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No meio do Atlântico, entre a África e o Brasil, Cabo Verde é um arquipélago que carrega no peito a força das ilhas e a delicadeza da alma crioula. Sua cultura é um mosaico vibrante de influências africanas, europeias e tropicais — onde a arte, a literatura e a música revelam histórias de migração, resistência e beleza.
Na arte, a cor é protagonista. Tchalé Figueira, pintor e poeta, mistura crítica social e surrealismo em obras que retratam a vida cotidiana com irreverência e emoção. Já Kiki Lima eterniza em telas coloridas as festas, os mercados e os rostos do povo cabo-verdiano. E Leão Lopes, além de artista plástico, é cineasta e defensor da identidade cultural das ilhas.
A literatura cabo-verdiana é profundamente marcada pela experiência da diáspora. Baltasar Lopes da Silva, com o clássico Chiquinho, foi um dos primeiros a retratar a vida insular e o desejo de partir. Germano Almeida, com humor e crítica social, narra a realidade de forma direta em obras como O Testamento do Sr. Napumoceno. E Orlanda Amarílis, uma das primeiras vozes femininas, revelou com sensibilidade a vivência da mulher crioula.
Mas é na música que Cabo Verde conquista o mundo. A morna, gênero melancólico e cheio de sentimento, foi eternizada por Cesária Évora, a “diva dos pés descalços”, com canções como Sodade. Tito Paris, com sua fusão de morna, coladeira e música popular, leva as raízes cabo-verdianas a novos públicos. E Mayra Andrade, com voz suave e moderna, representa a nova geração que mistura tradição e inovação.
Cabo Verde é saudade que canta, é cor que dança e palavra que permanece. Um pequeno país com uma imensa riqueza cultural que toca fundo, onde quer que chegue.