Getting your Trinity Audio player ready...
|
Para celebrar os 50 anos da relação de sucesso entre Brasil e China e dialogar sobre finanças Verdes, descarbonização e investimentos, a Editora 247 preparou um evento exclusivo, que foi realizado na manhã desta quinta-feira (1), no B Hotel, em Brasília (DF). No evento, estiveram presentes representantes do governo chinês, do governo brasileiro, além de dirigentes políticos, empresários e especialistas.
Em duas mesas de debates, os participantes debateram temas cruciais tanto para o Brasil quanto para a China, como investimentos da China no Brasil, desenvolvimento sustentável e exportações brasileiras para a China.
No discurso de abertura, o Assessor Especial da Presidência da República Federativa do Brasil, Celso Amorim, lembrou que as relações diplomáticas com a China tiveram início em agosto de 1974, quando o Brasil reconheceu a República Popular da China. Desde então, os países compartilham uma história de grande sucesso econômico e convergência geopolítica que moldou e continua a moldar o panorama internacional.
Na época, o governo Ernesto Geisel praticou uma política externa conhecida como “pragmatismo responsável”, cujo objetivo era conquistar mais autonomia externa através da diversificação das relações internacionais do Brasil, tidas como cruciais para o desenvolvimento nacional. Geisel acreditava que os dois gigantes tinham em comum o interesse por mais autonomia externa, precisando cooperar para construir uma ordem internacional multipolar que seria vantajosa para os dois países.
Lisonjeado em fazer parte de um evento de tamanha importância, Amorim disse que sua relação com o país asiático é forte e baseada em amizade, simpatia e vivacidade. Segundo o Assessor, os países, ao mesmo tempo que compartilham valores e objetivos em comum, conseguem fazer com que suas diferenças não sejam um empecilho para o fortalecimento cada vez mais crescente de suas relações mutuamente benéficas.
O Embaixador da República Popular da China, Zhu Qingqiao, iniciou seu discurso ressaltando que ao longo dos 50 anos, as relações entre os dois países avançaram de forma constante, tornando-se um exemplo de respeito mútuo, tratamento igualitário e cooperação vantajosa para ambos entre grandes ações em desenvolvimento.
China e Brasil, como membros importantes do sul global, colaboram de forma estreita em plataformas culturais como a ONU, a OMC, o BRICS e o G20, enfrentando juntos os desafios globais. “Ambas as partes atuaram juntas para a expansão do BRICS, divulgaram entendimentos comuns sobre uma resolução política para o Bloco na Ucrânia e contribuíram ativamente para a manutenção da paz e estabilidade mundiais, bem como para a justiça e a dignidade globais”, disse.
Como informado pelo diplomata, as relações entre os dois países já ultrapassaram o âmbito bilateral e estão sentindo cada vez mais influência estratégica e abrangente. Ao longo dos 50 anos, os interesses de desenvolvimento da China e do Brasil se entrelaçam profundamente. “A China é, há 15 anos consecutivos, o maior parceiro comercial do Brasil e atualmente é uma importante fonte de investimentos para o Brasil”, completou.
No ano passado, os dois países assinaram um documento de cooperação com a pobreza e este ano lançaram um projeto de demonstração de uma mecanização de agricultura familiar no estado do Rio Grande do Norte. Além disso, a China está apoiando ativamente a iniciativa brasileira de aliança global contra a fome e pobreza.
“A China e o Brasil estabeleceram uma subcomunidade de meio ambiente e mudança climática sul-oceânica e têm intensificado a cooperação em plataformas como uma base para promover conjuntamente a coordenação climática global e explorando oportunidades de transição energética”, prosseguiu Qingqiao. Para o futuro, o Embaixador acredita que as nações devem promover a globalização econômica de forma mais aberta e inclusiva, além de fortalecer os campos da economia digital, agricultura de baixo carbono e agricultura inteligente, biotecnologia, inteligência artificial,cooperação comercial, investimentos entre outros.
Zhu finalizou seu discurso dizendo: “Vamos cultivar a grande árvore das relações entre a China e o Brasil para que se tornem ainda mais fraternal e intensa para que o novo e grandioso capítulo de amizade sino-brasileira seja escrito por todos nós”.
Por sua vez, o Presidente da Apex Brasil, Jorge Viana, sublinhou as excelentes relações compartilhadas entre Brasil e China, que é o principal destino das exportações brasileiras. “Embora distantes geograficamente, os números referentes ao nosso comércio exterior são extraordinários e mostram o quanto uma relação comercial pode evoluir com base em um bom diálogo e respeito mútuo”.
Falou também sobre o projeto em conjunto dos dois países para construir ferrovia que se estende do Rio de Janeiro ao Peru, que poderá revolucionar a logística entre a América do Sul e a Ásia, abrindo novas rotas de comércio entre os dois continentes. Acredita-se que esta Ferrovia Transoceânica fortalecerá ainda mais a amizade entre as duas nações, ajudando a reduzir custos e tempos de transporte, proporcionando uma rota de exportação-importação que aumentaria o fluxo de mercadorias.
“Alguns anos atrás, as relações entre o Brasil e a China viveram um momento de crise, contornadas e retomadas pelo Governo Lula com o esforço conjunto de outros setores e órgãos do Governo Federal. Em 2023, as vendas brasileiras para o país ultrapassaram, pela primeira vez, o valor de US$100 bilhões, e a corrente comercial bilateral entre os países chegou a US$ 157,5 bilhões”.
Entre 2019 e 2023, o crescimento médio do valor exportado para a China (13,3%) superou o aumento médio da totalidade das exportações brasileiras para o mundo no mesmo período (11,3%). Nos últimos quatro anos, todas as principais exportações brasileiras para o mercado chinês tiveram crescimento médio positivo.
Na oportunidade, elogiou o Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro que tem sido extraordinário no trabalho de abertura de mercados de produtos brasileiros na China. “Para além de produtos como a soja, somos um grande fornecedor de petróleo para aquele país e um número significativo do fluxo de 2023 foi do referido recurso”, acrescentou.
De acordo com o Presidente da Apex, embora a China já seja uma importante parceira do Brasil, ainda há espaço para crescimento e diversificação da pauta exportadora, assim como expansão do setor de investimentos. No momento atual, a China é a principal investidora da Ásia no Brasil e a 8º maior considerando todos os países.
Tais investimentos estão alinhados com as chamadas Finanças Verdes, que buscam alinhar o fluxo de capital com objetivos de sustentabilidade ambiental e promoção de uma economia de baixo carbono. As Finanças Verdes são hoje o futuro das relações bilaterais entre Brasil e China.
Participaram do seminário: Zhu Qingqiao, Embaixador da China no Brasil; Celso Amorim, Assessor Especial da Presidência do Brasil; Jorge Viana, Presidente da Apex; Walfrido Warde, Presidente do IREE; Larissa Wachholz, Vallya Negocios e Investimentos; Aloizio Mercadante, Presidente do BNDES; Alexandre Baldy, Conselheiro Especial da BYD; Alexandre Silva D’Ambrosio VP, Executivo da Vale; Gilberto Xandó, CEO da JBS; Uallace Moreira Lima, Secretário de Desenvolvimento Comairia e Serviços; Alexandre Silveira, Ministro de Minas; Geraldo Berger, VP de Regulatory Science da Bayer para a América Latina; Paulo Roberto Britto Guimarães, Diretor-Presidente da BAHIAINVESTE; Lucas Kallas, CFO Fearo Mineração; Hsia Hua Sheng, Vice-presidente da Bank of China (Brasil) S/A e Roberto Perosa; Secretário de Comércio do Mapa.