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Elas conheceram a República Dominicana, por motivos e épocas distintas. São 11 mulheres que decidiram colocar suas experiências obtidas naquele país para apoiar outras mulheres, as dominicanas empreendedoras. Fundaram a Câmara Dominico Brasileira de Empreendedorismo, presidida por Renata de Melo Rosa, antropóloga e doutora em Ciências Sociais, com larga experiência em Relações Internacionais.
A experiência deu certo e só cresce. A Câmara Dominico tem escritórios em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, além de representantes em Curitiba, Salvador, Teresina e Porto Velho. A organização apoia as dominicanas a exportarem seus produtos, bens e serviços para o Brasil. Gera emprego e renda também para o Brasil. Em entrevista exclusiva ao Diplomacia Business, Renata de Melo Rosa fala sobre a Câmara Dominico. A seguir a entrevista:
Diplomacia Business – Quando e como surgiu a Câmara Dominico?
Renata de Melo Rosa – A Câmara é uma iniciativa de 11 mulheres com perfil executivo que conheceram a República Dominicana por diversas vias: estudo, pesquisa, relacionamento cultural, diplomático ou turístico que decidiram colocar sua experiência executiva em diversas áreas para apoiar mulheres dominicanas empreendedoras a exportar seus produtos, bens ou serviços para o território brasileiro e/ou abrir uma operação no Brasil, trazendo investimentos, qualidade produtiva, inovação e trocas culturais para o Brasil, além da geração de emprego e renda para o povo brasileiro.
Quais serviços a Câmara Dominico oferece e para quem?
Renata de Melo Rosa – A Câmara oferece consultoria especializada para inúmeras áreas: acadêmica, comercial, turística, cultural e de investimentos bilaterais. Nossa carteira de clientes é muito variada: no Brasil, temos desde Escolas de Samba que desejam se internacionalizar para a República Dominicana, até grandes empresas do ramo de alimentação que querem ter a República Dominicana como agente final ou intermediário de outras operações de comércio exterior, passando por agências de turismo, joalherias, indústria de alimentos para pets, pessoas físicas e centros de ensino. Na República Dominicana, temos grandes empresas do agronegócio, indústrias de cosméticos, grandes universidades, joalherias e artesãs.
A organização tem escritórios em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Por que está em três lugares?
Renata de Melo Rosa – Recentemente fizemos uma expansão ainda maior com representantes, além destas três cidades, em Curitiba, Salvador, Teresina e Porto Velho. Nossa iniciativa só cresce. Apesar de nossa sede estar no Rio, queremos mostrar um Brasil diverso aos dominicanos, fazê-los (as) perceber que o Brasil não é uma opção única, mas conta com 5.568 opções distintas de negócios e experiências, que é a quantidade de nossos municípios. Então, se alguma experiência não tiver êxito no Brasil, por alguma razão, é possível realizar milhares de outras iniciativas em outros municípios. Não é preciso abandonar o Brasil. Uma vez estando aqui, um negócio dominicano precisa se fixar. Este é o nosso trabalho.
Porque a escolha da República Dominicana para fazer o trabalho?
Renata de Melo Rosa – A República Dominicana é um país encantador, belíssimo. Devemos muito a esta grande nação. Lá foi criada a primeira cidade do Novo Mundo, a 1ª. Catedral, a 1ª. Universidade das Américas. É o único país do Caribe que possui uma fronteira terrestre, possui uma cultura e um história muito similar a do Brasil e não entendemos o porquê estarmos tão separados ao longo de tantos anos. Qualquer brasileiro(a) que chega em território dominicano se sente em casa e acredito que a recíproca é verdadeira. Se a história nos separou, por algum motivo, é hora de nos unirmos. Temos tido bastante êxito com as qualificações destinadas às mulheres empreendedoras dominicanas que querem exportar para o Brasil. Este grande interesse revela que não devemos parar. Temos realmente interesses e propósitos comuns.
O que há de comum entre o Brasil e a República Dominicana?
Renata de Melo Rosa – A cultura, o gosto pela música e a solidariedade do povo são muito marcantes e traços facilmente identificáveis. Somos todos latino-americanos, com problemas comuns cujas soluções criativas para o apoio às mulheres e a cooperação bilateral devem ser compartilhadas. Temos muito a aprender com as boas práticas dominicanas na área de turismo, atração de investimentos estrangeiros, formas de acesso ao ensino superior, recepção aos imigrantes e turistas, beisebol e políticas de redistribuição de renda, pois a população de rua é extremamente baixa. No campo intelectual e jornalístico, eles também são referência, além do sistema bancário que opera com diversas moedas e taxas de juros muito baixas.
Que balanço a sra. faz da Câmara Dominico e quais as prioridades da organização para 2022?
Renata de Melo Rosa – O balanço é muito positivo. Recentemente oferecemos uma qualificação para as mulheres dominicanas empreendedoras com o apoio do Ministério das Relações Exteriores, da Embaixada da República Dominicana no Brasil, do Consulado da República Dominicana no Rio de Janeiro, ADOEXPO, BANDEX, Ministério da Mulher da República Dominicana, Câmara de Comércio Brasileira na República Dominicana e do ProDominicana. Percebemos que as mulheres possuem linhas de financiamento específico em bancos de fomento e agências de atração de investimentos estrangeiros.
A receptividade foi muito alta e a taxa de conversibilidade das participantes à nossa Câmara foi bastante significativa, o que nos motiva a prosseguir com este Programa de qualificação do empreendedorismo feminino chamado CALIBARS – Calificación Brasil e apoiar a abertura de operações dominicanas no Brasil. Além disso, a cooperação cultural de Escolas de samba na República Dominicana é outro projeto que iremos nos dedicar intensamente,
Perfil: Renata de Melo Rosa tem 46 anos, fez pós-doutorado em Antropologia e Relações Internacionais, na Université D’État D’Haïti; doutorado em Ciências Sociais, na Universidade de Brasília; mestrado em Sociologia, na Universidade Federal do Río de Janeiro; e graduação em Ciências Sociais, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É diretora do Instituto Maria Quitéria e presidenta da Câmara Dominico Brasileira de Empreendedorismo Social.
Este ano, Renata elaborou o guia Regularização Sanitária e Exportação com ênfase em amêndoas de cacau e polpas de frutas, disponível AQUI.
É investigadora associada do Instituto Ideaz – Viena / Austria. Atua no Programa de Qualificação para Exportação – APEX-Brasil. Foi professora e coordenadora do Curso de Relações Internacionais do Centro Universitário de Brasília (Uniceub); consultora da CAPES-Ministério da Educação; e pesquisadora da Universidade de Brasília. Trabalhou como servidora pública no Programa Diversidade na Universidade e no gabinete do ex-ministro Fernando Haddad, ambos no Ministério da Educação.