confronto para chegar a uma solução justa onde todos possam ser vencedores iguais, porque reconciliados. Verdade, o que implica não falsificar notícias e informações em proveito próprio. Justiça, que é o respeito à dignidade e aos direitos dos outros. Solidariedade, que significa não deixar ninguém para trás. Liberdade, que significa a aspiração de poder ser você mesmo como pessoa e como povo. Estas são as cinco diretrizes da diplomacia da Santa Sé, expostas pelo Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin em Lourdes por ocasião da entrega do prêmio Jacques Hamel, estabelecido em nome do sacerdote morto em 2016 enquanto celebrava a missa na igreja de Saint-Etienne em Rouvray.
Uma paz que não é a ausência de guerra
A Santa Sé, explicou Parolin, atua no cenário internacional “não para garantir uma paz qualquer, que seria percebida apenas como a ausência de guerra, mas para defender uma ideia de paz como fruto de relações justas, do respeito às normas internacionais, da proteção dos direitos humanos fundamentais, a começar pelos mais pobres e vulneráveis”.
A crueldade da Terceira Guerra Mundial em pedaços
De João XXIII, quando ainda era núncio apostólico na França e falava do papel da Igreja em afastar a história “do naufrágio do mundo”, a Paulo VI, para quem “a paz só se afirma com a paz”, até o Papa Francisco, segundo o qual a paz só pode ser construída através da educação e do diálogo. A reflexão do Secretário de Estado aos cerca de duzentos representantes da mídia presentes em Lourdes provenientes de todo o mundo, chega até nossos dias com a guerra na Ucrânia, parte da chamada “terceira guerra mundial em pedaços” em curso neste mundo globalizado e suas “inimagináveis cenas de crueldade e destruição”.
Missa em Lourdes
A edição 2023 do Prêmio Jacques Hamel foi para Christophe Chaland, do semanário ‘Le Pèlerin’, por sua reportagem sobre o Padre Pierluigi Maccali e seus dois anos como prisioneiro de jihadistas em Mali. E foi precisamente aos jornalistas católicos que o Cardeal Parolin se dirigiu durante a missa celebrada em Lourdes, tentando responder à pergunta que é também o tema das 26ª Jornadas Internacionais dedicada a São Francisco de Sales: “Como podemos nós, discípulos de Jesus Cristo, ser ouvidos num mundo cada vez mais líquido, alérgico à evidência ontológica de cada ser e de cada realidade, à transcendência da verdade? Uma questão que para o Secretário de Estado serve para “revitalizar a missão à qual cada batizado é chamado por natureza, e mais ainda para os que têm a missão de falar, informar, transmitir aos outros”.
O comunicador católico deve dar testemunho de Jesus
“O ser próprio do jornalista ou comunicador católico”, de fato, “não deve ser conferido de fora, mas de dentro, de sua intimidade com Jesus Cristo, de seu amor pela Igreja”, lembrou o Cardeal Parolin. Portanto, aqueles que comunicam devem forjar um vínculo estreito com Cristo, o sol da justiça”. Em um “mundo nivelado, onde tudo parece ser igual, lembremo-nos do imenso e inestimável valor da fé católica, da insuperável doutrina e sabedoria cristã, que temos o dever de aprofundar, viver e transmitir”, insistiu. O convite é para renovar o encontro com Jesus Cristo e ser testemunhas, o que hoje significa acima de tudo “fortalecer nosso apego ao Senhor” e fazer dele o modelo de nossas vidas.
* Por Michele Raviart e Jean-Charles Putzolu. Para Vatican News/Lourdes