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Cinquenta anos após o estabelecimento de relações diplomáticas, iniciadas em 10 de junho de 1974, Brasil e Emirados Árabes Unidos celebram nesta segunda-feira (10) uma troca bilateral que avança para além das exportações e importações e colaborações diplomáticas. Alcança setores como turismo, cultura, educação, defesa e segurança e, nas palavras do embaixador dos Emirados em Brasília, Saleh Ahmad Salem Alzaraim Alsuwaidi, “representam apenas o início de uma jornada promissora”. Em entrevista exclusiva à ANBA, o diplomata destaca os principais pontos desta parceria e compartilha a visão do seu país para os próximos anos.
“Os Emirados Árabes Unidos figuram como um importante investidor no Brasil, com aportes que ultrapassam US$ 20 bilhões, principalmente em infraestrutura, energia, tecnologia e agronegócio. O Brasil, por sua vez, se destaca como o segundo maior investidor na área de real estate [imobiliário] nos Emirados Árabes Unidos”, exemplifica o diplomata, entre as áreas onde há ampla cooperação.
Alsuwaidi está à frente da Embaixada em Brasília desde setembro de 2020, após já ter ocupado cargos diplomáticos em Nova Délhi, na Índia, e em Berlim, na Alemanha, entre outros lugares. Foi cônsul-geral dos Emirados Árabes Unidos em São Paulo entre 2013 e 2016. Liderou a embaixada do seu país na Nova Zelândia entre 2017 e 2020. Voltaria ao Brasil, como embaixador, três anos depois.
Ele cita que a balança comercial entre Brasil e o seu país tem crescido ao longo dos últimos anos, sendo que em 2022, segundo dados da embaixada, a soma de exportações e importações alcançou US$ 5,7 bilhões, com aumento de 75% sobre 2021, ano em que o mundo ainda sentia os efeitos da pandemia decorrente da covid-19. Em 2022, sempre com dados da embaixada, as exportações brasileiras para os Emirados somaram US$ 3,2 bilhões e as importações, US$ 2,5 bilhões, tendo como principais produtos exportados carnes de aves, açúcar e carne bovina.
Diversificação da pauta econômica com os Emirados
“Para ampliar essa troca comercial para produtos de maior valor agregado, diversos setores brasileiros apresentam alto potencial de exportação para os Emirados Árabes Unidos, como indústria aeroespacial, hotelaria, produtos farmacêuticos, cosméticos e tecnologia”, afirma Alsuwaidi.
Além de olhar para os setores que podem se beneficiar de um incremento da parceria, o embaixador indica os formatos pelos quais esse incremento pode ser concretizado: “Vale destacar a intensificação de investimentos mútuos podendo impulsionar a diversificação da pauta comercial, com o desenvolvimento de joint ventures [parcerias] e a transferência de tecnologia. Além da participação em feiras e eventos internacionais, como a Expo 2020 Dubai, podendo aumentar a visibilidade dos produtos brasileiros com maior agregado no mercado dos Emirados Árabes Unidos e do mundo”, diz.
Avião chega com doações após mobilizar Emirados
Ao afirmar que os Emirados têm mais de US$ 20 bilhões investidos no Brasil, Alsuwaidi lembra que o País é o segundo maior destino dos investimentos dos Emirados na América Latina, é o maior destino das exportações dos Emirados na América do Sul e o segundo maior parceiro comercial dos Emirados nas Américas, atrás apenas dos Estados Unidos. No Brasil, os Emirados, seus órgãos públicos e privados têm participação em empresas de infraestrutura, produção de proteína animal e alimentação, entre outras.
“Os Emirados Árabes Unidos têm demonstrado um interesse crescente em investir no Brasil, principalmente em setores como infraestrutura, energia, agronegócio e turismo. Segundo a Camex [Câmara de Comércio Exterior], a evolução de investimento estrangeiro direto dos Emirados Árabes no Brasil mostra um forte crescimento a partir de 2015 com uma taxa média anual de 20%”, diz o embaixador.
‘Comunidade vibrante’
Desde 2007, a empresa aérea de Dubai, Emirates, voa entre Dubai e São Paulo, uma presença que cresceu no decorrer dos anos ampliando o número de voos e abrindo o Rio de Janeiro como mais um destino no País. Outra empresa aérea dos Emirados, a Etihad Airways, que hoje é comandada por um brasileiro, já voou entre Abu Dhabi e São Paulo entre 2013 e 2017. Ambas as empresas contam com brasileiros em seus quadros de funcionários.
Alsuwaidi observa, ainda, que uma comunidade brasileira “vibrante e crescente” vive nos Emirados, o que contribui para estreitar os laços entre os países. Mas avalia também que há poucos emiráticos vivendo no Brasil, o que abre oportunidades, pois “ao fortalecer os laços migratórios entre Brasil e Emirados Árabes Unidos, podemos construir um futuro ainda mais próspero e unido em povos amigos”.
Esse futuro compreende intensificar a colaboração em pesquisa e desenvolvimento, tecnologia e saúde e buscar soluções para “desafios globais”. Fomentar o turismo, a participação em eventos culturais e o intercâmbio entre profissionais também são formas de promover a intensificação das relações. “A celebração deste marco histórico é um convite para construir um futuro ainda mais próspero e benéfico entre os povos dos dois países”, diz.