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A origem da Câmara Belgalux remonta ao ano de 1920, quando o rei da Bélgica, Alberto I, visitou o Brasil. Na ocasião, o então presidente brasileiro Arthur Bernardes tratava de atrair investimentos estrangeiros para a siderurgia no Brasil. Oficialmente, a instituição foi criada em 1938, estimulando o comércio e a cultura entre o Brasil, a Bélgica e o Luxemburgo.
A história da instituição se estende por mais de 80 anos, com solidez e bons negócios. O presidente Belgalux, Luis Carlos Szymonowicz, fala com exclusividade para o Diplomacia Business sobre esses caminhos até a atualidade, bem como as perspectivas futuras dessa grande rede.
Advogado, pós-graduado em Banking e Contabilidade pela Fundação Getúlio Vargas – FGV SP, Szumonowicz é também cônsul do Suriname no Brasil desde 2005. Apaixonado pelo Suriname e seu povo, o cônsul nos conta sobre esse país, que segundo ele, está preocupado “com a manutenção do meio ambiente e práticas sustentáveis, nos padrões mais elevados do mundo”.
Leia a entrevista:
Quais são as principais funções da Belgalux?
Luis Carlos Szymonowicz – A Câmara de Comércio e Indústria Belgo-Luxemburguesa-Brasileira no Brasil é uma associação sem fins lucrativos, que atua desde 1938 promovendo e estimulando as relações comerciais, econômicas e culturais entre o Brasil, a Bélgica e o Luxemburgo. A Belgalux, tem jurisdição em todo o território brasileiro, tem o intuito de promover e estimular as relações comerciais, econômicas e culturais em seus diferentes aspectos entre o Brasil, a Bélgica e o Luxemburgo, promovendo negócios em benefício de seus membros, bem como representar os seus interesses nas relações bilaterais.
Além disso, a Belgalux é uma rede de networking, matchmaking e information hub conectando empresas belgas e luxemburguesas no Brasil. Com isso, nosso objetivo é impulsionar o sucesso comercial, alavancando os seus negócios e contribuindo ativamente para um ambiente que possibilite seu crescimento econômico e de forma sustentável.
A Belgalux existe desde 1938, a que o sr. atribui a solidez e robustez da entidade?
Luis Carlos Szymonowicz – A história da Câmara de Comércio Belgo-Luxemburguesa no Brasil se confunde com o desenvolvimento do comércio e dos investimentos bilaterais entre estes países, sendo a sua origem marcada pela visita oficial ao Brasil do rei da Bélgica, Alberto I, em 1920. Nessa época, o então presidente brasileiro Arthur Bernardes tratava de atrair investimentos estrangeiros para a siderurgia no Brasil, o que coincidiu com um dos intuitos da visita do rei Alberto, que era a expansão do grupo Luxemburguês, Arbed.
Desta visita resultou o investimento do Grupo Arbed na Companhia Siderúrgica Mineira, em 1921, criando-se assim a bem-sucedida Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira. Desde então, a Câmara de Comércio sempre seguiu de perto todos os investimentos feitos entre a Bélgica, o Luxemburgo e o Brasil. Hoje, após quase 80 anos do início desse processo, a Câmara tem a grande satisfação de acompanhar também as empresas brasileiras na busca de posições de destaque no comércio mundial, ajudando-as no processo de identificar investimentos e negócios na Bélgica e no Luxemburgo.
A Belgalux inclui três países, porque foi dada essa opção de ser tricameral? Em que esse fato facilita as negociações e interações dentro da entidade?
Luis Carlos Szymonowicz – Entendemos que a sinergia entre BÉLGICA E LUXEMBURGO acontece não apenas no Brasil, mas em diversos outros países e regiões do mundo, onde esta parceria se desenvolve de maneira muito produtiva e construtiva. Devemos lembrar da importância vital e histórica de ambos não apenas no ambiente da UNIÃO EUROPEIA, mas especialmente em relação ao Brasil, tanto com acordos comerciais, tributários, econômicos, bem como nas mais diversas pautas de importação e exportação, assim como de cooperação técnica e científica. Assim, a combinação de esforços e proficiências dos três países só pode facilitar todo e qualquer ambiente de negócio e informações para nossos associados.
Houve mudanças no perfil dos membros da Belgalux, que hoje conta com empresários mais jovens e empresas de novos segmentos. Como tem sido essa mudança?
Luis Carlos Szymonowicz – Sim houve e continua havendo uma mudança bastante agradável no perfil dos membros da BELGALUX. Temos contado não apenas com o ingresso de jovens empresários, mas de empresas de várias localidades do Brasil, e de segmentos bastante distintos. Todos muito ávidos por colaborar e participar de um ambiente de troca de informações, conteúdos, atualizações e especialmente de experiências e capacitações distintas e em diversos níveis, o que é totalmente possível e desejável em uma Câmara de Comércio como a nossa, que conta tanto com profissionais e pessoas bastante experimentadas, como com associados com um perfil moderno e de vanguarda. Ou seja, uma troca muito produtiva e enriquecedora.
A Belgalux fechou acordos recentes com a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior do Rio de Janeiro (Funcex-RJ) e Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (FIA-USP). Qual a importância desses acordos?
Luis Carlos Szymonowicz – Estes acordos permitirão aos nossos associados acessar conteúdos técnicos e práticos do mais elevado padrão, tanto em termos de negócios, formação acadêmica, aplicação prática e orientação em negócios tanto no Brasil como objetivando mercados internacionais, assim como em matéria de comércio exterior, gestão e mitigação de riscos, entre tantos outros temas de alta relevância, e com vantagens econômicas e de prioridade para nossos associados apenas, tudo contando com a expertise e notoriedade das duas fundações FUNCEX e FIA (USP), seu corpo técnico e grupo de conselheiros.
Quais são as prioridades da Belgalux para 2022?
Luis Carlos Szymonowicz – A prioridade da BELGALUX em 2022 é seguir com uma pauta inclusiva e de sustentabilidade, atraindo membros de diversas origens e interesses para a Câmara, e sempre atentos às mudanças de cenários econômicos e comerciais locais e mundiais, e na expectativa de uma retomada de atividades presenciais com o maior controle da pandemia de Covid pela qual passamos desde 2020.
O sr. é cônsul do Suriname há alguns anos. O sr. poderia falar um pouco das características básicas do Suriname e nos fazer um balanço desse trabalho nesses anos?
Luis Carlos Szymonowicz – Fui nomeado como Cônsul da República do Suriname em São Paulo em 2005, e já se vão mais de 16 anos à frente da representação diplomática em meu Estado. Foi um desafio desejado e muito recompensador. O contato com outra cultura e costumes diferentes dos nossos. Um país com uma diversidade em seu meio ambiente. A descoberta de um povo tão hospitaleiro e gentil, o enorme potencial que o Suriname oferece e vem a cada vez mais se superando são fatores reais e que nos trazem muita alegria em referida missão.
Falar do Suriname é falar de um país de dimensões territoriais equivalentes ao Estado do Paraná, situado no Norte da América do Sul, com grandes extensões de florestas tropicais, antiga colonização holandesa, mas independente desde 1975. População de 600 mil habitantes. O idioma é o Holandês, mas grande parte da população fala o Inglês também. Uma democracia presidencialista.
O Suriname tem uma enormidade de recursos naturais, inclusive minérios, e mais recentemente uma das maiores jazidas de petróleo do mundo. Possui um IDH (índice de desenvolvimento Humano) e renda per capita bastante bons, e um potencial turístico e natural abundantes. É um país muito amistoso, com pessoas muito gentis e polidas, sempre muito solícitas e cordiais, com um “tempero” que mistura Caribe e América do Sul e que vale a pena visitar.
Há uma riqueza cultural, gastronômica e de sítios, tanto do período colonial, mas igualmente decorrente da grande influência étnica e racial (incluso África, Caribe e Ásia). Tem um clima tropical e agradável, uma biodiversidade incrível (típica da região amazônica). Uma preocupação com a manutenção do meio ambiente e de práticas sustentáveis, nos padrões mais elevados do mundo. A capital é Paramaribo, com estrutura de logística marítima, fluvial e aérea, rede de hotéis de padrão internacional e culinária local e internacional. Recebe voos regulares e diretos do Brasil (via Belém), bem como dos EUA e Europa.
Perfil: Luis Carlos Szymonowicz, presidente da Câmara Belgo-Luxemburguesa e cônsul da República do Suriname, em São Paulo – Brasil. É graduado e mestre em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP); pós-graduado em Banking e Contabilidade pela Fundação Getúlio Vargas – FGV SP; membro efetivo dos Comitês Consultivo, Legal, Fiscal e de Câmbio da Associação Brasileira de Bancos Internacionais (ABBI); vice-Presidente da Ordem do Advogados do Brasil – OAB/SP – Comissão de Relações Internacionais; membro do Conselho Tributário e também do Conselho de Relações Internacionais da Fecomércio. Foi professor voluntário na Faculdade de Direito da USP e atua na consultoria em diversos países ajudando empresas e governos para organizar, estruturar e conduzir os projetos empresariais.