Desde 1990, Alemanha comemora, em 3 de outubro, o Dia da Unidade Alemã, quando o país foi reunificado. Foi o ponto da virada. O embaixador da Alemanha, Heiko Thoms, explicou que a reunificação em 3 de outubro de 1990 selou formalmente o desejo dos alemães de viver como um só povo em um só país. “A Alemanha, desde então, tem vivido como país unido em uma Europa em paz”, afirmou o diplomata em entrevista exclusiva ao Diplomacia Business, onde fala sobre os judeus, reciclagem, educação, sustentabilidade, parcerias, economia circular e cinema.
Estima-se que hoje em dia vivam cerca de 200 mil judeus na Alemanha, que este ano celebra 1700 de vida judaica no país. “Isso é motivo de grande alegria para nós, depois da grande catástrofe nazista”, afirma o embaixador. Em seguida, comenta sobre o “hidrogênio verde”, ou seja, produzido a partir de energias renováveis, como a solar e a eólica. “O hidrogênio é essencial para a descarbonização, principalmente da indústria química e siderúrgica, mas também do setor de transporte”. A Alemanha já coopera com o Brasil em relação ao hidrogênio. “Aqui há condições extraordinárias para a geração de hidrogênio verde e a Alemanha não poderá suprir sozinha sua futura demanda de hidrogênio e, portanto, dependerá de importações”, adianta o diplomata.
De acordo com Heiko Thoms, o índice de reciclagem de embalagens de aço na Alemanha ultrapassa 90%. O uso de matérias-primas secundárias também alcança volumes significativos na produção de aço, com mais de 45%; na produção de papel são aproximadamente 74%; e na produção de vidro, 90%. “Antes, o que importava era apenas descartar o lixo. Agora, as pessoas perceberam que resíduos são matérias-primas valiosas que podem ser recicladas, aproveitadas para novos produtos ou pelo menos usadas como fonte de energia. E, claro, o melhor resíduo é aquele que nem sequer é gerado”.
Veja a entrevista completa do embaixador Heiko Thoms:
Diplomacia Business – Dia 3 outubro é o Dia da Unidade Alemã, Qual a importância da Virada ou Ponto de Virada, quando a República Democrática Alemã (RDA ou Alemanha Oriental) abriu mão de sua soberania unindo-se a República Federal da Alemanha (RFA)?
Embaixador Heiko Thoms – O importante ponto de virada foi a queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989. Com este evento histórico terminou não só a divisão entre as duas partes de Berlim e da Alemanha, mas também a Guerra Fria. O Muro de Berlim era um símbolo de um regime ditatorial no Leste da Alemanha que só podia sobreviver prendendo o povo, evitando, dessa forma, que as pessoas pudessem escapar para o Ocidente livre. Quando o Muro caiu, o desejo das pessoas de viver livremente e em um país unido era irrefreável. Isto foi claramente demonstrado pelas primeiras eleições livres na Alemanha Oriental em 18 de março de 1990. O povo votou claramente a favor da reunificação. Assim, o curso foi definido, e a reunificação em 3 de outubro de 1990 selou formalmente o desejo dos alemães de viver como um só povo em um só país. Ao mesmo tempo, a divisão da Europa em Leste e Oeste durante a Guerra Fria foi superada. A Alemanha, desde então, tem vivido como país unido em uma Europa em paz.
Este ano, celebra-se 1700 anos de vida judaica na Alemanha. O governo alemão está empenhado em apoiar as comunidades judaicas no mundo, inclusive apoia o Memorial do Holocausto no Rio de Janeiro. Como tem sido esse apoio?
Embaixador Heiko Thoms – A história dos judeus na Alemanha não começa com o Holocausto, mas remonta a 1700 anos, quando um documento do imperador romano menciona a comunidade de Colônia – aliás, hoje a cidade irmã do Rio de Janeiro. A presença de judeus na nossa terra é, portanto, uma realidade histórica e o legado deles é muito forte na filosofia, arte, ciência, medicina e economia alemã. Como disse o nosso Presidente “os judeus ajudaram a escrever e moldar a nossa história e a fazer a nossa cultura brilhar”. Estima-se que hoje em dia vivam de novo cerca de 200 mil judeus na Alemanha. Isso é motivo de grande alegria para nós, depois da grande catástrofe nazista.
O Governo da Alemanha está empenhado em ajudar as comunidades judaicas também ao redor do mundo. Por isso, também apoiamos com 100 mil euros a construção do Memorial do Holocausto na Cidade Maravilhosa. Os idealizadores do museu e nós do governo alemão esperamos conscientizar as gerações atuais sobre o horror do Holocausto e as lições para um futuro mais pacífico e justo para todos. Está inscrito no Memorial o mandamento “não matarás”, hoje em dia tão relevante quanto no passado. Com a localização proeminente do Memorial no Morro do Pasmado em frente ao Pão de Açúcar, ele terá uma presença muito visível na vida da cidade. Espero que especialmente muitos jovens o visitarão quando abrir as portas para o público em geral.
A Alemanha se tornou o primeiro país do mundo a planejar o fim dos automóveis movidos a gasolina. O país investe em pesquisas de tecnologias inovadoras. Como estão os avanços em sustentabilidade nos setores econômicos na Alemanha?
Embaixador Heiko Thoms – A “economia verde” está ganhando espaço no mundo todo. Precisamos de uma transformação global das nossas economias rumo à sustentabilidade, para combater às mudanças climáticas e a perda da biodiversidade e, ao mesmo tempo, reduzir a pobreza e a desigualdade social. A União Europeia e a Alemanha investem muitos bilhões de euros na transformação da indústria, do tráfego, energia, construções e agricultura, com o objetivo de zerar as emissões.
O governo federal alemão apoia os setores industriais e as empresas de diversas maneiras, para que se adaptem a esses desafios. O objetivo é também manter a longo prazo uma economia e uma indústria sólidas, internacionalmente competitivas e neutras para o clima na Alemanha como polo econômico. Para o êxito de um desenvolvimento sustentável contribuem tanto os grandes conglomerados industriais alemães como as pequenas e médias empresas e estabelecimentos, que são numericamente predominantes.
Como um exemplo atual da transformação econômica, quero abordar o tópico “hidrogênio verde”. O governo federal alemão disponibilizou 8 bilhões de euros para projetos nessa área. O hidrogênio é essencial para a descarbonização, principalmente da indústria química e siderúrgica, mas também do setor de transporte. Em relação ao hidrogênio, aliás, também trabalhamos em estreita cooperação com o Brasil, porque aqui há condições extraordinárias para a geração de hidrogênio verde e a Alemanha não poderá suprir sozinha sua futura demanda de hidrogênio e, portanto, dependerá de importações.
Um outro exemplo já foi citado pela senhora, o setor automotivo. Esse setor tem de lidar, como praticamente nenhum outro, com os desafios da mudança estrutural: rumo à eletrificação dos sistemas de propulsão, à direção conectada e a uma produção digitalizada. Os efeitos daí resultantes também influenciarão de forma decisiva a Alemanha como polo industrial.
Fabricantes de veículos alemães são líderes do mercado mundial e importantes impulsionadores de inovações. Nesse sentido, é de vital importância para nós que nossos fabricantes de veículos e seus fornecedores também liderem as tecnologias e áreas de negócios que determinarão a competitividade e a mobilidade do futuro. O governo federal alemão está disponibilizando cerca de 5 bilhões de euros para moldar a transformação nesse setor, seja, por exemplo, na construção de infraestrutura de carregamento para veículos elétricos ou com apoio financeiro para a aquisição desses carros.
A economia circular, conceito que associa desenvolvimento econômico a melhor uso de recursos naturais, vem sendo tratada como prioridade nos países desenvolvidos. Como a Alemanha está utilizando os recursos naturais de forma inteligente¿ Que exemplos de economia circular a Alemanha pode dar para outras nações?
Embaixador Heiko Thoms – Como nação industrializada densamente povoada, a Alemanha depende particularmente da garantia de disponibilidade de recursos. A proteção, o uso econômico e o reaproveitamento de recursos são de grande importância para a indústria que, com o desenvolvimento e uso de modernas tecnologias, ao mesmo tempo também presta uma contribuição determinante para a realização desses objetivos.
Diante do cenário de um consumo crescente de matérias-primas no mundo inteiro e da finitude de inúmeras matérias-primas primárias, as matérias-primas secundárias ganham um destaque ainda maior. A Alemanha desempenha um papel pioneiro na exploração dessa fonte de matérias-primas. O índice de reciclagem de embalagens de aço na Alemanha ultrapassa 90%. O uso de matérias-primas secundárias também alcança volumes significativos na produção de aço, com mais de 45%; na produção de papel são aproximadamente 74%; e na produção de vidro até mesmo 90%.
Antes, o que importava era apenas descartar o lixo. Agora, as pessoas já perceberam que resíduos são matérias-primas valiosas que podem ser recicladas, aproveitadas para novos produtos ou pelo menos usadas como fonte de energia. E, claro, o melhor resíduo é aquele que nem sequer é gerado. Por isso, evitar resíduos também ocupa o primeiro lugar na chamada hierarquia dos resíduos, que forma a base da legislação sobre economia circular da União Europeia e da Alemanha. Afinal, a gestão eficiente de recursos requer um claro marco legal.
Do ponto de vista bem prático, desde julho de 2021, produtos descartáveis de plástico estão proibidos em toda a União Europeia. Ou seja, copos de café “para viagem”, talheres descartáveis ou canudos de plástico não podem mais chegar ao mercado. Mesmo as cadeias de fast food deverão oferecer futuramente embalagens reutilizáveis. Esse é um passo importante contra o grande volume de lixo plástico que, no fim, costuma ir parar nos oceanos.
Para nós, também é relevante que empresas já considerem o ciclo completo de vida do material desde o design dos seus produtos. Para isso, temos padrões ecológicos de design válidos em toda a União Europeia. Mas não apostamos somente em normas. Existem ainda vários outros incentivos, por exemplo, o Ecodesign, prêmio do governo federal alemão como o qual promovemos inovações sustentáveis. Um dos últimos vencedores da indústria da moda desenvolveu um processo inédito para fabricar outra vez novos tecidos e roupas resistentes usando restos velhos de jeans.
Na Alemanha, nas últimas décadas, desenvolveu-se um setor de descarte de resíduos eficiente, com ao todo cerca de 250 mil empregos e um faturamento anual em torno de 50 bilhões de euros. Esse setor dispõe de alto know-how técnico e conta com as mais diversas experiências. Diante disso, existe grande interesse por parte das nossas empresas alemãs em ajudar o Brasil a ajudar sua tarefa nesse campo.
A embaixada da Alemanha criou um cine clube de cinema. Com a pandemia, as sessões agora são online, com acesso limitado a 2 mil pessoas. Quais os próximos filmes que serão apresentados e qual a importância dessa atividade?
Embaixador Heiko Thoms – a embaixada tinha uma tradição de sempre mostrar um filme alemão na nossa sala de cinema nas últimas quintas-feiras do mês. Na pandemia, precisamos infelizmente interromper o acesso público à embaixada, que ainda não foi liberado. Para manter esta tradição viva, começamos em agosto com a série “Cinema em casa”. Nossa ideia é mostrar filmes que possam interessar a um público maior, um “blend” de filmes atuais, históricos e políticos. Até hoje mostramos os filmes “Fábrica de sonhos” e “O poder da voz”. Os próximos filmes serão “Wackersdorf”, “Invasores” e, para terminar a série, “Western”. Espero que depois das férias de janeiro possamos abrir de novo nossa sala de cinema para eventos presenciais.
O Brasil é um importante parceiro da Alemanha. A cooperação bilateral é diversificada, abrangendo áreas como energia, meio ambiente, desenvolvimento sustentável, ciências, economia e cultura. Como está hoje essa cooperação?
Embaixador Heiko Thoms – Entre a Alemanha e o Brasil existe uma intensa parceria voltada ao desenvolvimento sustentável, à proteção do clima e do meio ambiente. Desde os anos 90, o governo federal alemão vem apontando o Brasil na conservação das florestas e no seu uso sustentável. No passado, políticas ambiciosas para a proteção das florestas e do clima foram implementadas do lado brasileiro. Elas proporcionaram ao Brasil fama e reputação no mundo inteiro como campeão da proteção do clima.
Gostaria de citar alguns exemplos: em 2008, o Brasil lançou o primeiro mecanismo nacional de financiamento para pagamentos por desmatamento evitado, baseados em resultados. Esse mecanismo foi financiado pela Noruega e pela Alemanha com mais de 1,2 bilhão de dólares. O Brasil aprovou um Código Florestal que limita e controla o desmatamento em áreas privadas, em biomas que precisam ser protegidos. A proteção das florestas é monitorada por imagens de satélite em tempo real; o IBAMA pode — se tiver recursos humanos suficientes — deter e punir a extração ilegal de madeira.
Torço muito para que o Brasil consiga retomar esse caminho. Temos consciência da nossa responsabilidade como nação industrializada e estamos dispostos a dar continuidade ao diálogo entre parceiros e à cooperação, se o Brasil também estiver novamente disposto a configurar sua meta de zero desmatamento até 2030 de um modo mais concreto e orientado para resultados. O ano de 2030 já é amanhã.
Tem a parceria no setor de energias renováveis…
Embaixador Heiko Thoms – Nos últimos anos, o Brasil ampliou enormemente as energias renováveis além da energia hidrelétrica. E ainda há muito o que fazer: até 2030, a capacidade instalada de usinas fotovoltaicas deverá ser mais que quadruplicada, atingindo 24,5 GW; além disso, o Brasil planeja dobrar a capacidade em energia eólica e quase triplicá-la em usinas solares industriais.
Fico feliz em poder dizer que apoiamos o Brasil nesse caminho já desde 2008. Foi com financiamento alemão que alguns dos primeiros parques eólicos foram financiados, entre outros, no Sul do Brasil. A usina solar instalada na cobertura do Estádio Mineirão, em Belo Horizonte, tornou-se, sem dúvida, o projeto de cooperação Brasil-Alemanha mais visível na Copa.
E o interesse na cooperação existe de ambos os lados. No âmbito da Parceria Energética Brasil-Alemanha, ambos os lados se beneficiam com o intercâmbio técnico e o diálogo. Além disso, surgem chances de mercado para fabricantes alemães. Atualmente, a questão da capacitação e aperfeiçoamento profissional para a operação e manutenção das usinas é um tema relevante para o Brasil. Nesse campo, há grande interesse, evidentemente, no sistema alemão de formação profissional dual.
Existe também a cooperação em pesquisas.
Embaixador Heiko Thoms – Quase todas as importantes instituições de pesquisa e a maioria das universidades alemãs desenvolvem projetos de cooperação com o Brasil. Os grandes promotores de pesquisa, como a Sociedade de Pesquisa Alemã, Fraunhofer, DAAD e a Fundação Alexander von Humboldt, estão muito bem interligados e participam de inúmeros projetos. Aproximadamente mil projetos de cooperação científica ligam o Brasil e a Alemanha – somente o Ministério Federal da Educação e Pesquisa da Alemanha apoiou em 2020, em cooperação com o Brasil, 58 projetos em andamento; 51 deles são projetos de pesquisa e sete são projetos dedicados à sondagem, conexão e construção de estruturas de pesquisa. Em 2020, os projetos receberam apoio do Ministério da Educação alemão no valor total de 9,7 milhões de euros.
A Alemanha é um lugar muito atrativo para os estudantes universitários brasileiros. A reputação cientifica atrai estudantes brasileiros, bem como a orientação de ensino para a vida prática, o fato de as faculdades estarem muito bem equipadas na área de pesquisa e o acesso às mais modernas tecnologias. Também o intercâmbio acadêmico está sendo intensificado nas áreas de ciências humanas e sociais entre a América Latina e a Alemanha. Temos, em São Paulo, o Instituto Merian para Ciências Humanas e Sociais e, em Porto Alegre, o Centro de Estudos Europeus e Alemães, vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul e à Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
O renomado Centro Alemão de Ciências e Inovação em São Paulo não representa apenas as instituições de pesquisa e universidades alemãs no Brasil. Ele é ao mesmo tempo uma plataforma única para promover o intercâmbio acadêmico e interligar cada vez mais os sistemas de inovação dos nossos países. Podemos citar o Diálogo anual Brasil-Alemanha sobre Ciências, Pesquisa e Inovação, quando renomados pesquisadores dos dois países trocam ideias.
Na área cultural, a pandemia dificultou bastante nossa cooperação bilateral. Concertos, festividades como a data nacional da Alemanha, a Semana da Língua Alemã em junho, os cursos do Instituto Goethe – tudo teve que ser transmitido pela internet. O governo alemão apoiou 18 projetos culturais para dar uma perspectiva de sobrevivência aos artistas que não puderam se apresentar – de grupos de dança a associações culturais.
Uma experiência muito boa neste ano foi a união dos centros culturais francês e alemão, a Alliance Française e o Instituto Goethe, em instalações conjuntas em Brasília – mais rápido do que no Rio, onde a criação de um instituto franco-alemão não foi tão rápida como esperávamos devido à situação imobiliária.
A Alemanha doou 1 milhão de euros (mais de 6 milhões de reais) para a reconstrução do Museu Nacional do Rio e esperamos que passo a passo muitos tesouros sejam conservados. Felizmente, os institutos Goethe conseguiram atrair muitos alunos e poderão sobreviver, tal como as escolas alemãs ou teuto-brasileiras, que tiveram de inventar novos métodos pedagógicos na crise. Espero que no ano que vem nós possamos oferecer mais eventos presenciais e intensificar a cooperação cultural novamente.
Perfil do embaixador Heiko Thoms
Antes de chegar ao Brasil, Thoms foi representante Permanente Adjunto da Alemanha no Conselho do Atlântico Norte, Bruxelas. Durante quatro anos, de 2013 a 2017, foi embaixador e representante permanente adjunto da Alemanha nas Nações Unidas, em Nova Iorque. Foi também vice-chefe e depois chefe de gabinete do Ministro das Relações Externas, em Berlim.
Anteriormente, foi conselheiro de Política Europeia, no Parlamento Alemão, em Berlim; representante do embaixador da Alemanha no Comitê Político e de Segurança da União Europeia, em Bruxelas; e cônsul na embaixada da Alemanha em Teerã. Exerceu cargos de liderança internacional, como membro ilustre do East West Institute; vice-presidente do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas; vice-presidente da UN Women (Conselho Executivo da Divisão para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres das Nações Unidas); e vice-presidente do Conselho Executivo do Fundo das Nações Unidas para a Infância UNICEF. Maratonista, o embaixador Thoms é casado com Anahita Thoms, advogada de comércio internacional. O casal tem dois filhos.
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