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Por Maximiliano Reyes Zúñiga* e José Ignacio Piña Rojas**
Neste ano, o México celebrará o bicentenário da consumação de sua Independência, assim como o Brasil em 2022. Não há dúvida de que o relacionamento bilateral entre ambas as nações se fortaleceu ao longo de 187 anos de relações diplomáticas formais. Além disso, o México e o Brasil compartilharam vários espaços no âmbito regional e global, desde a antiga Associação Latino-Americana de Livre-Comércio (Alalc) ao G20 na atualidade.
Certamente que uma relação cada vez mais próxima seria benéfica para os interesses das duas nações e todo o conjunto da região. Pela dimensão de suas economias, tamanho de sua população, biodiversidade e patrimônio cultural, recursos e desenvolvimento, México e Brasil têm um papel incontornável na integração e unidade da América Latina e do Caribe, o que fortaleceria nossa posição no diálogo birregional com a União Europeia e com outras regiões.
O presidente Andrés Manuel López Obrador destacou, por ocasião do 238º aniversário do nascimento do Libertador Simón Bolívar, que as nações da América Latina vivem uma nova fase de irmandade, que se constrói com base no humanismo, na solidariedade, no progresso com justiça, na autodeterminação e no respeito ao direito alheio.
A crescente relação econômica entre México e Brasil tornou-se uma tendência, o que pode se transformar em relações políticas e de cooperação mais estreitas. Por essa razão, o México desenvolveu uma política externa pragmática com visão de longo prazo e independente de considerações ideológicas.
Ao aprofundar suas relações em todas as áreas, México e Brasil podem contribuir e unir esforços para avançar em direção a uma maior integração. Temos desafios acentuados pela atual conjuntura gerada pela pandemia. O México promove uma visão solidária para enfrentar a emergência sanitária, que se expressa na doação de mais de 1 milhão de vacinas contra a Covid-19 a Bolívia, Belize, El Salvador, Guatemala, Honduras, Jamaica e Paraguai.
Também foi reafirmada a importância da cooperação regional durante a pandemia. O Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz participaram virtualmente, no último dia 15 de abril, da reunião sobre “Desenvolvimento tecnológico de vacinas Celac contra Covid-19”, que teve como objetivo conhecer o estado do desenvolvimento de vacinas em diversos países da região. Desse encontro também participaram a Universidade de São Paulo, a Universidade Federal de Minas Gerais, a Universidade Estadual de Campinas e a Universidade de Brasília.
Ao longo de sua história, e com o objetivo de promover a paz e a segurança em nossa região, o México tem contribuído com diferentes iniciativas latino-americanas. O país impulsionou o estabelecimento de uma zona livre de armas nucleares com o Tratado de Tlatelolco, exemplo para o mundo.
Da mesma forma, ante os conflitos centro-americanos nos anos 1980, nosso país se comprometeu ativamente com os esforços de paz e reconciliação desde o Grupo Contadora, que resultou no Grupo do Rio (1988) como mecanismo pioneiro de diálogo e acordos políticos. Na Cúpula da Unidade da América Latina e Caribe convocada pelo México (2010), convergem o acervo e a tradição do Grupo do Rio com a contribuição da Cúpula sobre Integração e Desenvolvimento convocada pelo Brasil.
O chanceler Marcelo Ebrard elogiou a unidade demonstrada pela região diante da pandemia e destacou que “enfrentamos uma ameaça extrema e imprevista à segurança de nossas sociedades”. Diante disso, o México tem demonstrado solidariedade e compromisso com todos os países da região, promovendo ações de cooperação neste momento de crise global. O México e o Brasil podem somar e seguir sendo uma parte fundamental dos esforços de recuperação econômica da América Latina e Caribe após a pandemia.
*Subsecretário para a América Latina e Caribe do México
**Embaixador do México no Brasil